Órfã de mãe desde os cinco anos de idade, Marcela Gaspar Raj,foi criada pela empregada da família Suzana, pela qual tem um carinho imenso e a recíproca é verdadeira. Seu pai Marcelo Gaspar Raj, sempre foi um homem muito bem sucedido em seus negócios...
Marcela Ambos choramos muito e eu não podia acreditar que o meu pai tinha chegado ao ponto de ameaçar alguém,muito menos o Lucas... não deixei nem ele se explicar.- me lamento. Sou puxada novamente para a realidade quando meu pai começa a passar mal e os aparelhos ligados a ele começam a fazer muito barulho. Rapidamente o quarto de enche de enfermeiras(os) e médicos que me colocam para fora do quarto para atendê-lo.
Uma hora depois...
Médico - Familiar de Marcelo Gaspar Raj?
Marcela - Oi,sou filha dele!
Médico - Bom o quadro do seu pai era muito sério. Ele teve três paradas cardio respiratórias,nós conseguimos trazê-lo de volta nas duas primeiras,mas infelizmente ele não resistiu a terceira.- ela chora.- Eu sinto muito!
Marcela O médico permitiu que eu o visse,foi muito triste. Entrei e ele estava coberto por um lençol branco,achei que eu só veria essa cena em filmes...descobriram o rosto dele para que eu pudesse vê-lo. Seu semblante era sereno,como se estivesse dormindo o sono dos anjos. Encosto minha testa na dele.- Acho que nós dois erramos ao não nos fazermos entender,ambos esperamos coisas um do outro e nos decepcionamos... talvez eu nunca tenha te entendido e você talvez nunca tenha me conhecido direito,então creio que nós dois merecemos perdão.- beijo seu rosto frio e choro.- Descansa em paz,te amo pai! Os dias seguintes depois disso foram horríveis,liberar o corpo,tratar com funerária,velar,sepultar e ainda sem contar todos os trâmites dos bens. Definitivamente ninguém merece passar por isso.- Agradeço a todos por terem vindo! Mãe,a casa que meu pai deixou é sua...
Suzana - Eu não posso aceitar,eu...
Marcela - Já passei para o seu nome, não adianta não aceitar!- ela ficou surpresa.- Estevan, preciso que você toque a empresa como se fosse sua, você vai assumir o cargo do meu pai,todas as decisões são suas e eu confio que você saberá conduzir como meu pai sonhou. A equipe é boa,a Vivi estará ao seu lado para te ajudar. Você dará esse valor (mostro o papel para ele) mensalmente para minha mãe para as despesas dela,eu sou acionista majoritária, então qualquer mudança exige minha aprovação...
Estevan - Eu agradeço imensamente a confiança,mas não sei se estou a altura...
Marcela - Você foi o braço direito do meu pai por anos, por que não estaria a altura?- ele acabou concordando. Precisei ficar uns dias afastada do trabalho para poder resolver tudo...
Mel - Não fica triste mamãe! O vovô foi morar lá com papai do céu.
Marcela - sorrio de canto.- Eu sei filha, obrigada!- a abraço. Apesar do meu abatimento,achei melhor não tirar a Mel da rotina dela, então a levei na escola todos os dias. E em uma tarde,tudo o que meu pai me disse no leito de morte me fez lembrar do Lucas e não tive como não chorar. Corri até o meu quarto e peguei na minha bolsa o papel que o Lucas me deu. Abro aquele pedaço de papel e encontro o desenho da planta de uma casa, nele tem a letra e a assinatura do Lucas e a data é de quase cinco anos atrás e nele estava escrito "a nossa casa". Choro de felicidade,ele nunca teve a intenção de me deixar e até desenhou a nossa casa como eu havia sugerido. Me arrumo e ligo para a mãe,peço para ela buscar a Mel na escola e vou até o prédio onde ele mora mas o porteiro informa que ele não está,atravesso a rua e me sento no meio fio da calçada,fico ali por cerca de uma hora e meia mas, nenhum sinal dele. Pego um ônibus e me vejo novamente no lugar onde tive os melhores momentos da minha vida,na antiga casa do Lucas. Lembro do nosso último encontro,de tudo o que ele disse ou tentou dizer,pego o papel com o desenho da casa e olho com carinho.
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Fico imaginando como tudo seria diferente se o meu pai não quisesse ser tão "perfeito" o tempo todo e se soubesse o significado real da palavra "amor".
