Chevreuse

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Assim que saíram pela janela, Chat Noir jogou o miraculous da borboleta para ela e se afastou usando o bastão para ir o mais rápido que podia sem qualquer direção definida. Ladybug tentava se aproximar, mas ele era rápido demais. Queria que ele estivesse indo para um lugar conhecido, como a Torre, mas ele estava se afastando do centro de Paris. Mas ela colocava todo esforço para segui-lo. E por mais que o chamasse ele não diminuía o ritmo com o qual se afastava.

Mas quanto mais se afastavam do centro mais complicado ficava para ela. Chat usava o bastão para estender e bater no chão impulsionando ou o girava sobre a cabeça reduzindo a velocidade de queda mas ela precisava de lugares mais altos para poder laçar o ioiô e usar o balanço para se mover. Estavam longe demais do centro, já tinham saído de Paris e passado por Versalhes, não havia mais construções altas e próximas o suficiente para que ela usasse o ioiô e correndo, nunca o alcançaria. A distância entre eles começou a aumentar até que ela não pode mais vê-lo. Abriu o ioiô apenas para ver o sinalizador mostrando a direção para a qual rumava. Então, uma chamada.

Chat Noir: -Preciso de um tempo, sozinho, My Lady, por favor. - Abriu a tela para ver onde ele estava, Parc naturel régional de la Haute Vallée de Chevreuse. Aquela era uma área de conservação, nunca conseguiria caçar Chat Noir no meio das árvores se ele não quisesse ser encontrado. Porra eles tinham corrido cerca de quarenta quilômetros se afastando de Paris! Viu o sinal do sinalizador sumir, ou ele tinha desligado, ou desfeito a transformação.

Se queria ficar sozinho, quanto mais o procurasse, mais ele se esconderia, ainda assim não se sentia nem um pouco confortável dado as costas e indo para Paris. Usou o ioiô para deixar um recado. "Chat ... estou voltando para Paris, para entregar o miraculous para o Mestre Fu e conversar. Por favor, me avise quando estiver de volta. Caso não me ligue até as quatro vou atrás de você na reserva."

[...]

Chat Noir só parou de se afastar com o bastão quando já não podia ver mais Ladybug desde o momento que entrou pela janela no esconderijo de Hawk Moth tinha a sensação que não conseguia pensar. Tudo que viu e ouviu estava ao mesmo tempo tão distante e tão perto! Não havia erro, ou confusão era tudo da forma que tinha visto. Viveu esse tempo todo procurando um criminoso que era o próprio pai! Claro que entendeu o que ele queria com o poder absoluto!

Quando teve certeza que estava sozinho, perdido no meio do mato parou e desfez a transformação, Plagg não fez nenhum brincadeira ou gracinha, simplesmente escondeu-se no bolso sem saber o que falar e ciente que ele não queria que falasse nada.

Como raios iria voltar para casa e olhar para a cara do pai e fingir que não sabia de nada?! E o que diabos a mãe tinha a ver com tudo isso? Como ela sabia que o miraculous do pavão e o livro estavam no cofre? ... Puta merda! Ele já tinha visto aquele broche inúmeras vezes, ela usava sempre! Mas na época ele não tinha nenhuma ideia que pudesse ser um miraculous, ele nem sabia que eles existiam! Talvez ... talvez ela tivesse o miraculous da borboleta o tempo todo e quando sumiu, Gabriel decidiu usá-lo!

E Gabriel irá emancipá-lo? Oh caralho, estava no primeiro ano! Queria ter problemas normais de alguém da idade dele, um cara que olhasse para Marinette o fazendo sentir ciúmes, as dúvidas do que gostaria de fazer no futuro, que curso deveria escolher, se poderia ou não fazer a próxima viagem das férias de verão! Queria beber, porra, devia ter bebido até ficar de porre em alguma festa! Nunca se sentiu tão sozinho e tão perdido. Como foi feliz quando seu maior problema tinha sido falar merda para Marinette na festa da primavera, e tomar uma surra da Ladybug! Ou o fato de não poder ter uma festa de aniversário com um garoto da idade dele! E depois que o pai resolvesse os papéis em relação a ele... O que iria acontecer com Gabriel Agreste? Por quanto tempo iria preso? O que significavam os apagões que ele disse ter? Aquilo parecia ... algum distúrbio de personalidade, se fosse verdade. Mas Hawk Moth pareciam em um beco sem saída, a cara que Gabriel Agreste fez quando jogou aquele broche... parecia estar se livrando de um fardo! Talvez alguma coisa daquilo fosse mentira, mas não podia acreditar que Gabriel tinha mandado um akuma, que tinha controlado Nathalie consciente do que fazia, para, no dia seguinte, entregar o miraculous dele, quase sem demandas, para Ladybug. Naquele momento ele só queria se livrar do miraculous... E será ... que a mãe iria aparecer como se nada tivesse acontecido? O que diria? Que histórias inventaria e quais as verdades escolheria contar? O vídeo que Gabriel mostrou a eles provavelmente não mostraria a Adrien. O que Gabriel lhe diria sobre a mãe? Ele seria preso ou institucionalizado e só depois ela apareceria, e qual credibilidade Gabriel teria, então, para dizer qualquer coisa? Com certeza ele guardaria aquele vídeo como a última carta, o último trunfo, se fosse verdadeiro. E quanto mais tempo especulava sobre o que aconteceria a partir dali, apenas surgiam mais dúvidas e incertezas. Rezava para que Nathalie ficasse boa logo, iria pedir que Marinette a ajudasse como Ladybug. Em algum momento, começou a ficar com fome, mas não se importou muito com isso. Algum tempo depois, o celular tocou, viu que era o pai. bloqueou a chamada e desligou o aparelho. Ele poderia ligar para Marinette para procurá-lo e ela poderia dar alguma resposta pensada por ele.

A vontade era ficar por ali, até que tivesse alguma ideia do que fazer e para onde ir, mas sentia que iria demorar um bom tempo até que ele soubesse. Ladybug já deveria ter voltado e entregue o miraculous da borboleta para o Mestre Fu. Será que ela tinha contado já que Hawk Moth era o pai dele?

Oh a vontade que tinha era de sumir por ali, jogar o anel no rio pegar o primeiro ônibus que visse e depois sair da França para algum lugar onde não soubessem quem era para poder viver uma vida normal. Mas suas fotos estavam nas revistas pela Europa. Deus! Nunca pediu para ser Agreste! As únicas pessoas que o prendiam ali eram Marinette, Nino e Alya... A imagem que tinha da mãe virou algo confuso e mais distante do que antes, o pai era um criminoso e Nathalie... não sabia quando melhoraria e nem o que ela sabia sobre as coisas que o pai tinha feito... Porque seria bem difícil Gabriel ter escondido tudo isso dela esse tempo todo. Gustav era um rosto conhecido, mas nunca trocou mais do que meia dúzia de palavras com ele. Era tentador simplesmente sumir, porque estava tão cansado!

[...]

Marinette estava na casa do Mestre Fu e tomava a caneca de chá que ele lhe serviu enquanto explicava o que tinha ocorrido.

-Então, Hawk Moth disse que ele não havia criado alguns akumas, inclusive o último, a Catalyst. Ele disse ter tido apagões. Deu a entender que não foi ele que fez algumas coisas, mesmo tendo sido. Mas é toda a família que Adrien tinha, não consigo imaginar o quão horrível foi a descoberta que Hawk Moth era Gabriel Agreste e ver a Emilie no vídeo pegando o miraculous no cofre... Eu concordei com ele na hora, com o prazo, mas foi mais para sair dali com o Chat Noir. O que devemos fazer Mestre Fu?

O miraculous da borboleta já estava dentro da caixa dos miraculous. Logo o Mestre Fu conversaria com Nooroo.

-Eu tenho que explicar várias coisas para vocês dois, na verdade, para Rena Rouge, Queen Bee e Carapace também. Mas primeiro é melhor conversar só com vocês dois, juntos. Por enquanto, Marinette não se preocupe com Gabriel Agreste, sem o miraculous não há nada que ele possa fazer. Emilie Agreste não deve aparecer também, ou tão cedo. Ela ficou anos com os dois miraculous sem deixar pistas agora que Gabriel sabe sua identidade como Mayura/ Le Paon não poderá aparecer, muito menos perto de Adrien ou provocaria alguma reação de Gabriel. De algum tempo a ele, vamos esperar que volte.

-Pensei em fazer uma visita a Nathalie enquanto espero, como Ladybug. Você acha razoável Mestre Fu? - A verdade é que Marinette não conseguia ficar parada esperando algo. Ela queria fazer alguma coisa para melhorar algo, a sensação de não conseguir fazer nada para ajudar, era um desalento.

-Melhor esperar pelo menos um ou dois dias, Marinette, o quadro dela não é estável? A pressa é a madrinha do arrependimento, Marinette.

[...]

Marinette voltou para casa depois de passar no Mestre Fu, Gabriel Agreste ligou para ela para perguntar onde estava Adrien e ela disse que ele em breve iria se encontrar com ela. Não poderia dizer nada, que pudesse levantar qualquer suspeita sobre qualquer coisa. A última vez que ela e Adrien tinham realmente falado com Gabriel Agreste havia sido na quinta a noite, Quando Emilie apareceu no evento de moda. Já era quase quatro da tarde e ela ainda não tinha notícias de Adrien, já estava se perguntando se deveria ligar ou se iria direto atrás dele quando o telefone tocou.

-Oi.

-Oi, e aí? Está ... melhor? Onde você está?

-Não sei. Voltando para sua casa.... Me diz que tudo isso foi só um pesadelo...

-Não dá... Oh Adrien! Vem logo para cá!

Quando ele chegou, foi pela sacada, não queria bater na porta dizer "oi" para os pais dela. Ele não desfez a transformação só foi até ela, agarrando forte em um abraço necessitado. Como se fosse a única pessoa que lhe tivesse restado. Bem... que família dos infernos, Agreste! Mesmo de máscara as marcas no rosto deixavam óbvio que havia chorado e com tudo que tinha aparecido para ele nos dois últimos dias, quem não? O pai era Hawk Moth e no fim do dia ele deveria ir para casa como se nada tivesse acontecido e dormir lá! Eles saíram juntos pela sacada, direto para casa do Mestre Fu, na imediações voltaram as forma civis.

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