- Nossa, e depois ainda vieram todas as minhas análises e impressões e minha defesa contra todo tipo de manifestação contra esse poema ser romântico...você aguentou mesmo ler tudo isso na época?
- Claro que sim. Você inclusive falou a história do livro onde tem esse poema, "Flores do Mal". Isso eu não podia esquecer...só...deve estar aqui...calma...
Começou a levantar apenas um pouco os calhamaços de papel que estavam na gaveta.
- Eu sei que guardei aqui. Ah, aqui...
Puxou debaixo daquele monte de papéis um pequeno livro de bolso "Flowers Of Evil" by Charler Baudelaire.
- Como eu não teria lido e compraria essa beleza aqui?
- Na verdade... - Ally falou apontando com o indicador para a têmpora. - Eu lembro que você respondeu essa carta dizendo que eu parecia "uma mulher interessante" e que eu havia "conquistado a sua curiosidade" e por isso você comprou o livro...
- Droga...não posso competir com a sua memória mesmo, não é?
- Posso fingir não lembrar de algumas coisas...
Ele folheou o livro.
- É...seria muito estranho se eu contar em alguma entrevista que você me conquistou com "Uma Carniça"? sem fazer as aspas?
- Seria muito estranho e com certeza você iria se divertir explicando para o entrevistador de queixo caído. Mas até entenderem que não fui eu quem te enviou um esquilo morto...
- É...vou procurar lembrar disso na próxima vez...
- Podemos contar isso para as crianças...o que acha?
- "Como Criar Filhos Traumatizados" por Ally...Ally...Ally Reedus? Ou Ally Franco de Camargo? Ou Ally Franco-Reedus?
- Vamos esquecer sobrenomes, por enquanto...
- Não, não era no sobrenome que eu estava pensando. Só lembrei...eu pedi para você casar comigo quantas vezes até agora? Três?
- É para eu fingir ou posso me lembrar normalmente agora?
- Pode lembrar normalmente...
- Três: duas vezes quando estávamos em NY, primeiro naquela festa que fomos com o Sean e a Nay, a outra quando você me levou para aquele passeio de moto em Breakneck Ridge...e uma quando mudamos para cá.
- E quantas você aceitou?
- Tá brincando? Eu aceitei todas as vezes. Só que nunca mais falamos a respeito.
Ally voltou-se para os papéis.
- Essa carta é muito longa...todas são. Não acredito que você leu tudo isso...e mais impossível acreditar que você lia outras cartas de outras fãs no meio. Entre toda essa correria de gravações...
- Nah, não é nada tão difícil. E além do mais, cartas para ler é o que menos chegavam, e a maioria das cartas eram mais....visuais. A maioria eram palavras carinhosas e desenhos. Vinte páginas por envelope acho que era só você e mais umas 4 ou 5 que chegavam bem menos frequentemente.
- Mas eu trapaceava, também. Eu escrevia várias cartas em vários dias e enviava tudo de uma vez.
- Eu sei. Algumas vezes o envelope tinha quase 30 páginas, está tudo bem aqui. Você está fugindo do assunto...
- Estou mesmo. Mas agora está tão gostoso, tão pacífico, precisamos mesmo falar disso?
Ele olhou para a frente e depois baixou o olhar em silêncio enquanto guardava as cartas dentro da gaveta de volta.
- Eu devo ser o único homem que só falta implorar para ter um casamento.
- Shoo...não é isso. Não é que eu não quero, mas...não tenho ideia nem de onde tiraria fôlego para uma coisa assim agora. Eu não sei nem como consegui organizar uma festinha de aniversário pro Ian, pelo amor de Deus! Não sobra muito espaço agora, entre todo esse atrito que andamos tendo ultimamente, a bebê que está chegando que eu realmente não estava esperando agora que acontecesse...também temos o meu trabalho, e você...olha só, voc~e já está com data marcada para retorno pro set, filme...como faríamos isso?
- Tudo bem, tudo bem, eu entendi. Bom, vamos esperar mais um pouco então. Já esperamos bastante.
- E além do mais, você ouviu o que a Dra. disse: agora é aquele ponto, a qualquer momento posso entrar em trabalho de parto.
- Tudo bem, tudo bem, eu entendi...mas posso perguntar uma coisa só?
- Claro...
Ele a abraçou, beijando sua testa.
- Estamos bem agora?
- Sim, agora estamos.
- Me desculpe pelo lance do carro, aliás...você tem razão, não podia ter escolhido uma hora pior pra isso.
- Você se empolgou um pouco além do limite, mesmo...me assustou na verdade.
- Te assustei? Com o carro?
- Deixa pra lá...não quero estragar agora com esse tipo de DR.
Ele puxou o outro braço de Ally para que ela se virasse de frente para ele. Inclinou para ela tentando beijá-la.
- Acho que preciso fazer uns alongamentos pra alcançar a sua boca agora... - riu enquanto se ajeitava um pouco mais de lado para conseguir abraçá-la e beijou sua testa mais uma vez. Ally olhou para ele para ele a beijar.
- Ela ainda vai empatar muita foda, esse é só o aviso do que está por vir...
- Hey...eu amo você. Me desculpa, mesmo. Não achei que estava fazendo você se sentir rejeitada.
- Me ama mesmo?
- Mesmo.
- Feito louco?
- Completamente louco.
- Amo você também. Feito louca.
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Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.
ChickLitForam dois anos de esforços, tentado sustentar a relação e finalmente conquistar a confiança de Ally. Mas será que esses esforços bastavam? Com a relação evoluindo ao passo que a carreira de Norman avança, más decisões farão mal a todos. Mas será me...