Apesar de um atraso de 20 minutos, Norman tentou não se incomodar muito, afinal, eram seus empregadores que estavam atrasados. Odiava atrasos, mas pior que o atraso da outra parte, seria ele mesmo falhar a um compromisso. Assim que os dois homens engravatados (do Corpo Diretivo da companhia) entraram, olhou para Joana como se estivesse na sala da diretora nos tempos de escola. Ela apenas encolheu os ombros depois de ver que entraram na sala de reuniões conversando entre eles, alheios à presença dos dois.
Assim que a secretária os chamou para que entrassem, abrindo a porta de vidro, agradeceu educadamente. Todos estavam sentados com um sorriso estranho, que dispensava o aperto de mão.
- Sr. Reedus, desculpe o nosso atraso. Na verdade, esperávamos que os outros convidados estivessem aqui, creio que estejam um pouco atrasados, mas já podemos começar.
- Sem problemas. - Cruzou as mãos sobre a mesa, tentando manter o nervosismo que sempre sentia quando estava prestes a receber uma proposta.
- Na verdade, a produção em questão, na qual o senhor está sendo convidado está aqui. Não creio que seja necessário orientar toda a leitura do contrato, certo? - disse o senhor grisalho ao seu lado, pegando um calhamaço entregue pelo outro homem de terno escuro. Era estranho que este parecia ser bem mais jovem, mas não seria adequado observar muito as diferenças.
Com o calhamaço nas mãos, leu apenas as duas primeiras páginas onde estavam descritas as condições, direitos de uso de imagem e outras cláusulas de costume. Assinou onde era necessário, em seguida devolveu as cópias para o mais velho ao seu lado. Joanna assinou em seguida, como testemunha e agente. O calhamaço era o script.
- Eu preciso ler o script, quanto tempo terei para a leitura?
- Conforme descrito no contrato. - retrucou o homem á beirada da mesa com um tom irônico. - São 4 meses de pré-produção.
- Bem, como o documento está assinado, posso concluir que o senhor aceita os termos da nossa empresa e estará presente na data e local estipulados como local do set de filmagem.
- Sim, claro.
- O senhor será avisado através da sua RP quando começarão as leituras da pré-filmagem. Se tiver mais alguma dúvida, estaremos ao dispor.
Norman agradeceu e assim que todos se levantaram concluiu que seria de bom tom um aperto de mão antes de sair. Assim que passaram pela porta de vidro, Norman se sentou de volta na poltrona da sala de espera para ler com mais atenção a sinopse.
- Uau...sabe quem vai ficar feliz com isso? - Olhou para Joanna que estava ainda parada em pé, esperando por ele. - A minha mãe. Ela sempre reclamou que não faço nenhum papel leve, em algum romance.
Não havia notado, mas uma moça estava sentada na poltrona do outro lado, também acompanhada, uma mulher igualmente loira, mas bem mais idosa. Esta se aproximou dele.
- Norman Reedus? Olá, sou Fabienne, fui eu quem sugeri a sua contratação. Esta é Diane, vocês irão contracenar.
Com a educação de sempre, apertou as mãos das duas. Fabienne sorriu, de uma maneira estranha enquanto olhava para ele, como se fosse uma espécie que não conhecia.
- Eles passaram as orientações, tudo certo? Pedi os detalhes já no ato da contratação, porque é como eu trabalho. Gosto de resolver toda a parte burocrática de uma vez, para não haver nenhum atraso nas gravações.
- Sim, recebi tudo.
- Depois entrarei em contato, acredito que vai ser uma gravação tranquila, até mesmo porque as locações são na Geórgia. Na verdade, escolhi de propósito. Para facilitar a sua rotina, claro.
- Uau, tudo isso por mim? Não sei nem o que falar.
A moça mais jovem estava ainda sentada assistindo ao diálogo, o que era estranho. Norman estava acostumado a ter mais interação com colegas, principalmente no primeiro contato.
- Bem...acredito que nos veremos daqui a alguns...meses, certo?
- Certo. Nos vemos, então. Foi um prazer.
- Será um prazer trabalhar com você, Norman. - Foi a única vez que Diane falou uma frase naquele primeiro momento.
- Com certeza. - Olhou para Jo que estava de braços cruzados esperando por ele na porta. - Bem, preciso ir agora, tenho mais reuiões amanhã logo cedo. Até mais.
Seguiu com Joanna até o elevador.
- Você notou o sotaque? Não sei se vou acostumar até as gravações começarem. Franceses são estranhos. - Ele comentou. Joanna continuou olhando para os números sobre a porta.
- Notei muitas coisas, sim...Não é só você.
- Parecia que eu estava sendo....examinado? Algo assim, não?
- Foi o que me pareceu também, mas algo mais parecido com tubarões nadando em volta de um nadador distraído.
- O que isso quer dizer? - Se virou para ela com os braços cruzados.
- Exatamente o que eu disse, Norm. O conheço já há tempo o suficiente. Pense bem antes de agir, só isso.
Um pouco ofendido, seguiu ao seu lado enquanto saíam do elevador. Se despediu com alguma pressa de entrar logo no carro, sem esperar até ver Joanna entrar em seu carro e ir embora, mas notou o olhar sério que ela lançou antes de abrir a porta.
Precisava descansar depois de uma reunião tão estranha àquela hora da noite. Haviam mais compromissos a cumprir na manhã seguinte, e mais reuniões depois dessas. Estava tarde para ligar para casa, resolveu então deixar para antes da reunião na manhã seguinte.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.
Chick-LitForam dois anos de esforços, tentado sustentar a relação e finalmente conquistar a confiança de Ally. Mas será que esses esforços bastavam? Com a relação evoluindo ao passo que a carreira de Norman avança, más decisões farão mal a todos. Mas será me...