Izabel Christine

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O menino segurou a mão da médica sem hesitar. Ally desceu com cuidado cada degrau, virando à direita em direção à janela.

- Ainda está bem escuro.

Norman olhou para a janela, seguindo o olhar dela. Estava no auge da escuridão, pouco antes de amanhecer.

- Esse bebê já não devia ter saído?

- Ally, nenhum parto é igual o outro. Normalmente o segundo bebê nasce mais rápido, mas não é regra, às vezes ele pode demorar um pouco mais, mas os sinais estão bons. Apenas procure continuar em pé, caminhar...eu trouxe uma bola de Pilates se precisar, ajuda também. - Virou-se para Norman. - Eu vou esquentar água para fazer algumas compressas mornas, para pôr nas costas, você continua como estava antes: continue fazendo pressão, e massageando a lombar.

- Doutora? É normal eu estar sentido mais dor nessa parte aqui? Não sinto nada nas costas...

Jennifer parou no caminho e voltou para ela.

- Não sentiu nada nas costas, esse tempo todo?

Ela fez que não com a cabeça.

- Só aqui. - Disse Ally com as mãos indicando um pouco acima dos quadris - Às vezes parece que a dor vai até as costas, mas não chega.

Jennifer estava com as sobrancelhas retas enquanto examinava com as mãos, apertando cuidadosamente com a ponta dos dedos.

- Ela está na posição certa, mas acho que está virada para as suas costas. Vamos esperar mais um pouco, com algum tempo é capaz que ela mesma vire sozinha.

- Por isso que está demorando? - Norman perguntou, já pálido. - Será que não é melhor ir para o hospital?

Jennifer olhou para Ally que agora estava com o olhar aterrorizado, balançando a cabeça recusando.

- É uma decisão que se formos decidir, precisa ser agora. Ally, você quer ter o bebê aqui mesmo assim, ou prefere ir para o hospital?

- Eu não vou ter esse bebê em um hospital a não ser que ele esteja me rasgando a barriga pela frente.

- Ally...pode ser perigoso. Pode ser perigoso, Doutora?

- Perigoso não, mas vai ser mais dolorido se o bebê não virar sozinho. Aí posso precisar virar ele manualmente.

- Então pode começar, Doutora, dor por dor, eu já estou aqui mesmo.

Norman, seguindo as orientações da médica ajudou Ally a se deitar sobre um colchonete que ela havia trazido. Jennifer colocou luvas e pegou um gel de massagem, passando com cuidado na barriga de Ally. Com cuidado, fazia pressão em vários pontos deslizando as duas mãos com firmeza, empurrando a barriga para um lado bem devagar, depois para o outro, até sentir que a bebê se agitava se reposicionando lá dentro.

Parecia simples, mas Ally estava mordendo o braço de Norman e grunhindo a cada movimento. A massagem encorajava não só o bebê a se movimentar, mas estimulava as contrações que por si só já estavam na escala 10 de intensidade. Quando ela terminou, com o olhar tenso, Ally estava com o rosto escondido no colo de Norman, soluçando e chorando de dor enquanto ele passava a mão pelos cabelos dela.

- Desculpe machucar, Ally, mas eu não faria isso se não soubesse que você aguenta. A dilatação pode aumentar agora, mas não quero fazer exame de toque, a não ser que você ache necessário.

- Eu não queria, Doutora, mas vamos fazer...preciso saber quanto eu tenho de caminho para aguentar ainda.

Ela olhou para Norman e trocou as luvas, respirando fundo. Quando colocou a mão dentro do canal vaginal para examinar, Ally grunhiu mais de dor. Ian veio correndo para seu lado, segurando a mão dela.

Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.Onde histórias criam vida. Descubra agora