"Esse tipo de dificuldade ele nunca passou" Ally pensou enquanto esperava o manobrista do Car Rental trazer o carro. Já havia ligado três vezes,mas concluiu com a ausência de resposta que ele provavelmente estava dormindo ou já no set para a última gravação e deixou uma mensagem no Whatsapp.. Izzy não causou tanto transtorno quanto imaginava, Ian por outro lado ficou entediado poucas horas depois do avião decolar.
As circunstâncias faziam os velhos medos ("neuras" segundo Norman) sobre estar fazendo a coisa certa ou não. Não podia culpar o tempo por trazer a oportunidade perfeita no momento mais impróprio, se fosse culpar o timing de Deus ou coisa do tipo, passaria a vida inteira discutindo com Ele. A opção que restava era aquela culpa que sempre a mordia por dentro. Mas agora a decisão já havia sido tomada e não era justo pensar nisso enquanto já estava tudo feito.
Por outro lado era uma sensação agradável reencontrar a mãe, apresentá-la a neta caçula e dar uma forcinha para matar as saudades do neto. Apesar de Ally não apostar muito, Ian se lembrava razoavelmente bem da casa da avó. Como chegaram um pouco antes das 11 da manhã, tiveram tempo o suficiente para almoçarem e depois Ally desceu com a mãe as crianças para a piscina do prédio. Mesmo assim, não podia desfocar-se do trabalho. Naquela noite encontraria o Marco no Teatro.
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Depois que deixou Ally no aeroporto, Norman preferiu passar o resto do dia na casa de Jeffrey; não se sentia disposto ao estranho vazio e silêncio que encontraria em casa. Nada melhor que passar o resto do dia alimentando os animais, ajudando o amigo com as tarefas da fazenda e encerrar o dia com algumas cervejas na varanda. Gus estava em casa naquele dia, o que tornava tudo mais divertido por um lado, e um pouco triste por outro. Ele o fazia se lembrar do Ian o tempo todo.
Iza separou uma toalha e antes de ir para mais um plantão no Hospital fez questão de lembrar aos dois sobre o que aconteceria com quem entrasse com as botas cheias de lama dentro da casa.
No final do dia, sentou-se na varanda com as pernas esticadas e as costas apoiadas na parede; as dores nas costas pareciam que a cada dia se tornavam menos uma visitante indesejada e mais uma companhia constante. Jeffrey voltou com duas cervejas e um cigarro na boca esperando para ser aceso quando viu que Norman estava com uma expressão séria enquanto ouvia alguém falando com ele pelo celular e esperou em pé mesmo até que ele desligasse.
— Problemas no paraíso? — perguntou enquanto acendia o cigarro com uma mão e entregava a garrafa para ele.
— Ally? Não, não era ela...deve chegar só amanhã
Como ele ainda estava olhando para o celular, apesar da luz apagada, Jeff achou melhor esperar. Conhecia o amigo quase tão bem quanto a si mesmo, afinal.
— Parece que nenhum plano esse ano está dando certo...
— Quanto pessimismo...Vai compartilhar com o coleguinha, ou...?
— Não é grande coisa. Pensei que com o final da gravação de um projeto, eu teria mais tempo até o próximo...pelo menos uns...três meses...
— O tempo entre as gravações da série, não é?
Ele balançou a cabeça concordando.
— Não é só isso... — Começou a murmurar, um tanto constrangido. Penteou o cabelo com os dedos e coçou a nuca, ainda com o cigarro pendurado na boca. — É que tudo começou de um jeito muito estranho...
— Eu não estou conseguindo te acompanhar nessa...quer me explicar melhor?
Ele parecia procurar por onde começaria.
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Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.
Literatura FemininaForam dois anos de esforços, tentado sustentar a relação e finalmente conquistar a confiança de Ally. Mas será que esses esforços bastavam? Com a relação evoluindo ao passo que a carreira de Norman avança, más decisões farão mal a todos. Mas será me...