O QUE FOR PRECISO

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— Bem, parece que esta noite sou eu quem estarei de plantão. — Jeffrey comentou com um riso enquanto se levantava do sofá.

— Aconteceu alguma coisa. — Iza falou sem desviar os olhos da TV, segurando distraída sua taça de vinho. — Bem, eu imaginava que estivesse acontecendo algo. Eles funcionam ao contrário, desaparecem quando estão em algum enrosco.

— "Enrosco"? — Jeffrey repetiu com uma risada leve. — Acho que é uma boa palavra para esses dois. "Enrosco".

— Há dois dias estou ligando para ela, ela nunca atende. Nem sequer responde qualquer mensagem.

— Bem, se estão medindo forças, o Norman jogou a toalha.

— Eu vou junto?

— Bom...ele disse algo como "nada pessoal, mas pode pedir para a Iza não vir?"...acho que ele não quer ouvir a advogada de defesa da Ally por enquanto...

— Sinal que ele sabe que está errado. É uma pena, seria bom ouvi-lo se confessar pelo menos uma vez.

— Falando assim, parece que você não gosta dele!

— Se eu não gostasse, deixava ele se enforcar sozinho.

Ele encurvou os lábios para baixo em uma curva descendente.

— Boa resposta.

— Não vou esperar acordada. Mas se puder, diga para ele que mandei ele voltar para cuidar da mulher da vida dele. E para mandar ela atender quando eu ligar.

Quando chegou no bar de costume, Norman já estava na parte aberta, com duas garrafas vazias e uma cheia diante dele e um cigarro queimando solitário no cinzeiro. Sequer sorriu quando viu Jeffrey chegar, apenas apertaram as mãos.

— Com duas garrafas vazias e uma em andamento, não é difícil adivinhar... — Jeffrey falou assim que se sentou com o olhar sério. — O que aconteceu agora?

Ele precisou de um gole maior, pegou em seguida o cigarro no cinzeiro.

— Qual é, cara...o suspense tá me matando aqui. Ainda a mesma discussão?

— Na mosca.

— Acho que já falei o que eu acho dessa situação toda, não é Norm? Cara...quando é que vocês dois vão entender que vocês se amam? Pelo amor de Deus...

— Será mesmo? Quer dizer...

— Tá bom. — Ele cruzou os dedos sobre a mesa antes de fazer um sinal para a garçonete trazer uma cerveja para ele também. — Pelo menos agora você começou a entender o que eu sempre falei: ela é durona. Talvez mais do que você. Quer dizer, talvez é uma palavra muito forte...

— Você já percebeu todas as diferenças?

— Sinceramente? Não. As semelhanças gritam muito mais alto.

— Perdi praticamente um dia de trabalho hoje, Jeff. E isso não é o que tínhamos de acordo.

— Perdeu as gravações do filme?

— Não, estou falando de hoje cedo. Você viu quantas falas eu estava perdendo?

— Eu vi que você estava bem frustrado. Nem sequer se despediu direito.

— É...acho que devo um pedido de desculpas também.

Jeffrey fez um gesto dispensando o pedido jogando a mão para o lado.

— Sabe o que me perturba? Vocês sempre têm algum desentendimento, mas nunca vejo algo forte o suficiente para justificar. Em poucos dias, estão juntos os dois pombinhos como se nunca tivesse acontecido. Quer dizer...se até agora não conseguiram consertar, das duas uma: ou o motivo é sério demais ou é muito ridículo. O suspense ainda está me matando aqui, Norm...

Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.Onde histórias criam vida. Descubra agora