"Lógico que a porta está fechada" Ally pensou enquanto tentava calcular mentalmente quantos anos estaria Mingus agora. O último aniversário ele havia preferido passar com amigos e com a mãe, pela primeira vez em anos, segundo Norman e de acordo com a quantidade de aniversários que Ally havia presenciado também. Quinze? Catorze? Não se lembrava ao certo. As coisas estavam acontecendo rápido desde o ano anterior e na verdade, desconfiava que não conseguia se lembrar sequer a própria idade. Mais que trinta e cinco, com certeza, mas quanto era perguntar demais.
Encostou a cabeça na porta para se certificar que não era uma hora ruim, e então bateu três vezes com o nó do dedo indicador. A música relativamente alta lá dentro diminuiu e então ela bateu mais uma vez e se afastou da porta quando ouviu que ele girava a maçaneta.
— Estou atrapalhando alguma coisa?
Mingus estava mais alto. Foi a primeira coisa que reparou, até mesmo porque a diferença era gritante. A última vez que o vira ele estava alguns poucos centímetros menor que ela, mas agora com certeza pelo menos um palmo de altura ele estava acima dela.
— Jesus Cristo, o que você andou comendo para espichar assim?
A pergunta saiu tão espontânea que só percebeu as palavras no ar quando já estavam ditas. Mingus sorriu, as bochechas brancas enrubesceram e ele segurou a nuca olhando para baixo.
— Não é a primeira vez que alguém me fala isso...Tudo bem, Ally?
Ally o abraçou, mandando às favas o quanto o garoto estava constrangido. Ela estava feliz em vê-lo, o suficiente para abraçá-lo longamente e com força. Fim de papo.
— Aqui tudo esteve bem, mas poxa...! Senti tanto sua falta, o que aconteceu?
— Ah, eu...bom, você está com tempo agora?
— Não muito. Mas você me deixou preocupada, posso arrumar tempo, se você precisar. É algo ruim?
— Não! Não, não, não é nada disso...não. É só...ah, a gente pode conversar disso depois? — perguntou olhando para atrás de Ally, onde Norman estava parado com Izzy no colo. — É a minha irmãzinha?
Ally olhou para trás, seguindo o olhar de Mingus e sorriu, pegando-a no colo.
— É ela mesma. Izzy, esse é seu irmão mais velho, Mingus. Ming...
— Oi Izzy! — Ele sorriu um sorriso mais aberto e mais leve enquanto a pegava no colo. — Como você é bonitinha...quer ver o quarto do tato?
Ally cruzou os braços e se recostou na soleira da porta. Na soleira oposta, Norman assistia a cena com uma expressão indecifrável. Parecia preocupado, ao mesmo tempo, parecia feliz em vê-los ali.
— Você está bem?
— Eu?...hm-hm..Sim, estou bem sim... — Piscou rapidamente os olhos como se um cisco incomodasse, respirou fundo olhando para os lados, como se estivesse tentando fugir de alguma coisa. — Só aliviado que finalmente voltei. Não aguentava mais...
O olhar de Ally em sua direção deixava bem claro que ele não a estava enganado. Podia ser um ótimo ator, mas sua atuação era péssima em casa.
— Você pode parar de me olhar assim?
— Só estou te olhando, Shoo.
— Ally, posso descer com ela lá no quintal? Está um sol tão gostoso...
— Claro, você é irmão dela...só não pode matar ou ensinar ela a beber e usar drogas...
— Combinado. — Ele murmurou enquanto passava por eles com a bebê no colo.
— Ele está enorme! — Ally sussurrou quando ele desceu as escadas. — O que a Helena deu pra ele crescer assim?
— Genética, acho...a dela, lógico.
Ally o abraçou, enganchando as mãos por trás de seus ombros e recostou a cabeça em seu peito.
— Estou feliz que o Elvis voltou para casa...
— Também estou feliz, Priscilla...
Beijou-a longamente enquanto seus braços a apertavam para mais perto. Interrompendo o beijo, os olhos semicerrados olhando nos dela, beijou suavemente a pontinha de seu nariz.
— Mais tarde?
— Pode apostar.
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Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.
Romanzi rosa / ChickLitForam dois anos de esforços, tentado sustentar a relação e finalmente conquistar a confiança de Ally. Mas será que esses esforços bastavam? Com a relação evoluindo ao passo que a carreira de Norman avança, más decisões farão mal a todos. Mas será me...