- Não aguento mais me surpreender com a mesma coisa, você nunca esquece nada...
- Se for para ajudar...tem muitas coisas que se eu não esqueci, pelo menos já não me lembro mais...não como antes, na verdade.
- Eu sei. - Ele a beijou, segurando seu rosto com a mão direita. - Acabamos perdendo a hora, veja só...deve ter passado da metade dessa madrugada e estamos aqui ainda...você não está com sono?
- Um pouco, mas está gostoso aqui...daqui a pouco eu vou...só mais uma?
- Que tal essa? Deixa que eu leio dessa vez:
"Caro Norman,
Eu queria começar essa carta com o blábláblá de "sou sua fã" ou qualquer coisa desse tipo, mas não seria nada original certo? Começar com uma apresentação, nome, etc, sei lá. Sem graça.
Tem na sua página uma orientação com o endereço para enviar correspondência dizendo: "Seja breve e peça claramente o que você quer de Norman Reedus". O que eu quero de você? Sei lá. Acho que não tenho como dizer isso "brevemente". Como você vai perceber eu sou bem tagarela e meu poder de síntese é zero.
Resolvi escrever essa carta, esperando só uma coisa: que você leia. Só. Não precisa nem responder, na verdade (mas caso você queira responder, note que tem um coupón-response anexo, just in case). Basicamente, numa apresentação só para existir um contexto: meu nome é Ally, na verdade sempre me chamam assim, a ponto de eu quase esquecer meu nome. Tenho 31 anos, sou separada e tenho um bebê de quase um ano. Aí começam as esquisitices: eu e o pai do meu filho concordamos em nos separar, mas como nem ele nem eu estamos com condições financeiras de alugar outra casa, estamos ainda morando juntos. Eu durmo no quarto com meu filho e ele no sofá. Acabamos criando uma relação de amizade, ou ao menos um certo coleguismo bem legal, não posso reclamar. Mas por outro lado, quando casei com ele e mudamos para essa casa, é em outra cidade, e além do mais, bem...não há muito como sair por aí e conhecer novas pessoas ou visitar os velhos amigos. Não enquanto tenho um bebê que precisa de atenção 24 horas por dia. Então resolvi que iria escrever, eu gosto de escrever: desde listas de mercado até cartas, obviamente. Mas queria falar com alguém neutro, que nunca me viu nem sabe quem eu sou. Quando vi que você interage com os fãs, pensei "por que não?".
Afinal, é uma situação que o que eu tenho a perder além de alguns reais em selos e envelopes?
Outra coisa é que antes de meu filho nascer, eu trabalhava como professora de inglês e literatura. Então, mais uma vantagem: continuo em dia com o inglês, e fazendo o que eu gosto: escrevendo. Não tenho muito para mostrar nem para contar, aliás, as coisas aqui andam bem entediantes.
O que me faz lembrar de um aviso: você não é obrigado a me responder, nada, como já disse ali, mas o que eu escrevo para você, antes de enviar eu tiro cópias e guardo. Só para o caso de você não ler, ou as correspondências do meu "lote" irem para o lixo. Não quero que as minhas palavras acabem indo para um enorme vácuo no espaço. Ou moídas em um triturador de papel. Quem sabe um dia o que eu te escrever não seja material para eu escrever um conto novo? Ou alguma frase ou jogo de palavras possa me ser útil?
Acabei deixando de contar essa parte né? Eu gosto de escrever. Tenho uma pilha de contos e mais contos. Alguns escritos à mão em cadernos, da primeira à ultima folha, escondidos em gavetas. Outros no meu computador. Em toda parte. Talvez um dia eu publique tudo isso, mas por motivos meus (que no futuro quem sabe eu conte) tenho muita vergonha de colocar a cara no Sol assim.
E o que fez eu resolver escrever para você? Só por ser fã do seu papel no TWD?
Na verdade, não. Eu já tinha reparado em você antes da série. Acho que foi em um episódio do "Law & Order", mas até aí, quem não participou de "Law & Order" pelo menos uma vez, não é? Você era o trickster na trama, todos pensavam que você era o assassino, mas na verdade estava só a serviço do verdadeiro criminoso. Eu lembro disso, não me pergunte o nome do personagem que é exigir demais!
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Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.
Chick-LitForam dois anos de esforços, tentado sustentar a relação e finalmente conquistar a confiança de Ally. Mas será que esses esforços bastavam? Com a relação evoluindo ao passo que a carreira de Norman avança, más decisões farão mal a todos. Mas será me...