ACREDITAR NO IMPOSSÍVEL

21 2 0
                                    


Ally mal acordou naquele dia e mesmo com os movimentos lentos enquanto se vestia e saía do quarto para o banheiro com o peso do sono sobre os ombros, a cabeça já estava em mil lugares diferentes ao mesmo tempo.

Norman ficou na cama semi acordado, ouvindo os sons ao redor como se estivesse a quilômetros de distância.

"A única coisa que eu peço, nunca vá embora". Por que ele estava tão preocupado com isso, tão de repente? Sabia que não era a única que ficou triste aquele dia no aeroporto, mas mesmo assim... Parecia que ele voltou mais cedo fugindo de uma tragédia do que por saudades.

Precisavam conversar, e isso era importante sim, mas um dia inteiro estava no caminho. Jeffrey e Iza talvez nem soubessem que ele estava em casa, aquilo foi totalmente inesperado. Enquanto escovava os dentes, sua mente vagava entre a conversa estranha com Jeffrey e Iza, seus próprios receios em contar a ele que ele estava certo, talvez fosse melhor mudar o rumo de sua carreira. E a chegada tão súbita, no fim da madrugada. As coisas estavam acontecendo tão rápido, e tão de repente, que por um momento viu pontinhos pretos dançando diante dos olhos e sua mente balançar como um barco ancorado.

Olhou para o espelho antes de enxaguar a boca, os cabelos amassados de sono e travesseiro que prendeu em um rabo de cavalo apertado esperando que fosse o suficiente. Deixou a porta do banheiro aberta depois de constatar que ele ainda dormia. Afinal, havia chegado tão tarde, fazia apenas algumas poucas horas que finalmente adormecera. Saiu com passos cuidadosos. A mente acelerada, bem mais acelerada que o corpo começava a cobrar: acordar as crianças, separar as roupas e o material para o Ian levar para a escola no primeiro dia de volta às aulas. Mais tarde com certeza chegaria com um fardo generoso de lição de casa. Precisava separar uma malinha de fraldas e mudas de roupa para o primeiro dia de Izzy na creche. E não podia esquecer de orientar na escola: nada de mamadeiras ou chupetas. O leite congelado deveria ser aquecido e servido em um copinho. Coisa que todos ao redor sabiam, mas temia que se mudassem qualquer coisa na creche, teriam problemas de adaptação. Izzy era um bebezinho muito doce, mas quando estava brava era difícil quebrar o ciclo.

— Bom dia... — Iza desceu ainda sonolenta, mas com uma disposição que Ally queria ter para si. — Você parece um pouco melhor hoje...

— Bom dia. — Ela respondeu com o beijinho no rosto de todas as manhãs que se encontravam. — Vocês ouviram algo estranho essa noite?

— Não...deveriamos? Aconteceu alguma coisa?

— O Norman chegou essa noite. Era quase de manhã.

Iza estava boquiaberta. Como se despertada de uma hipnose com um estalar de dedos, pegou o bule de café que Ally havia acabado de preparar.

— Mas aconteceu alguma coisa? Não esperava que ele chegasse mais cedo...

— Ele deveria chegar esta noite, ou amanhã. Por algum motivo chegou antes. Se bem que já aconteceu algumas vezes o contrário. Ele precisar partir mais cedo, então chegar para variar um pouco parece justo.

— E vocês conversaram? Ficou tudo bem?

— Está tudo bem, mas não conversamos ainda...imagina, ele me acordou quando eu já estava no décimo sono.

— E ele ficou lá em cima?

— Como eu disse, ele chegou bem tarde. De qualquer forma, ele deve ter trazido algum trabalho, com certeza. E hoje é um dia daqueles...

— Você quer que eu acorde as crianças?

— Não precisa. Primeiro eu quero tomar um café com calma. Vai ser um dia cheio de uma ponta à outra. Vocês vão ficar aqui, ou voltam para a fazenda?

Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.Onde histórias criam vida. Descubra agora