Era bom estar de volta em NY. Norman pensava em todas as vezes que atravessara a mesma avenida. A última vez foi naquela madrugada fria, depois do show.
Colocou as mãos dentro do casaco, quase conseguia sentir as mãos de Ally quando se lembrou daquela caminhada. ela enfiou as duas mãos dentro do mesmo bolso, segurando a mão dele para se aquecer. Não importava o quanto tentasse, ela nunca se acostumou com o frio do inverno em NY.
Fabienne estava esperando na porta do restaurante e acenou empolgada ao vê-lo do outro lado, esperando o farol que parecia se recusar a ficar verde em pleno acordo com os carros que nunca iriam parar de passar. Ele retribui o aceno, olhando para os lados esperando alguma brecha no trânsito para atravessar.
- Se fosse combinado não daria tão certo. Acabei de chegar também. Ah, ali estão eles!
Antes de perguntar quem seriam "eles", viu Diane de mãos dadas com um rapaz. Fabienne os cumprimentou com um beijo no rosto e um abraço curto. Era bem óbvio que já eram velhos conhecidos. Ele se sentiu um pouco deslocado naquele momento. Diane apresentou Joshua, seu marido. Norman achou curioso, o rapaz devia ser o caçula na mesa, mas o que ele poderia julgar? Era apenas incomum, mas nem assim, era da sua conta.
- Está empolgado com o script? O que você achou?
Fabienne sorria com um brilho nos olhos que sugeria uma animação um tanto exagerada. Por um segundo, Norman se perguntou se não estava caindo em algum tipo de cilada. Mas que cilada poderia haver ali? Era bobagem.
- Na verdade eu não consegui ler muito por enquanto. A semana passada e essa semana estão cheias de planos e reuniões. Mas é bem interessante. Um desafio, na verdade. Nunca tive um papel assim antes.
- Não entendo como. - Diane comentou enquanto limpava a boca em um guardanapo de linho.
- Ela tem razão. Você tem o tipo perfeito para papéis românticos. Não sei, alguma coisa...misteriosa, sedutora. Não acha, Diane? - O mesmo sorriso continuava fixo como se alguém o tivesse costurado no rosto de Fabienne.
Norman estava um pouco corado, como sempre ficava. Joshua também não estava escondendo o desconforto.
- Acho que a Fabienne resolveu fazer esse filme para a Di se vingar de mim um pouco. Ela odeia quando conto as atrizes que beijei durante os filmes.
- Se for isso, cara...sinto muito, mas ela fracassou horrivelmente. Estou bem comprometido e não há nada além de trabalho aqui.
- É o que eu espero.
O olhar de Joshua nem sequer sugeria o ciúme; ao invés disso, estava cristalino.
- Comprometido, então? Não sabia que você era casado.
- Ainda não nos casamos, mas já são quase 5 anos.
O sorriso de Fabienne ainda estava costurado nos lábios, mas não tanto nos olhos. Um silêncio estranho estava pairando sobre a mesa, até mesmo o pequeno abajur sobre ela parecia emitir uma luz que empalidecia. Diane pegou a taça de vinho tinto, os olhos baixos. Joshua tamborilava os dedos sobre a mesa.
- Acho que cheguei a ouvir falar que você estava namorando uma moça, uma latina. Mas já foi há tanto tempo, pensei que já estava terminado a essa altura.
- Não, é bem o contrário. Nunca nos separamos, desde então. É que quando nos mudamos para a Geórgia, conseguimos manter uma dose de privacidade. Me surpreende que vocês não souberam, uma coisa ou outra sempre aparece por aí. Não dá para ter controle sobre tudo e todos, certo?
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Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.
Chick-LitForam dois anos de esforços, tentado sustentar a relação e finalmente conquistar a confiança de Ally. Mas será que esses esforços bastavam? Com a relação evoluindo ao passo que a carreira de Norman avança, más decisões farão mal a todos. Mas será me...