Ally não sabia mais o que dizer depois que ouviu ele rir um riso fraco. "Ele deve estar exausto", pensou. Mesmo assim, não queria que ele desligasse.
Do outro lado da linha, Norman tentava escolher o que dizer para que Ally não resolvesse desligar.
— Você deve estar com sono... — tentou sondá—la. — Que tal...
— ...Não, estou bem. Sério. Pensei que você devia estar...
— Não, não estou.
— O que você está fazendo, que ficou tão quieto de repente?
— Ainda estava tentando lembrar quando foi a última vez que ficamos tanto tempo conversando no telefone.
— No telefone? Essa é difícil...lembro de muitas noites em claro no Skype...e trocando mensagens no WhatsApp...Não sei se conta, mas me lembro de muitas madrugadas em claro lendo e escrevendo cartas.
— Passava tanto tempo assim?
— Bem, mais escrevendo do que lendo. As suas cartas eram bem curtas.
— E as suas muito longas...sério, Ally, dez páginas no mínimo...frente e verso.
— E eu nem tinha muito o que contar, era uma vidinha bem tediosa na época...Se quiser, na próxima viagem a trabalho eu posso escrever de novo...agora tenho bastante coisa para contar, pelo menos.
— Não! Não precisa, guarda para quando eu chegar em casa. Senão vai ser um livro por dia...
Agora o riso fraco era dela.
— Quando foi que a gente parou de conversar assim?
— A gente nunca parou...tanto que estamos conversando agora. Sei lá, se aconteceu algo, foi a vida mesmo. Muita coisa mudou.
— Mudou mesmo, não foi?
— Algumas coisas não mudaram, Ally. Pelo menos as que mais importam.
— Ah é? Que coisas são essas?
Norman esfregou a mão no rosto na mesma hora. Sabia que não devia ter falado isso. E sabia que ela ia perguntar, e mais ainda: ela sabia que ele ficava constrangido. E sabia forçar a barra também.
— Qual é, Shoo, agora vou ter que adivinhar?
— Não, é só...eu sou meio besta para falar essas coisas, Ally, você sabe disso.
— Eu sei e me divirto horrores com isso. Estou praticamente vendo o seu rosto ficando vermelho daqui...
— Hm, então... é isso.
— Isso o quê?
— Das coisas que não mudam. Você sempre faz isso comigo. Me deixa constrangido.
— Ah, tá aí, gostei dessa.
— Então agora é a sua vez. Alguma coisa que nunca mudou.
Ela sorriu enquanto voltava para a sala. Deitou-se no sofá como uma adolescente falando com o primeiro namorado.
— Tá, tem uma coisa, mas...é meio besta...
— Essas são as melhores. Vai, me conta...
— Lembra quando a gente transou, antes de você ir viajar?
— Ah, transar não vale...é isso?
— Não, não é isso. É que tem uma diferença enorme entre quando você dorme normalmente e quando você dorme depois de transarmos. É bem bobo, mas sempre reparei, desde a primeira vez.
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Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.
ChickLitForam dois anos de esforços, tentado sustentar a relação e finalmente conquistar a confiança de Ally. Mas será que esses esforços bastavam? Com a relação evoluindo ao passo que a carreira de Norman avança, más decisões farão mal a todos. Mas será me...