O PAI DO IAN

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Na semana seguinte, Ally havia colocado Izzy no sofá enquanto observava Ian e Norman que brincavam nos degraus ao lado do sofá. Havia sido um dia daqueles, Izzy tivera um momento daqueles de choros e gritos irritados em que todo esforço para acalmar o bebê é inútil. Fraldas? Não. Fome? Não. Sono? Não. A girafinha de pelúcia? De jeito nenhum! Colo do pai? Horrível. Mamãe? Não! Ian? De jeito nenhum. Pareceu ter durado o dia todo, mas na verdade havia sido por volta de 2 ou 3 horas que se arrastaram tão lentamente que o relógio parecia constrangido. Finalmente, depois de um banho morno com os gritos ecoando pelos azulejos, finalmente ela se acalmara e conseguiu mamar e adormecer. Ally a colocou no sofá ao seu lado e ali estavam.

Parecia que aquele dia exaustivo estava chegando ao fim com um ar de "War Is Over". A preocupação havia sido tamanha em conseguir um pouco de silêncio que o silêncio agora parecia abençoado.

- Ian, agora já está tarde, vamos escovar os dentes e dormir? - Ally perguntou assim que percebeu no celular que já havia passado bem mais do que nove da noite.

Ele sequer desviou o olhar do carrinho que agora subia os degraus da escada.

- Ian?

Nada. Ally olhou para Norman, que sentado ao lado do menino, murmurou.

- Ian, você ouviu a sua mãe?

- Ouvi. Mas eu não quero dormir agora, estou brincando.

- Filho, já está muito tarde, você já devia estar dormindo há horas.

Ele largou o carrinho no chão, sentando-se com os bracinhos cruzados.

- Ian, obedece a sua mãe. Amanhã podemos brincar mais...

- Eu tenho escola amanhã, esqueceu?

O tom que ele falou era tão incomum que por um momento Ally sequer sabia o que fazer ou até mesmo se deveria fazer alguma coisa.

- Eu não estou pedindo um favor, Ian, é hora de dormir. Guarde os brinquedos e já para cima, AGORA.

De uma forma estranha, ele olhou para a mãe com o rosto manchado e os olhos vermelhos, jogando o carrinho na direção dela.

- EU NÂO VOU!

- Por que você está gritando? Quer acordar a sua irmã?

- EU NÃO LIGO! E NÃO VOU!

Ally olhou para a bebê que ainda bem, apenas resmungou um pouco mas não acordou.

- Ian, o que aconteceu com você? - Norman perguntou.

- NÃO FALA COMIGO, VOCÊ NÃO É MEU PAI! ODEIO VOCÊS!

Ally se levantou e pegou a bebê no colo, para leva-la para o quarto.

- Shoo, onde você...

- Vou coloca-la no quarto e quando eu descer, teremos uma conversa, rapazinho!

Na verdade, ela não precisava colocar Izzy no quarto. Só aproveitou que seria melhor coloca-la no berço para se fechar no quarto e se acalmar por alguns momentos. Ian sempre havia sido uma criança carinhosa e sempre estava disposto. Não era normal ele ser tão rude, principalmente com Norman. Estavam brincando juntos há alguns segundos, como que tudo mudou tão rápido?

Sem saber se era a surpresa, os hormônios, o estresse acumulado no dia, os olhos ardiam e sentia a própria pulsação dentro da cabeça.

- Shoo? Você tá bem?

Ela esfregou as lágrimas com força com a palma da mão enquanto se virava para a porta.

- Tudo bem sim, só quis me acalmar. Onde está ele?

Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.Onde histórias criam vida. Descubra agora