MADRUGADA E MEIA

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— É um bom primeiro passo. Deixa eu ver aqui...agora são 3:24. Como vamos passar as próximas horas?

— Algum jogo de charadas, talvez?

— Eu tenho uma boa. Qual camisa eu estou usando?

— Como é que eu vou saber?

— Tenta adivinhar...

— A camisa jeans azul? Não...você já falou que está um pouco frio aí...Se não for a de linho verde escuro, deve ser a preta com risca de giz.

— Já escolheu qual vai ser?

— Acho que a preta. Noventa e nove por cento certeza que é a preta.

— E por que não seria a verde?

— Porque você não levou. E você não tem tantas camisas assim. Acertei?

— Em cheio.

— Sua vez agora...

— Hm...deixe-me ver...Como você não está em casa, não ficaria confortável em ficar muito...confortável. E como você provavelmente colocou as crianças para dormir antes de partir para a misantropia noturna...O Ian jamais aceitaria dormir se desconfiasse que você não iria dormir também. Logo...é um pijama, ou pelo menos uma parte...a calça deve ser do meu pijama preto, ou a de moletom vermelho com um rasgo enorme no joelho, só não lembro se é o esquerdo ou direito.

— Até aí tudo bem, mas a charada não é essa.

— Duvido que você esteja de camisa...você não está seminua aí, está?

— Não, Elvis, claro que não.

— Vou apostar então em uma blusa de lã cinza. Aquela com gola aberta. Porque com certeza você amamentou a Izzy e precisava de uma gola fácil de puxar.

— Eu posso ter trocado de blusa depois...

— E arriscar acordar todo mundo? E ter que trocar de novo quando ela acordar? Não...é essa, não é?

— Droga...Quando foi que eu fiquei tão previsível? Você já trocou de calça pelo menos? Você tinha falado que...

— Não, não troquei ainda estou com a calça jeans.

— Desabotoada?

— E você que é a previsível aqui...

— Bem, eu ainda não adivinhei o que você está usando debaixo da calça...

— Bom, um pouco óbvio, não?

— Se é tão óbvio, qual eu estou usando?

— Ah, é assim, então? Você joga a pergunta de volta pra mim? Espero que não esteja usando nada muito sexy, pode custar a minha confiança em deixar você aí...

— Claro que não, eu só uso as mais sexies para o amante...

— E onde está ele agora?

— Do outro lado da linha. Bom, você não vai adivinhar, então...

— Agora ficou impossível, estou imaginando o que você usa com o seu amante. — O silêncio que veio do outro lado da linha deixou claro que era uma das raras ocasiões que Ally não sabia o que responder. Deliciou-se com um breve momento de vitória. — Tudo bem, tudo bem...vamos ver...a preta mais larguinha?

— Não...

— A preta com fio dental?

— Não...

Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.Onde histórias criam vida. Descubra agora