CASAMENTO

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- Você se saiu bem nessa. - Ally tentou manter o tom de voz claro sem falar muito alto para não acordar Izzy. Norman sorriu um pouco constrangido.

- É...ele me atacou num nervo sensível. Não sei nem o quanto ou como ele me entendeu agora. - Se sentou no seu lado da cama, arranhando o antebraço; um tique que era comum quando estava constrangido.

- Acho que ele entendeu o mais importante. De qualquer forma, acho que vocês precisavam ter tido essa conversa já faz um bom tempo.

- Antes tarde do que nunca, não é?

- Ele é esperto, aposto que entendeu sim. E é bom isso, a gente sempre presumiu que ele confiava em você, mas não...não exatamente. E essa insegurança dele foi boa, de certa forma. Não acha?

- É...Acho que sim.

Ele ainda estava de costas para Ally, olhando para baixo, a mente a milhões de quilômetros dali.

- Você está bem?

- Um pouco...assustado, acho.

- Assustado? Como assim?

Ele respirou fundo enquanto se deitava atrás de Ally e cobriu os olhos com o antebraço.

- Agora quem está ficando assustada sou eu...

- Você esperava pór algo assim? As coisas que ele disse lá embaixo?

- Shoo... - Ally começou enquanto se deitava ao lado dele. - Ele está magoado. É normal, afinal ele sempre foi o Rei por aqui. Desde quando nasceu, onde quer que ele fosse eu estava lá. Ou você. Não duvido que você agiria igual no lugar dele.

- Eu?

- Eu, você, qualquer um. Eu disse uma vez para você que isso me preocupava, que eu sei como é ser deixado de lado, sentir insegurança por ciúmes do irmão. Eu te disse isso, não?

- Você é mesmo uma filha ciumenta. Já percebi. - ele provocou com um sorriso maléfico.

- Há-ha. Bom, eu não posso negar que eu sei que nunca fui a filha preferida, mas se tratando do meu irmão envolvem outras coisas que não quero falar agora. Mas eu pensei que seria mais dolorido, sabe, ver o Ian assim. Mas não sei porque, apesar de na hora eu ter sido pêga de surpresa...

- Não é sobre isso que eu estou falando. Você esperava que ele fosse jogar na minha cara que eu não sou o pai dele?

- Shoo, eu não sei se ele falou querendo te magoar. De uma certa forma, acho que ele estava falando o que deixava ele magoado. Ele já está grande e sabe que o pai biológico dele é outro. Acho que isso nunca incomodou ele até a Izzy nascer. Isso deve ter ativado um alarme na cabeça dele, que ela é sua filha legítima, enquanto ele...

- Você acha que ele sente falta do pai dele?

- Eu não sei. Não moro na cabeça dele, e mesmo que morasse eu não tenho como saber o que ele pensa ou sente. Mas o importante é que você agiu bem com ele. Ele precisa se sentir seguro agora, senão ele vai se sentir deixado de lado, excluído e isso pode ir piorando cada vez mais. Por isso foi tão importante você ter essa conversa com ele.

- Eu só queria acalmar ele, só isso. E não vou negar que na hora eu queria mesmo era sair correndo daqui.

- Você se sentiu culpado?

- Um pouco...como se...é imbecil da minha parte, mas é como se eu tivesse tomado a família dele.

- Bobagem. E pode parar, que a neurótica aqui sou eu. Você está roubando o meu lugar.

- Sabe uma coisa? O que eu acho, mesmo?

- O que?

- Se você pensasse melhor...eu sei que já discutimos isso, mas...e se a gente se casasse, para valer, mesmo?

- O que isso tem a ver?

- Acho que seria bom para ele. Teria uma noção mais clara de que estamos em família, que ele faz parte disso.

- E conversar com ele e a gente ficar de olho nos sentimentos dele, não basta?

- Não sei. Pode ser que não.

Ally puxou um lençol e ajeitou o travesseiro para se deitar.

- Você não pode ficar fugindo toda vez que eu falar a respeito disso, Shoo.

- Não posso? Apenas observe. Boa noite.

- Sabe, eu nunca vi alguém com tanto medo de falar sobre isso quanto você.

"Hmhm". Essa foi a única resposta que ela deu antes de fechar os olhos e dormir. 

Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.Onde histórias criam vida. Descubra agora