TIA ALICE EM ATLANTA

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No banco de trás do carro de Greg estavam Melissa, Norman e Ally. Ainda ia no banco do carona.

— Ôôô, bolas de cristal, precisa mesmo abrir tanto as pernas? — Ally perguntou enquanto empurrava com o joelho a perna de Norman.

— Sempre tão espaçosos, impressionante... — Melissa concordou.

— Vocês acham que eu sou espaçoso, mesmo?

Abriu os braços, segurando as duas para perto de si.

— Agora sim, espaçoso e confortável...

— Babaca, e o Jeff e a Iza, não vieram por quê?

— Ela está fazendo a residência ainda no hospital, então quando tem folga assim, ela aproveita para estudar também.

— O Jeff gosta de cuidar dela quando está em casa, também tem isso.

— Acho que se eu arriscar fazer isso, a Gail me expulsa de casa...Acho que até as minhas filhas.

— Ah, Andy, você resmunga a toa...Além do mais, você sabe que se um dia isso acontecer, a Ally dorme no sofá pra você dormir comigo.

— Eu o quê?

— Shoo, é só uma...

— Ele já era meu antes de você aparecer, Ally, aceita...

— Aceitar é outra conversa, gente... Por que eu tenho que ir pro sofá, se eu posso participar?

A brincadeira silenciou na hora, pelo menos para Norman. Ele jamais falaria, mas ainda restava uma pontada de ciúmes.

Ally sabia, mas sabia também que ele mesmo procurava não se levar a sério a respeito disso.

Todos os outros estavam rindo, de qualquer maneira, então Norman tentou conter o ciúme e conseguiu rir junto, apesar de Ally saber que aquele tom vermelho em seu rosto não significava vergonha naquele momento.

A multidão se espalhava pelo meio da rua, diante do que mais parecia um palazzo do que uma casa de shows, a entrada com quatro arcos altíssimos e toda a fachada em tijolos vermelhos. Assim que se aproximou dos primeiros sinais de multidão, Greg foi rápido em manobrar o carro para a entrada dos fundos. Não era vazio, mas haviam menos pessoas lá, esperando por Alice Cooper.

— Posso descer primeiro, Greg? Acho melhor...

— Como assim?

— Esse pessoal vai ver vocês entrando, e aí já viu...se eu descer antes...

— Chata metida...Só porque tem o privilégio do anonimato... — Andy caçoou.

— Hey, me deixa! É meu único poder aqui e eu vou usar sim...

Greg encostou do outro lado da viela atrás do bar, Ally desceu já com um dos ingressos na mão. Olhou para trás, e ao ver que Greg começava a manobrar de novo para entrar no estacionamento, Ally não pensou duas vezes.

— Pessoal, os caras do "TWD" estão naquele carro, o Norman Reedus está junto!

Mal terminou a frase e toda a multidão se dividiu. Uma parte preferia esperar Tia Alice e a outra disparou atrás do carro. Sorriu satisfeita para os dois leões-de-chácara enquanto entregava o ingresso e confirmava com uma assinatura na entrada.

Uma hostess a acompanhou até o primeiro camarote. Com certeza, o Greg sabia escolher assentos. O camarote estava praticamente ao lado do palco, tinha dois sofá e um acesso ao bar VIP.

Eu devia aprender a beber outra coisa além de cerveja, o lugar é digno. Pensou. Mas há muitos anos seguia essa "dieta" e havia perdido qualquer gosto por qualquer outro tipo de bebida. Sentou-se confortável no sofá, esperando a garçonete que trouxe uma garrafa de Erdinger.

— Coisa boa... — disse para si mesma depois de um gole. Eles estavam demorando. Talvez a peça que pregou tivesse sido pesada demais.

Demorou quase 20 minutos para que todos voltassem, exceto Norman, que levou quase meia hora. Ally já estava preocupada que ele perdesse o começo do show quando ele finalmente chegou.

— Você vai me pagar por essa...

— Ah, Shoo ...pensei que você gostava de ser reconhecido...

— Tenho meus momentos...o Greg mandou bem no lugar, não?

— Eu gostei bastante...

— Até porque aqui não tem o perigo de você se perder de novo.

Ally estava pensando no que responder, mas as luzes diminuíram, e a luz no palco aumentou. Era uma luz vermelha, quase que deixava o lugar parecendo uma cena de "Gritos e Sussurros".

Mas não era a hora de chatear Norman sobre filmes do Bergman.

Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.Onde histórias criam vida. Descubra agora