Não era nenhuma surpresa que Sean o recebesse na entrada com luzes multicoloridas como se ele fosse a festa em si. Era apenas o jeito dele, que Ally considerava "extrovertido além do aceitável".
Na verdade era de certa forma uma coisa boa que Ally não estivesse lá. Nunca havia tratado mal nenhum dos amigos, mas ele notava que quando se tratava de Sean, Ally fazia um esforço extra para lidar. Não gostava das brincadeiras infantis e os trocadilhos às vezes invasivos demais. Achava que Sean era uma companhia que dava trabalho demais, sempre marcando os limites antes que ele os atravessasse e fosse tarde demais.
Norman também sabia que Sean trazia sempre uma dose de constrangimento para as pessoas ao redor, não tinha um senso de limite com as piadas. Mas para ele era algo naturalmente ajustável, não chegava a parecer um problema.
— Deve ser bom poder ter uma noite de folga da patroa, não é? — ele disse enquanto puxava Norman para o balcão e pedia dois Manhattans. Norman tentou recusar, mas com Sean era inutil.
— Não precisa falar assim, cara...não é assim.
— Eu sei, eu sei, estava brincando! Mas ela é meio durona com você às vezes, né....quer dizer, se até arrastou você pra fora de NY, não deve ser...
— Ninguém me arrastou, Sean. Escuta, precisamos mesmo falar da minha vida conjugal?
— Jamais, irmãozinho, é o tipo de coisa que eu prefiro não saber. Vamos lá em cima, a casa está cheia, e podemos fumar em paz.
— E como está indo o livro? — Norman perguntou enquanto puxava do bolso o maço de cigarros.
— Quase pronto. Mas consegui uma editora, já tem tudo arranjado. Aliás, a festa de lançamento vai ser aqui, já tenho tudo planejado, menos a data.
— Só o mais importante... — Norman riu enquanto tomava mais um gole do drinque.
— Você viu quem mais está aqui? — Sean perguntou enquanto apontava com o queixo. — Duas horas.
Norman olhou para trás, mas só viu um casal que parecia estar discutindo, ambos visivelmente alterados tentando não serem tão óbvios. Algumas outras pessoas iam e vinham.
— Norm? — Olhou para o outro lado, onde Helena estava esperando para cumprimentá-lo. — Você veio sozinho?
— A Ally voltou para Senoia, fiquei para trás. — ele brincou com ela. Sean viu algum outro conhecido e gritou em sua direção.
— Eu pensei que você ia voltar com ela. Está tudo bem?
— Sim, sim, está tudo em ordem. É só questão de trabalho mesmo.
Atrás dele, ouviu um homem gritando e vidro estilhaçado. O homem havia jogado uma taça de mimosa no chão, bem na frente da esposa e saía porta afora. Só então Norman reconheceu; era Diane quem estava lá. Olhava ao redor, constrangida e sem saber para onde olhar.
— Você está bem? — Ele perguntou com uma preocupação genuína. Ally tinha razão, eles eram mais que um casal estranho, eram extremamente infelizes um com o outro.
Ela estava com um vestido rosa-alaranjado comprido e tentava garantir que não haviam estilhaços de vidro na dobra do vestido.
— Estou sim. Esse babaca...você acredita nisso?
— O que aconteceu?
— Não queira saber. Mas enfim, é aquilo, né? Uma hora o limite chega...essa foi a última vez, chega...
Ela não parecia triste, parecia furiosa. Norman tentou ajudá-la, segurando sua mão para que ao menos saísse de perto dos estilhaços.
— Bem...foi uma cena e tanto que aconteceu aqui...
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Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.
Chick-LitForam dois anos de esforços, tentado sustentar a relação e finalmente conquistar a confiança de Ally. Mas será que esses esforços bastavam? Com a relação evoluindo ao passo que a carreira de Norman avança, más decisões farão mal a todos. Mas será me...