TRAMPOLIM

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— Acho que se eu apertar um pouquinho mais aqui.... — Ally bufou entre os dentes cerrados enquanto forçava a chave de boca no último parafuso. Soltou a ferramenta no chão, deixando o som tilintar e ecoar dentro da caixa de metal por todo o bosque.

Deu três passos para trás enquanto recuperava o fôlego, admirando o trampolim cujo último parafuso estendia a lona preta. Izzy segurava os dedinhos enquanto observava com os olhinhos azuis quase cobertos pela touquinha amarela.

— Mas não se anime, mocinha; por enquanto você só observa.

— E eu pulo! — Ian passou por ela rindo, já sem os sapatos e se debruçando para subir no trampolim.

— Ainda não, mocinho! Pode voltar aqui. — chamou o filho estalando os dedos e apontando para o chão com o indicador. — Você fica bem aqui. Já confiei demais na minha força, mas hoje as coisas não funcionam mais assim. Jeeeefff!

Estava tão empolgada que se esqueceu por um momento da filhinha. Izzy se assustou tanto que "explodiu" com os bracinhos abertos e um choro desesperado.

— Tadinha, mãe! Não faz isso! — Ian se adiantou, debruçando-se sobre a cadeirinha de descanso enquanto acarinhava o rostinho da irmã. — Não, não fica assim, Izzy, a mamãe é maluca, não é com você que ela gritou, ssshhh,ssshhh...

Iza saiu de dentro da casa segurando a mão de Gus, filho do Jeffrey. O menino havia chegado três dias antes e logo ele e Ian se tornaram amigos inseparáveis. E igualmente ansiosos para pular no trampolim.

— Você conseguiu montar mesmo esse trambolho? — Iza perguntou enquanto se agachava para ajudar Gus a tirar os tênis.

— É...mas não foi fácil. Acho que apertei bem os parafusos, mas preciso de uma segunda opinião. — Apontou para Jeff enquanto protegia os olhos do sol com a mão.

— Eu falei que ajudava, não era para você montar sozinha...

— Só preciso de ajuda com os parafusos, não sei se está bom de força, ou...

— Duvidando da própria força? Com certeza, não é mais a mesma Ally...

Ally revirou os olhos enquanto ele ria se divertindo com o pequeno momento que ela estava obrigada a abrir mão do orgulho.

— Nada como um brinquedo infantil para roubar a dignidade, não? Mas está tudo bem...vou apertar mais um pouco, só por garantia. Parece bem firme, mas nunca se sabe...

— E se você não confiar na sua força., chamo quem? O Gus?

— Se não passasse a noite em claro no telefone com o Normy, talvez não precisasse da ajuda do Jeffrey...

— Até você, Iza?

Jeffrey estourou uma gargalhada.

— Se vocês falassem mais baixinho...mas não, nunca foi assim, nem nunca será...

— Vocês querem mesmo essa discussão? Porque eu passei uns dias na casa de vocês, esqueceram?

— Não tem nada que você possa dizer. Sempre fomos mais.discretos.

— Menos loucos, acho que seria a melhor definição... — Iza estava se divertindo com a discussão toda.

Ally riu e cruzou os braços, como se estivesse pensando, mantendo o olhar distante para o céu.

— Não, desculpe, mas isso não é totalmente verdade. Lembro de passar uma ou três madrugadas cantando e balançando a Izzy enquanto o Ian me abraçava assustado com "ruídos" que o acordavam...

Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.Onde histórias criam vida. Descubra agora