"And the cat's in the cradle and the silver spoon
Little boy blue and the man in the moon
"When you coming home, son?" "I don't know when"
But we'll get together then, dad
You know we'll have a good time then"
Assim que passaram pela porta e à medida que entravam na sala enorme ficava bem claro o que Ally queria dizer com "museu pessoal". As janelas se estendiam da porta até o outro lado da parede em 4 painéis duplos, entretanto estavam cobertos com cortinas pesadas que deviam morar ali há pelo menos 20 anos, a julgar pelo amarelado. O piso de tacos enegrecidos e as paredes tão amareladas quanto as cortinas quase o distraíram do cheiro de couro ressecado que se espalhava a partir de um sofá e par de poltronas que nem mesmo um mercado de pulgas se interessaria. Todos os móveis, a mesinha de centro, a cristaleira cheia de papéis (a maioria eram contas e cartas de protesto além de multas) e um buffet estavam espalhados pelo espaço aberto, eram todos em estilo colonial entalhados em madeira preta. Se não fosse um apartamento, com certeza os móveis pertenceriam a uma decoração preguiçosa de Halloween em um parque de diversões fajuto.
— Ally, minha filha... — disse o homem com uma voz baixa que não disfarçava tão bem o rancor quanto pensava — Pensei que meus netos viriam junto.
— Um outro dia, talvez.
Parecia que era outra Ally. A voz dela estava suave, tão suave quanto cantar para Izzy antes de dormir ou ajudando o Ian na lição de casa. "Isso ainda vai explodir e não vai ser bonito, cara", advertiu o sogro apenas em pensamento. Por um momento ela estava olhando ao redor, como se procurasse as chaves do carro ou esquecido a carteira na última visita.
Porém essa visita havia sido há quase uma década.
Só então que Norman entendeu o que Ally procurava. Além do homem com um curativo enorme uns 10 cm à direita do centro do peito gordo sentado à mesa de jantar (igualmente antiga), não havia nenhuma outra cadeira.
— Pelo visto foi grave o que aconteceu, não? — apontou o dedo para o peito nu do homem. — Também pensei que teria mais...companhia. Não que eu faça questão. Talvez não.
O velho não olhava para Ally, mas para Norman, com a boca um pouco aberta e os olhos, estranhamente castanhos e amendoados como os de Ally, apenas um pouco mais enevoados. Era como se ele estivesse o tempo todo escolhendo um papel para desempenhar. O cabelo crespo com poucos grisalhos perdidos entre os fios pretos cresciam apenas até acima das orelhas.
— Ela nunca foi muito boa com os modos, cara. Prazer, Saulo. — ele retorceu a boca como se sentisse dor, mas Norman percebeu que estendia a mão esquerda, criando dúvidas quanto à ser uma dor real ou fingimento.
— Norman. Como vai? — segurou a palma fria e úmida do homem. Não era só de Ally o nervosismo.
— Então...— respirou fundo enquanto olhava ao redor, para qualquer direção que não fosse para o canto da sala onde o pai estava e ficava balançando os braços até bater as palmas diante do corpo como uma criança entediada. — Como você está? Precisa de alguma coisa, posso ajudar em alguma coisa?
O homem ajeitou o corpanzil na cadeira, por um minuto algo parecido com uma névoa escureceu sua expressão, mas logo mudou para um sorriso quase paternal.
— Só fico feliz que você veio...Eu nunca entendi, fiquei tão magoado...por que você me afastou assim?
— Tenho muitos motivos pra ficar longe de você, pai...e você sabe quais.
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Problemática- (Sometimes) Bad Can Do You Some Good.
ChickLitForam dois anos de esforços, tentado sustentar a relação e finalmente conquistar a confiança de Ally. Mas será que esses esforços bastavam? Com a relação evoluindo ao passo que a carreira de Norman avança, más decisões farão mal a todos. Mas será me...