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Algumas vezes eles podiam pagar por uma moeda, outras vezes não, mas cada peça que eles adicionavam à coleção era um tesouro. Minha mãe esperava partilhar a mesma paixão comigo, incluindo o sacrifício que ela requeria. Crescendo, eu tive que dormir com cobertores extras no inverno, e eu só comprava um único par de sapatos por ano; nunca havia dinheiro para minhas roupas, a não ser que elas viessem do Exército da Salvação. Minha mãe nem tinha uma câmera. A única foto tirada de nós foi em um evento de moedas em Atlanta. Um negociador tirou nossa foto enquanto nós estávamos de pé em frente a sua barraca e depois nós enviou a foto. Por anos ela ficou empoleirada na mesa da minha mãe. Na foto, o braço dela estava jogado sobre os meus ombros, e nós duas estávamos sorrindo alegremente. Na minha mão, eu segurava um níquel búfalo 1926-D em condição de pedra preciosa, uma moeda que minha mãe tinha acabado de comprar. Estava entre os níqueis búfalos mais raros, e nós acabamos comendo cachorro quente e feijão por um mês, visto que a moeda custou mais do que ela esperava.

Mas eu não me importava com os sacrifícios - por um tempo de qualquer forma. Quando minha mãe começou a falar comigo sobre moedas eu devia estar na primeira ou segunda série na época ela falou comigo como igual ter um adulto, especialmente sua mãe, tratando você como um igual é uma coisa importante para qualquer criança, e eu aproveitava a atenção absorvendo a informação. Logo eu podia lhe dizer quantas águias duplas Saint-Gaudens foram cunhadas em 1927 comparadas com 1924 e porque uma moeda de dez centavos Barber cunhada em Nova Orleans era dez vezes mais valiosa do que a mesma moeda cunhada no mesmo ano na Filadélfia. Eu ainda posso, a propósito. Ainda que, diferente do minha mãe, eu comecei a parar com a minha paixão por moedas.

Era tudo sobre o que minha mãe parecia ter a capacidade de falar, e depois de seis ou sete anos de finais de semana passados com ela ao invés de com amigos, eu queria sair. Como a maioria das garotas, eu comecei a me importar com outras coisas: esportes, garotas, carros e música, primeiramente, e quando fiz 14 anos, eu passava muito pouco tempo em casa. Meu ressentimento começou a crescer também. Pouco a pouco, eu comecei a notar diferenças no modo que nós vivíamos quando me comparava com a maioria dos meus amigos. Enquanto eles tinham dinheiro para gastar indo ao cinema ou comprando um par de óculos estiloso, eu me achava procurando por moedas no sofá pra comprar um hambúrguer no McDonald's. Mais do que alguns dos meus amigos receberam carros nos seus aniversários de 16 anos; minha mãe me deu um dólar prateado Morgan de 1883 cunhado em Carson City. Os rasgos do nosso sofá usado eram cobertos por um cobertor, e nós éramos a única família que eu conheço que não tinha tv a cabo ou um forno micro-ondas.

Quando a nossa geladeira quebrou, ela comprou uma usada que era da cor do tom mais horroroso de verde do mundo, uma cor que não combinava com mais nada na cozinha. Eu ficava com vergonha só de pensar em chamar meus amigos para me visitar, e culpei minha mãe por isso. Eu sei que era muito ridículo eu me sentir assim se a falta de dinheiro me incomodava tanto, eu poderia ter aparado gramados ou arranjado empregos estranhos, por exemplo, mas as coisas eram assim. Eu era cega como um caracol e boba como um camelo, mas mesmo que eu lhe dissesse que eu me arrependo da minha imaturidade agora, eu não posso desfazer o passado.

Minha mãe sentiu que alguma coisa estava mudando, mas ela estava perdida sobre o que fazer com a gente. Ela tentou, no entanto, do único modo que ela sabia, do único modo que o pai dela sabia. Ela falava sobre moedas-era o único assunto que ela podia discutir com facilidade e continuou a fazer meus cafés-da-manhã e jantares; mas o nosso estranhamento cresceu com o tempo. Ao mesmo tempo, eu me afastei dos amigos que eu sempre conheci. Eles começaram a fazer panelinhas, baseadas principalmente em que filmes eles iriam ver ou nas últimas camisas que eles tinham comprado no shopping, eu percebi que estava olhando pra eles de fora. Que se danem, eu pensei. No Ensino Médio, existe sempre um espaço pra todo mundo, eu comecei a me juntar com o tipo errado de pessoas, pessoas que não davam a mínima pra nada, o que me deixava não dando a mínima também. Eu comecei a cabular aulas e a fumar e fui suspensa três vezes por brigar.


QUERIDA LARY (gilary)Onde histórias criam vida. Descubra agora