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Apesar da hora, o ar já estava quente. Nós passamos alguns minutos na areia perto da beira da água repassando o básico do surf, e explicando como subir na prancha.

Quando Giana achou que estava pronta, eu entrei na água carregando a prancha, andando ao lado dela.

Havia apenas alguns surfistas lá, os mesmos que eu tinha visto no dia anterior. Estava tentando descobrir o melhor lugar pra levar Giana pra que ela tivesse espaço suficiente quando me dei conta de que não podia mais vê-la.

— Espera, espera! — ela gritou atrás de mim. — Para, para... — Eu me virei. Giana esta na ponta dos pés enquanto os primeiros respingos de água atingiam sua barriga, e a parte superior de seu corpo rapidamente se encheu de areia com pingos de agua. Ela parecia estar tentando se elevar da água.

— Deixa eu me acostumar com isso... — Deu alguns gritos rápidos e audíveis e cruzou os braços. — Wow. Isso é muito frio. Santa mãe! — Santa mãe? Não era exatamente algo que meus amigos diriam.

— Você se acostuma, — eu disse, sorrindo com afetação.

— Eu não gosto de sentir frio. Eu odeio sentir frio.

— Você vive nas montanhas, onde neva.

— É, mas nós temos essas coisas chamadas jaquetas, luvas e toucas que vestimos pra ficarmos aquecidos. E a primeira coisa que fazemos pela manhã não é nos jogarmos em águas polares.

— Engraçado, — eu disse.

Ela continuou a pular. — É, muito engraçado. Quero dizer, Jesus!

Jesus? Eu sorri. Sua respiração começou a se nivelar gradualmente, mas os pingos de agua ainda estavam lá. Ela deu outro pequeno passo pra frente. — Dá mais certo se você simplesmente pular e mergulhar em vez de ficar se torturando em estágios, — eu sugeri.

— Você faz do seu jeito, eu faço do meu, — ela disse, sem se impressionar com a minha sabedoria. — Não acredito que você quis vir agora. Eu estava pensando alguma hora à tarde, quando a temperatura estivesse acima de congelante.

— Está fazendo quase 26 graus.

— Tá, tá, — ela disse, finalmente se aclimatando. Descruzando os braços, ela deu outra série de inspirações, então mergulhou talvez uma polegada. Tomando coragem, ela jogou um pouco de água nos braços. — Certo, acho que estou chegando lá.

— Não se apresse por minha causa. Sério. Leve o tempo que precisar.

— Eu vou, obrigada, — ela disse, ignorando o tom provocador. — Certo, — disse novamente, mais pra si mesma que pra mim. Deu um pequeno passo pra frente, depois outro. Enquanto se movia, seu rosto era uma máscara de concentração, e eu gostei do jeito que ele ficava. Tão sério tão intenso. Tão ridículo.

— Pare de rir de mim, — ela disse, notando minha expressão.

— Eu não estou rindo.

— Eu posso ver no seu rosto. Você está rindo por dentro.

— Tá certo, eu vou parar.

Eventualmente ela caminhou para se juntar a mim, e quando a água estava nos meus ombros ela subiu na prancha. Segurei a prancha no lugar, tentando novamente não ficar olhando pro corpo dela, o que não era fácil, considerando que ela estava bem na minha frente. Forcei-me a monitorar as ondas atrás de nós.

— E agora?

— Você lembra o que fazer? Remar com força, agarrar a prancha dos dois lados perto da frente e depois ficar em pé em cima dela?

— Entendi.

— É meio difícil no começo. Não fique surpresa se você cair, mas se acontecer, só siga a onda. Normalmente você só aprende depois de algumas tentativas.

— Certo, — ela disse, e eu vi uma pequena onda se aproximando.

— Prepare-se... — eu disse, contando o tempo da onda. — Certo, comece a remar...

QUERIDA LARY (gilary)Onde histórias criam vida. Descubra agora