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Por um longo momento, nenhuma de nós se moveu. Com seu olhar fixo no meu, percebi que fora um erro ter vindo, ter aparecido assim sem avisar. Sabia que deveria dizer algo, qualquer coisa, mas nada me veio à mente. Só conseguia olhar para ela.

As memórias voltaram como uma avalanche, todas elas, e notei quão pouco ela mudara desde a última vez que nos vimos. Como eu, ela vestia jeans e uma camiseta manchada de terra, e suas botas de cowboy estavam desgastadas e arranhadas. De algum modo, aquele visual campestre lhe dava um charme rústico. Seu cabelo estava mais comprido, mas ela ainda tinha o sorriso contagiante que eu sempre adorei.

— Giana —, eu disse finalmente.

Só depois de falar, percebi que ela ficara tão enfeitiçada quanto eu. De repente, ela abriu um sorriso largo e cheio de um prazer inocente.

— Lary — ela gritou.

— É bom ver você de novo.

Ela balançou a cabeça, como tentando aclarar a mente, então apertou os olhos novamente. Quando finalmente se convenceu que eu não era uma miragem, partiu em minha direção e atravessou a porteira. Momentos depois, senti os braços dela em volta de mim, seu corpo quente e acolhedor. Por um segundo, era como se nada tivesse mudado entre nós. Quis que aquele abraço não terminasse nunca. Mas quando ela se afastou, quebrou a ilusão e nos tornamos estranhas outra vez. O rosto dela fazia a pergunta que eu tinha sido incapaz de responder durante a longa viagem até ali.

— O que você esta fazendo aqui?

Desviei o olhar. — Não sei — disse. — Só precisava vir.

Embora ela não tenha perguntado mais nada, havia uma mistura de curiosidade e hesitação em sua expressão, como se ela não tivesse certeza de que queria uma explicação. Dei um pequeno passo para trás, abrindo espaço para ela. Identifiquei os contornos sombrios dos cavalos na escuridão e senti que os acontecimentos dos últimos dias aos poucos voltavam para mim.

— Minha mãe morreu — sussurrei, as palavras surgiram do nada. — Acabo de vir do funeral.
Ela ficou quieta. Sua expressão adquiriu a compaixão espontânea que tanto  me atraiu no passado.

— Oh, Lary... Sinto muito — murmurou.

Ela se aproximou novamente, e desta vez havia urgência em seu abraço.
Quando se afastou, metade do seu rosto ficou na sombra.

— Como aconteceu? —, ela perguntou, ainda segurando a minha mão.

Percebi uma tristeza genuína em sua voz, e fiz uma pausa incapaz de resumir os últimos dois anos em uma única frase.

— É uma longa história — disse.

Sob as luzes do celeiro, julguei detectar em seu olhar traços das memórias que ela queria manter enterradas, de uma vida muito antiga. Quando ela soltou minha mão, vi a aliança brilhando no dedo esquerdo. Essa visão foi como uma ducha de água fria, um choque de realidade.

Ela compreendeu minha expressão. — Sim —, ela disse, — estou casada.

— Desculpe — disse, balançando a cabeça. — Não deveria ter vindo.

Surpreendendo-me, ela gesticulou ligeiramente.

— Tudo bem — disse, inclinando a cabeça. — Como você me encontrou?

— É uma cidade pequena. — Dei de ombros. — Perguntei pra alguém.

— E simplesmente... te contaram?

— Fui convincente.

Foi esquisito, e nenhuma de nós sabia o que dizer. Parte de mim esperava continuar ali, enquanto conversávamos como velhas amigas sobre tudo o que havia acontecido conosco desde nosso último encontro. Outra parte de mim esperava que a pessoa dela aparecesse do nada a qualquer momento e, ou me estendesse a mão ou me desafiasse para uma briga. Em meio ao silêncio, um cavalo relinchou. Atrás dela havia quatro cavalos com as cabeças enfiadas no comedouro, metade nas sombras, metade iluminados pela luz do celeiro. Três outros cavalos, incluindo Midas, olhavam para Giana como que perguntando se ela havia se esquecido deles. Giana por fim fez um sinal por cima do ombro.

— Tenho de cuidar deles também — disse ela. — É a hora da comida, e eles estão ficando impacientes.

Quando assenti, Giana deu um passo para trás e virou-se. Assim que chegou ao portão, ela acenou.

— Você quer me dar uma mão?

Hesitei, olhando em direção a casa. Ela seguiu meu olhar.

— Não se preocupe — disse. — Não tem ninguém em casa, e sua ajuda seria muito bem vinda. — A voz dela estava surpreendentemente tranquila.

Embora não soubesse como interpretar aquela resposta, concordei.

— Fico feliz em ajudar.— Resmunguei.— vou tentar.

No celeiro, ela separou um pedaço de feno e, em seguida, mais dois e entregou-os a mim.

— Basta jogar nos comedouros perto dos outros. Eu estou indo pegar a aveia.

Fiz o que ela mandou, e os cavalos se aproximaram. Giana saiu carregando dois baldes.

— É melhor você dar um pouco de espaço para eles, Eles podem derrubar você por acidente.

Eu me afastei, e Giana pendurou os baldes na cerca. O primeiro grupo de cavalos trotando em direção a eles. Giana os observou com evidente orgulho.

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Eae blz?

Não postei ontem pq tava um pouco mal por conta da vacina...

#100% Lacoste kkkk

QUERIDA LARY (gilary)Onde histórias criam vida. Descubra agora