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— Meu nome é Giana, — ela disse. — Giana Mello. E estes são Pablo, Luis e Nicole. — Ela estendeu a mão.

— Sou Laryssa Cardoso, — eu disse, apertando a mão dela. Sua mão era quente, macia como veludo em alguns lugares, mas calejada em outros. Imediatamente tive consciência de quanto tempo fazia que eu tinha tocado uma mulher.

— Bem, eu sinto como se devesse fazer algo por você.

— Você não precisa fazer nada.

— Você já comeu? — ela perguntou, ignorando meu comentário. — Estamos nos preparando para um churrasco, e tem muita comida. Gostaria de se juntar a nós?

Os garotos trocaram olhares. Luis de camisa rosa parecia desapontado e eu admito que isso me fez sentir melhor. "Ei, talvez ela queira uma recompensa". Que idiota.

— É, vamos, — Pablo finalmente apoiou, soando menos que animado. —Vai ser divertido. Nós alugamos a casa perto do píer. — Ele apontou para uma das casas na praia onde meia dúzia de pessoas preguiçavam no deque.

Mesmo que eu não tivesse nenhum desejo de passar mais tempo com mais irmãos de fraternidade, Giana sorriu pra mim com tanta amabilidade que as palavras saíram antes que eu pudesse pará-las.

— Parece legal. Deixa só eu pegar minha prancha lá no píer e logo estarei lá.

— Encontramos você lá, — Luis falou. Deu um passo em direção a Giana, mas ela o ignorou.

— Eu acompanho você, — Giana disse, se afastando do grupo, — É o mínimo que eu posso fazer. — Ela ajeitou a bolsa no ombro. —Vejo vocês daqui a pouco, ok?

Começamos a andar em direção a duna, onde as escadas nos levariam ao píer. Seus amigos se demoraram um pouco, mas quando ela chegou ao meu lado, eles se viraram lentamente e começaram a andar pela praia. Do canto do olho, vi a loira virar a cabeça e nos olhar por entre os braços de Pablo. Luis também olhou emburrado. Eu não estava certa que Giana tinha notado até nos andarmos alguns passos.

— Nicole provavelmente pensa que eu sou louca por fazer isso, — ela disse.

— Fazer o que?

— Andar com você. Ela acha que Luis é perfeito pra mim, e vem tentando fazer com que a gente fique junto desde que chegamos aqui essa tarde. Ele tem me seguido o dia todo.

Balancei a cabeça, sem saber como responder. À distância, a lua, cheia e brilhante, tinha começado sua subida vagarosa do mar, e eu vi Giana olhando pra ela. Quando as ondas arrebentavam e transbordavam, brilhavam prateadas, como se tivessem sido pegas pelo flash de uma câmera. Chegamos ao píer. A grade estava cheia de areia e sal e a madeira estava danificada pela maresia e começava a se despedaçar.

Os degraus rangeram enquanto subíamos.

— Onde é a sua estação? — ela perguntou.

— Na Alemanha. Estou em casa de licença por algumas semanas para visitar minha mãe. E você é das montanhas, eu presumo?

Ela me olhou surpresa. — Lenoir. — Ela me analisou. — Me deixa adivinhar, meu sotaque, certo? Você acha que eu falo como se fosse do interior, não é?

— De jeito nenhum.

— Bem, eu sou. Do interior, quero dizer. Cresci numa fazenda e tudo. E sim, eu sei que tenho um sotaque, mas me disseram que algumas pessoas acham charmoso.

— Luis parecia achar que sim.

Saiu antes que eu pudesse me segurar. No estranho silêncio, ela passou uma mão sobre os cabelos.

— Luis parece ser um jovem legal, — ela comentou depois de um tempo, — mas eu não o conheço tão bem. Não conheço realmente a maioria das pessoas da casa, tirando Mary e Nicole. — Ela espantou um mosquito. — Você vai encontrar a Mary mais tarde. Ela é uma mina da hora. Você vai gostar dela. Todo mundo gosta.

— E você realmente está aqui de férias por uma semana?

— Um mês, na verdade - mas não, não são realmente férias. Nós somos voluntários. Você ouviu falar do Habitat para a Humanidade, certo? Nós estamos aqui para ajudar a construir algumas casas. Minha família está envolvida nisso há anos.

QUERIDA LARY (gilary)Onde histórias criam vida. Descubra agora