— E... — eu tentei mas não consegui pensar em nada. — Não sei, — confessei. — Mas seja o que for, me desculpe por isso também.
Ela estava com uma expressão curiosa no rosto. — É isso?
Eu pensei. — Não sei mais o que dizer, — admiti.
Meio segundo depois eu notei o mínimo traço de um sorriso. Ela se moveu em minha direção. — É isso? — ela repetiu, sua voz mais suave. Eu não disse nada. Ela chegou mais perto, me surpreendendo, escorregando seus braços em volta do meu pescoço.
— Você não precisa se desculpar, — ela murmurou. — Não há razão para estar arrependida. Eu provavelmente teria reagido da mesma forma.
— Então por que o interrogatório?
— Porque, — ela disse, — me mostra que eu estava certa a seu respeito em primeiro lugar. Eu sabia que você tinha um bom coração.
— Do que você está falando?
— Só o que eu disse, — ela respondeu. — Mais tarde depois daquela noite, quer dizer Mari me convenceu que eu não tinha o direito de dizer o que eu disse. Você estava certa. Eu não tenho a capacidade de fazer nenhum tipo de avaliação profissional, mas eu fui arrogante o suficiente para pensar que eu tinha. Em relação ao que aconteceu na praia, eu vi tudo. Não foi sua culpa. Até mesmo o que aconteceu com a Mari não foi sua culpa, mas foi bom ouvir suas desculpas de qualquer forma. Mesmo que só pra saber que você pode fazer isso no futuro.
Ela se inclinou em minha direção e quando eu fechei os olhos, eu sabia que não queria nada mais a não ser segurá-la assim para sempre.
Mais tarde, depois de passarmos uma grande parte da noite conversando e nos beijando na praia, corri meu dedo sobre sua mandíbula e murmurei, — Obrigado.
— Pelo que?
— Pelo livro. Acho que entendo minha mãe um pouco melhor agora. Nós nos divertimos noite passada.
— Fico feliz.
— E obrigado por ser quem você é.
Quando ela franziu o cenho, eu beijei sua testa. — Se não fosse você, — eu acrescentei, — eu não seria capaz de dizer isso a minha mãe. Você não sabe o quanto isso significa pra mim.
Embora ela devesse trabalhar na construção no dia seguinte, Mariana tinha sido compreensiva quando ela explicou que seria a última chance de nos vermos antes de eu voltar para a Alemanha. Quando eu peguei ela, Mari desceu os degraus da casa e se abaixou ao lado do carro, seus olhos ficando no nível da janela. Os machucados tinham ficado pretos. Ela prendeu a mão na janela.
— Foi um prazer conhecer você, Lary.
— Você também, — eu disse, sendo sincera.
— Tome cuidado, certo?
— Vou tentar, — respondi enquanto apertávamos as mãos, atingida pela sensação de que havia uma ligação entre nós.
Giana e eu passamos a manhã no Fort Fisher Aquário, enfeitiçadas pelas estranhas criaturas expostas lá. Vimos peixes-agulha com seus longos narizes e cavalos marinhos em miniatura; no tanque maior estavam tubarões e dourados. Rimos enquanto segurávamos os caranguejos eremitas e Giana me comprou um chaveiro como souvenir da loja de presentes. Por alguma estranha razão havia um pinguim nele, o que a divertiu sem fim.
Mais tarde, eu a levei para um restaurante ensolarado perto da água e nós seguramos as mãos por cima da mesa enquanto observávamos os barcos à vela se balançando gentilmente nas ondas. Perdidas uma na outra, mal reparamos no garçom, que teve que vir à mesa três vezes antes de nós termos aberto nossos cardápios.
Me maravilhei com a forma fácil com que Giana mostrava suas emoções e a ternura de suas expressões enquanto eu contava a ela sobre Minha mãe. Quando ela me beijou depois, eu provei da doçura do seu hálito. Peguei a sua mão.
— Eu vou casar com você, você sabe.
— É uma promessa?
— Se você quiser que seja.
— Bem, então você tem que prometer que voltará pra mim quando sair do exército. Não posso casar com você se você não estiver por perto.
— É um acordo.