63°

331 59 10
                                    


Senti Giana me chutar embaixo da mesa. Ela sacudiu a cabeça quase imperceptivelmente. Tenho que admitir que adorei a visão de Giana se envergonhando, mas era o bastante. Fingi me concentrar. — Não consigo me lembrar agora, — eu disse.

— Odeio quando isso acontece, — sua mãe disse. — O café está bom?

— Está ótimo, — eu disse. — Obrigada. — Olhei para Giana. — Qual é a agenda de hoje?

Ela se inclinou por cima da mesa. — Pensei que nós podíamos ir cavalgar, acha que você gostaria?

Quando eu hesitei, ela riu. — Você vai ficar bem, — ela acrescentou. —Prometo.

— É fácil pra você falar.

Ela montou Midas; pra mim ela sugeriu um cavalo chamado Pepper, que seu pai montava geralmente. Passamos a maior parte do dia subindo por trilhas, galopando por campos abertos e explorando essa parte do mundo dela. Ela preparou um almoço de piquenique e comemos em um lugar que tinha vista de toda Lenoir. Ela apontou escolas que frequentou e casas de pessoas que ela conhecia. Me ocorreu que ela não apenas amava o lugar como nunca iria querer viver em outro lugar.

Passamos seis ou sete horas nas selas e fiz o meu melhor para acompanhar Giana, embora isso fosse perto de impossível. Não acabei com minha cara na terra, mas houveram alguns momentos perigosos aqui e ali quando Pepper se comportou mal e levei tudo o que eu tinha pra me segurar. Não foi até Giana e eu nos aprontarmos para o jantar que eu me dei conta no que tinha me metido, contudo. Pouco a pouco, comecei a me dar conta que a minha caminhada lembrava o andar de um animal de quatro patas. Os músculos anteriores das minhas pernas estavam como se Gaab tivesse batido neles por horas.

No sábado á noite, Giana e eu fomos jantar num aconchegante restaurante italiano. Depois disso, ela sugeriu que fôssemos dançar, mas aí eu mal podia me mover. Enquanto eu mancava em direção ao carro, ela adotou uma expressão preocupada e esticou o braço para me parar.

Se inclinando ela agarrou minha perna. — Dói quando eu aperto aqui?

Eu pulei e gritei. Por alguma razão, ela achou divertido.

— Por que você fez isso? Doeu!

Ela sorriu. — Estava só checando?

— Checando o que? Eu já lhe disse - estou inflamada.

— Eu só queria ver se uma fraca garotinha faria a mulher foda do exercito gritar de dor.

Esfreguei minha perna. — É, bem, não vamos mais testar isso, certo?

— Certo, — ela disse. — Eu sinto muito.

— Você não parece sentir.

— Bem, eu sinto, — ela disse. — Mas é meio que engraçado, não acha? Quer dizer, eu montei o mesmo tempo que você e eu estou bem.

— Você monta o tempo todo.

— Eu não montava a mais de um mês.

— É, bem.

— Vamos lá. Admita. Foi engraçado, não foi?

— Nem um pouco.

No domingo, fomos à igreja com a família dela. Eu estava muito inflamada pra fazer mais alguma coisa pelo resto do dia, então eu fiquei no sofá e assisti a uma partida de baseball com o pai dela. A mãe de Giana trouxe sanduíches e eu passei a tarde estremecendo toda vez que tentava ficar confortável enquanto o jogo tinha entradas extras. O pai dela era fácil de conversar e a conversa fluíram da vida no exército para ensinar algumas das crianças que ele treinava e suas esperanças para o futuro delas. Gostei dele. Do meu lugar, eu podia ouvir Giana e sua mãe conversando na cozinha, e de vez em quando Giana vinha até a sala com uma cesta de roupas para dobrar enquanto sua mãe colocava outra carga na máquina de lavar.

Embora tecnicamente fosse uma universitária formada e adulta, ela ainda trazia suas roupas sujas para a mãe lavar.

Naquela noite, dirigimos de volta à Chapel Hill e Giana me mostrou seu apartamento. Era escasso no departamento de móveis, mas era relativamente novo e tinha uma lareira a gás e uma varanda que tinha vista para o campus. Apesar do clima ameno, ela acendeu a lareira e lanchamos queijo e bolachas, o que, tirando cereal, era tudo que ela tinha para oferecer. Pareceu indescritivelmente romântico para mim.

Conversamos até quase meia-noite, mas Giana estava mais quieta do que o normal.

Algum tempo depois, ela caminhou até o quarto. Quando ela não voltou, fui encontrá-la.

Estava sentada na cama, e eu parei na porta.

Ela apertou as duas mãos e deu um longo suspiro. — Então... — ela começou.


>>>>>>>>>>>>>

Tô voltando......

QUERIDA LARY (gilary)Onde histórias criam vida. Descubra agora