O Natal naquele ano foi um assunto triste, mas é sempre triste quando se está longe de casa. Não foi o meu primeiro Natal sozinha durante meus anos em serviço. Todo feriado era passado na Alemanha e algumas pessoas no nosso quartel tinham armado uma árvore improvisada uma lona verde enrolada em uma vara e decorada com pisca piscas. Mais da metade dos meus colegas tinham ido pra casa eu era uma das desafortunadas que tinham que ficar para o caso dos nossos amigos, os russos, colocassem na cabeça que nós ainda éramos inimigos e a maioria dos outros foram até a cidade celebrar a véspera de natal ficando bêbados com cerveja alemã de qualidade. Eu já tinha aberto o pacote que Giana me mandou um suéter que me lembrava alguma coisa que Mariana vestiria e um punhado de cookies feitos em casa eu sabia que ela já tinha recebido o perfume que eu a enviei. Mas eu estava sozinha e como um presente a mim mesma, embarquei em uma cara ligação com Giana. Ela não esperava a ligação e eu relembrei a excitação em sua voz por semanas depois disso. Acabamos falando por mais de uma hora. Tinha sentido falta do som da voz dela. Tinha esquecido seu sotaque instável e a nasalização que se tornava mais pronunciada quando ela começava a falar rápido. Me encostei em minha cadeira, imaginando que ela estava comigo e ouvindo enquanto ela descrevia a neve que caía. Ao mesmo tempo, me dei conta de que também nevava do lado de fora da minha janela, o que, mesmo que só por um instante, fez sentir como se estivéssemos juntas.
Eu já tinha começado a contar os dias pra quando eu a veria novamente. Minha licença de verão seria em junho, e eu estaria fora do exército em menos de um ano. Tinha acordado de manhã e literalmente dito a mim mesma que faltavam 360 dias, depois 359 e 358 até eu sair fora, mas eu veria Giana em 178, depois 177, 176 e assim por diante. Era tangível e real, perto o bastante para me permitir sonhar em me mudar para a Carolina do Norte; por outro lado, infelizmente fez o tempo ir mais devagar. Não é sempre assim quando você realmente quer alguma coisa? Me lembrou de quando eu era garota e os longos dias enquanto eu esperava que chegassem as férias de verão. Se não fossem as cartas de Giana, eu não tenho dúvida de que a espera teria sido muito maior.
Minha mãe também escreveu. Não com a frequência de Giana, mas na sua própria agenda mensal. Para minha surpresa, suas cartas eram duas ou três vezes mais longas do que a única página a que eu estava acostumada. As páginas adicionais eram exclusivamente sobre moedas. No meu tempo livre, eu visitava o centro de informática e fazia uma pequena pesquisa por conta própria. Procurava por certas moedas, coletava a história e mandava a informação de volta em uma carta minha. Juro, da primeira vez que fiz isso, acho que vi lágrimas na próxima carta que ela me mandou. Não, não realmente sei que era só minha imaginação porque ela nunca nem mencionou o que eu tinha feito mas eu queria acreditar que ela tinha estudado as informações com a mesma intensidade que costumava estudar o Greysheet.
Em fevereiro, fui mandada em manobras com outras tropas estávamos supostamente enfrentando uma investida violenta de tanques pelo interior da Alemanha.
Depois disso, passei os próximos meses monótonos na base. Claro, fizemos as aulas ocasionais de armas e navegação e de vez em quando eu ia até a cidade beber uma cerveja com o pessoal, mas pela maior parte do tempo eu levantei toneladas de peso, corri centenas de quilômetros e acabei com Gaab todas as vezes que nós estávamos no ringue de boxe. A primavera na Alemanha não foi tão ruim quanto eu pensei que seria depois do desastre que nós passamos nas manobras.
Quando junho finalmente chegou, me peguei ficando nervosa pra voltar pra Carolina do Norte. Giana já tinha se formado e já estava na escola de verão tendo aulas pra sua especialização, então eu planejei viajar até Chapel Hill. Teríamos duas semanas gloriosas juntas, até mesmo quando eu fosse ver minha mãe em Wilmington, ela planejava ir comigo e eu me peguei me sentindo alternadamente nervosa, animada e assustada com esse pensamento.
Sim, tínhamos nos correspondido pelo correio e conversado pelo telefone.
Sim, eu tinha saído pra olhar a lua na primeira noite da lua cheia e em suas cartas ela me disse que também tinha olhado. Mas eu não a tinha visto durante quase um ano e não tinha ideia de como ela reagiria quando estivéssemos cara a cara novamente. Ela correria para os meus braços quando eu saísse do avião, ou sua reação seria mais contida, talvez um beijo gentil na bochecha? Cairíamos em uma conversa fácil imediatamente ou ficaríamos conversando sobre o tempo e nos sentindo estranhas perto uma da outra? Eu não sabia e ficava deitada acordada à noite imaginando milhares de cenários diferentes. Gaab sabia pelo que eu estava passando, embora fosse esperto o bastante para não chamar muita atenção para isso. Ao invés disso, enquanto a data se aproximava, ele dava palmadinhas nas minhas costas.
— Você vai vê-la logo, — ele disse. — Está pronta pra isso?
— Sim.
Ele sorriu com afetação. — Não se esqueça de comprar tequila no caminho pra casa.
Fiz uma careta e Gaab riu.
— Vai ficar tudo bem, — ele disse. — Ela te ama.Ela tem que amar, considerando o quanto você a ama.
<<<<<<<<<<<<<<<
Não revisado.