— Hey, — eu chamei quando elas estavam perto.
Não muito suave, e eu não posso dizer que esperava alguma coisa como resposta.
A loira provou que eu estava certa. Ela olhou pra minha prancha e pra garrafa de cerveja na minha mão e me ignorou com um rolar de olhos. A morena, no entanto, me surpreendeu.
— Oi, estranha, — ela respondeu com um sorriso. Ela gesticulou em direção a minha prancha. — Aposto que as ondas foram ótimas hoje.
O comentário dela me pegou de baixa guarda, e eu ouvi uma bondade inesperada em suas palavras. Ela e sua amiga continuaram descendo até o fim do píer, e eu me peguei a observando enquanto ela se apoiava na grade. Eu debati se deveria ou não ir até ela e me apresentar, então decidi que não. Elas não eram meu tipo, ou mais precisamente, eu não era o delas. Dei um longo gole na minha cerveja, tentando ignorá-las.
Tentando como pudesse, no entanto, eu não conseguia impedir meu olhar de flutuar de volta para a morena. Tentei não escutar o que as duas garotas falavam, mas a loira tinha uma daquelas vozes impossíveis de ignorar.
Ela falava sem parar sobre algum cara chamado Pablo e o quanto ela o amava, e como a fraternidade dela era a melhor da UNC, e a festa que eles tiveram no fim do ano foi a melhor de todas, e que os outros deveriam se juntar a eles no próximo ano, e que muitas das amigas dela estavam se agarrando com o pior tipo de caras de fraternidade, e uma delas até ficou grávida, mas a culpa era dela mesma visto que ela tinha sido alertada sobre o garoto. A morena não falava muito-eu não sabia se ela estava entretida ou entediada com a conversa - mas de vez em quando, ela ria. De novo, eu ouvi algo amigável e compreensivo na sua voz, alguma coisa semelhante a voltar pra casa, o que eu admito, não fez nenhum sentido. Enquanto eu colocava de lado minha garrafa de cerveja, notei que ela colocou a bolsa na grade.
Elas tinham ficado lá por dez minutos mais ou menos antes de dois caras começarem a subir o píer - caras de fraternidade, eu adivinhei - vestindo blusas rosa e laranja da Lacoste sobre seus shorts da Bermuda. Meu primeiro pensamento foi que um daqueles dois devia ser o Pablo sobre o qual a loira falava. Os dois carregavam cervejas e ficavam mais furtivos enquanto se aproximavam como se pretendessem dar um susto nas garotas. Era mais que provável que as duas garotas queriam eles ali, e depois de um rápido susto, completo com um grito e alguns tapas amigáveis no braço, eles iriam voltar juntos, rindo e fazendo gozações ou o que quer que seja que casais universitários façam.
Tudo devia ter acontecido desse jeito, porque os garotos fizeram exatamente o que eu pensei que eles fariam. Assim que eles chegaram perto, pularam nas garotas com um grito; as duas guincharam e fizeram o negócio das tapinhas amigáveis. Os garotos piaram e o de camisa rosa derramou um pouco da sua cerveja. Ele se apoiou na grade, perto da bolsa e cruzou as pernas, com seus braços atrás dele.
— Ei, nós vamos começar a fogueira em alguns minutos, — o de camisa laranja disse, colocando seus braços em volta da loira. Ele beijou o pescoço dela. — Vocês duas estão prontas para voltar?
— Pronta? — a loira perguntou, olhando para a amiga.
— Claro, — a morena respondeu.
O de camisa rosa se desencostou da grade, mas de algum modo sua mão deve ter batido na bolsa, porque ela escorregou, então caiu por cima da borda. O splash soou como se um peixe tivesse pulado.
— O que foi isso? — ele perguntou, se virando.
— Minha bolsa! — a morena gritou. — Você derrubou.
— Desculpe, — ele disse, não parecendo particularmente arrependido.
— Minha carteira estava lá!
Ele franziu o cenho. — Eu pedi desculpas.
— Você tem que ir pegar antes que afunde!
Os caras da fraternidade pareciam congelados, e eu sabia que nenhum dos dois tinha a intenção de pular na água e pegar a bolsa. Pra começar, eles provavelmente nunca iriam achá-la, e depois teriam que nadar até a areia, algo que não era recomendado se alguém tivesse bebido o que eles obviamente tinham feito. Eu acho que a morena também leu a expressão do de camisa rosa, porque eu a vi colocando as duas mãos e um pé na grade. — Não seja boba. Já era, — o de camisa rosa declarou, colocando a sua mão nas dela para pará-la. — É muito perigoso para pular. Dever ter tubarões lá embaixo. É só uma carteira. Eu compro uma nova pra você.
— Eu preciso daquela carteira! Todo o meu dinheiro está lá!
Não era da minha conta, eu sei. Mas tudo o que eu podia pensar enquanto me punha de pé e corria para a beira do píer era, Ah, que se dane...
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Sumida porque estou muito ansiosa pro clipe aaaaaaaaaaaaahhh!!!!