O céu ainda estava brilhante e o sol estava se inclinando por sobre a água quando eu cheguei à casa. Quando desci do carro, percebi que estava nervosa. Não conseguia me lembrar da última vez que alguma garota tinha me feito ficar nervosa, mas eu não podia dispensar o pensamento de que de alguma forma, as coisas podiam ter mudado entre nós. Eu não sabia como ou por que eu me sentia daquele jeito; tudo o que sabia era que ainda não tinha certeza do que faria se meus medos se confirmassem.
Não me dei ao trabalho de bater e simplesmente entrei na casa. A sala estava vazia, mas eu podia ouvir vozes no hall e havia o grupo habitual de pessoas no deque traseiro. Saí para o deque, chamando por Giana e me disseram que ela estava na praia.
Desci para a areia e congelei quando a vi sentada perto da duna, junto a Luis, Pablo e Nicole. Ela não tinha me notado e eu ouvi ela rir de alguma coisa que Luis disse. Ela e Luis pareciam um casal tanto quanto Nicole e Pablo. Eu sabia que eles não eram, que eles provavelmente estavam só conversando sobre a casa que estavam construindo ou compartilhando experiências dos últimos dias, mas eu não gostei. Nem gostei do fato que Giana estava sentada tão perto de Luis quanto ela esteve de mim. Enquanto estava em pé ali, me perguntei se ela sequer lembrava do nosso encontro, mas ela sorriu quando me viu como se nada estivesse errado.
— Aí está você, — ela disse. — Estava me perguntando quando você iria aparecer.
Luis sorriu, apesar do comentário dela, ele tinha uma expressão quase vitoriosa. Quando os gatos não estão, os ratos fazem a festa, ele parecia estar dizendo.
Giana se levantou e caminhou na minha direção. Ela estava vestindo uma blusa branca sem mangas e uma saia clara e solta que balançava quando ela andava. Eu podia ver a cor adicional em seus ombros que me dizia que ela tinha passado horas ao sol. Quando se aproximou, ela ficou na ponta dos pés e plantou um beijo na minha bochecha.
— Oi, — ela disse, colocando um braço em volta da minha cintura.
— Oi.
Ela se inclinou para trás ligeiramente, como se analisasse minha expressão.
— Você parece ter sentido a minha falta, — ela disse, sua voz provocando. Como sempre, eu não pude pensar em uma resposta e ela piscou com a minha inabilidade de admitir que eu tinha. — Talvez eu tenha sentido sua falta também,— ela acrescentou.
Toquei seu ombro nu. — Pronta pra ir?
— Como sempre estarei, — ela disse.
Começamos a andar em direção ao carro e eu peguei a mão dela, seu toque me fazendo sentir como se tudo estivesse certo com o mundo. Bem, quase...
Eu me endireitei. — Vi você falando com o Luis, — eu disse, tentando manter minha voz neutra.
Ela apertou minha mão. — Você viu, não foi?
Tentei de novo. — Presumo que vocês puderam se conhecer enquanto estavam trabalhando.
— Com certeza pudemos. Eu estava certa também. Ele é um jovem legal. Quando acabar aqui, ele vai pra Nova York fazer um estágio em Morgan Stanley.
— Hmm, — eu grunhi.
Ela riu. — Não me diga que você está com ciúmes.
— Não estou.
— Que bom, — ela concluiu, apertando minha mão novamente. — Porque não há razão para estar.
Me agarrei a essas últimas palavras. Ela não precisava tê-las dito, mas eu não podia estar mais feliz porque ela tinha dito. Quando chegamos ao carro, abri sua porta.
— Estava pensando em te levar no Oysters, — eu disse. — É um clube noturno perto da praia. Eles terão uma banda mais tarde e nós podemos dançar.
— O que iremos fazer até lá?
— Está com fome? — perguntei, pensando no cheesburguer que eu tinha passado mais cedo.
— Um pouco, — ela disse. — Fiz um lanche quando voltei, então ainda não estou com muita fome.
— Que tal caminharmos na praia?
— Hmm... talvez mais tarde.
Era óbvio que ela já tinha algo em mente. — Por que você não me diz o que quer fazer?
Ela se iluminou. — Que tal irmos dar um oi pra sua mãe?
Eu não tinha certeza se ouvira direito. — Sério?
— Sim, sério, — ela disse. — Só por um tempinho. Depois podemos ir comer em algum lugar e ir dançar.
Quando hesitei, ela colocou uma mão no meu ombro. — Por favor?