— Giana disse que queria lhe conhecer, — eu disse finalmente, tentando novamente.
Ela cortou sua carne. — Sua amiga?
Só a Minha mãe falaria desse jeito. — É, — eu disse. — Acho que você iria gostar dela.
Ela assentiu.
— Ela estuda na UNC, — expliquei.
Ela sabia que era a vez dela e eu pude sentir o seu alívio quando outra pergunta veio à sua mente. — Como você a conheceu?
Contei a ela sobre a bolsa, detalhando a história, tentando fazê-la a mais humorada possível, mas o riso passou longe dela.
— Isso foi típico de você, — ela observou.
Outro cortador de conversas. Cortei outro pedaço de carne. — Mãe? Você se importa se eu lhe fizer uma pergunta?
— Claro que não.
— Como você conheceu o meu pai?
Era a primeira vez que eu perguntava por ele em anos. Porque ele nunca tinha sido parte da minha vida, porque eu não tinha memórias dele, eu raramente sentia a necessidade de perguntar. Até mesmo agora, eu realmente não me importava; eu só queria que ela falasse comigo. Ela levou tempo colocando mais manteiga em sua batata e eu sabia que ela não queria responder.
— Nos conhecemos em um pequeno restaurante, — ela disse finalmente.— Ele era garçom. — Eu esperei. Me pareceu que nada mais viria.
— Ele era bonito?
— Sim, — ela disse.
— Como ele era?
Ela machucou a batata e colocou sal com cuidado. — Ele era como você, — ela concluiu.
— Como assim?
— Humm... — ela hesitou. — Ele podia ser... Teimoso.
Eu não tinha certeza o que pensar e nem o que ela quis dizer. Antes que eu pudesse insistir nisso, ela se levantou da mesa e agarrou seu copo.
— Você quer mais leite? — perguntou e eu sabia que ela não diria mais nada sobre ele.
O tempo é relativo. Sei que não sou a primeira a me dar conta disso, estou longe de ser uma das mais famosas e minha descoberta não teve nada a ver com energia, massa, a velocidade da luz ou qualquer coisa que Eisntein possa ter postulado. Em vez disso, tinha a ver com as longas e chatas horas que esperei por Giana.
Depois que minha mãe e eu terminamos de jantar eu pensei nela; pensei nela novamente assim que acordei. Passei o dia surfando e apesar das ondas estarem melhores do que estavam no dia anterior, eu não conseguia me concentrar e decidi parar ao meio dia. Debati se compraria ou não um cheesburguer em uma pequena lanchonete na beira mar - os melhores hambúrgueres da cidade, à propósito - mas mesmo estando afim, eu simplesmente fui pra casa, esperando que pudesse convencer Giana a comer um hambúrguer mais tarde. Li um pouco do livro mais novo do Stephen King, tomei banho e vesti um par de calças e uma camisa preta, depois li por mais algumas horas antes de olhar para o relógio e me dar conta de que só tinham se passado vinte minutos. Foi isso que eu quis dizer com o tempo ser relativo.
Quando minha mãe chegou em casa, ela viu como eu estava vestida e me ofereceu suas chaves.
— Está indo ver a Giana? — ela perguntou.
— Sim, — eu disse, me levantando do sofá. Peguei as chaves. — Vou voltar tarde.
Ela coçou a cabeça. — Certo, — ela disse. — Café amanhã certo?— Por algum motivo que eu não pude entender, ela parecia quase assustada.
— Certo, — eu disse. — Vejo você mais tarde, tá?
— Eu provavelmente estarei dormindo.
— Não quis dizer literalmente.
— Ah, — ela disse. — Certo.
Me encaminhei para a porta. Assim que a abri, ouvi ela suspirar. — Eu gostaria de conhecer a Giana também, — ela disse com uma voz tão suave que eu mal ouvi.
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