Passamos a tarde na água. Tanto quanto eu gostei da vista do close de Giana deitada na prancha com o qual eu estava sendo presenteada, gostei da vista dela surfando ainda mais. Pra melhorar ainda mais as coisas, ela pediu para me observar enquanto se esquentava na praia, e eu fui presenteada com a minha própria vista privada enquanto aproveitava as ondas.
No meio da tarde nós estávamos deitadas em toalhas perto uma da outra, mas não tão perto, o resto do grupo estava atrás da casa. Alguns olhares curiosos vinham em nossa direção, mas na maioria, ninguém parecia notar que eu estava lá, a não ser Luis e Nicole. Nicole franziu o cenho intencionalmente pra Giana; Luis, enquanto isso estava contente de ficar com Pablo e Nicole segurando vela e chupando o dedo. Mariana não estava a vista.
Giana estava deitada de barriga pra baixo, uma vista tentadora. Eu estava de costas ao seu lado, tentando cochilar no calor preguiçoso mas distraída demais com a presença dela para relaxar completamente.
— Ei ,— ela murmurou. — Me fale sobre as suas tatuagens.
Rolei minha cabeça na areia. — O que tem elas?
— Não sei. Porque você as fez, o que elas significam.
Apoiei-me em um cotovelo. Apontei pra o meu braço esquerdo, que tinha uma águia e uma faixa. — Certo, essa é a insígnia da infantaria, e isso — apontei pra as palavras e letras — é como somos identificados: companhia, batalhão, regimento. Todo mundo no meu esquadrão tem uma. Nós fizemos logo depois do treinamento básico no Fort Benning em Georgia quando estávamos comemorando.
— Por que diz 'Partida' embaixo dela?
— É meu apelido. Recebi durante o treinamento básico, cortesia do nosso amado sargento de treinamento. Eu não estava montando a minha arma rápido o bastante e ele basicamente disse que iria dar partida numa certa parte do meu corpo se eu não conseguisse deixar meu equipamento no ponto. O apelido pegou.
— Ele parece agradável, — ela brincou.
— Ah, é. Chamávamos ele de Lúcifer pelas costas.
Ela sorriu. — Pra que foi o arame farpado em cima dela?
— Nada, — eu disse, sacudindo a cabeça. — Fiz essa antes de me alistar.
— E o outro braço?
Um caractere chinês. Não queria entrar em detalhes naquela, então balancei a cabeça. — É do meu tempo de 'estou perdida e não dou a mínima'. Não significa nada.
— Não é um caractere chinês?
— É.
— Então o que significa? Tem que significar alguma coisa. Como bravura, honra ou algo assim?
— É uma profanação.
— Ah, — ela disse com uma piscadela.
— Como eu disse, não significa nada pra mim agora.
— Tirando que você nunca deve mostrá-la se um dia você for a China.
Eu ri. — É, tirando isso, — concordei.
Ela ficou quieta por um momento. —Você era uma rebelde, então?
Assenti. — Há muito tempo atrás. Bem, não tanto tempo assim. Mas parece muito tempo.
— Foi isso que você quis dizer quando disse que o exército era uma coisa que você precisava naquele tempo?
— Foi bom pra mim.
Ela pensou sobre isso. — Me diga - você teria pulado pra pegar minha bolsa naquela época?
— Não. Provavelmente teria rido do que aconteceu.
Ela avaliou minha resposta, como se estivesse se perguntando se acreditava em mim ou não.