Mais tarde, passeamos pelos terrenos da Oswald Plantation, uma lindamente restaurada casa anterior a Guerra Civil que ostentava alguns dos mais belos jardins do estado. Conversamos pelos caminhos de cascalho, contornando grupos de flores silvestres que floresciam milhares de cores diferentes no calor preguiçoso do sul.
— Que horas seu vôo sai amanhã? — ela perguntou. O sol começava sua descida gradual no céu sem nuvens.
— Cedo, — eu disse. — Provavelmente estarei no aeroporto antes de você acordar.
Ela assentiu. — E você vai passar a noite de hoje com sua mãe, né?
— Foi o que eu estava planejando. Eu provavelmente não tenho passado tanto tempo com ela como eu deveria, mas tenho certeza que ela entenderia.
Ela balançou a cabeça para me parar. — Não, não mude seus planos. Eu quero que você passe um tempo com a sua mãe. Esperava que você passasse. É por isso que estou com você hoje.
Caminhamos pela extensão de um elaborado caminho alinhado por sebes.
—Então o que você quer fazer? — perguntei. — Sobre nós, eu quero dizer.
— Não vai ser fácil, — ela disse.
— Eu sei que não, — eu disse. — Mas não quero que tudo isso acabe. —Parei, sabendo que palavras não seriam suficientes. Em vez disso, por trás, escorreguei meus braços em volta dela e apertei seu corpo contra o meu. Beijei sei pescoço e sua orelha, saboreando sua pele aveludada. — Eu vou ligar pra você o máximo que puder, escreverei quando não puder ligar e vou pedir outra licença no próximo ano. Onde quer que você esteja, é pra lá que eu vou.
Ela se inclinou pra trás, tentando pegar um vislumbre do meu rosto. — Você vai?
Apertei ela. — É claro. Quer dizer, não estou feliz em te deixar e queria mais que tudo que minha base fosse perto daqui, mas isso é tudo o que eu posso prometer nesse momento. Posso pedir uma transferência assim que voltar, e eu irei, mas você nunca sabe como essas coisas são.
— Eu sei, — ela murmurou. Por alguma razão, sua expressão séria me fez ficar nervosa.
— Você vai me escrever? — perguntei.
— Não, — ela brincou, e meu nervosismo desapareceu. — É claro que sim,— ela disse sorrindo. — Como você pode ao menos se importa em perguntar? Eu vou escrever o tempo todo. E só pra você saber, eu escrevo as melhores cartas.
— Eu não duvido.
— Tô falando sério, — ela disse. — Na minha família, é isso que nós fazemos todas as férias. Escrevemos cartas para as pessoas que gostamos muito. Contamos a eles o que significam pra nós e o quanto estamos ansiosos para vê-los novamente.
Beijei seu pescoço novamente. — Então, o que eu significo pra você? E quanto você está ansiosa pra me ver novamente?
Ela se inclinou pra trás. — Você vai ter que ler minhas cartas.
Eu ri, mas senti meu coração se partir. — Vou sentir sua falta, — eu disse.
— Eu também.
— Você não parece tão triste em relação à isso.
— É por que eu já chorei, lembra? Além do mais, não é como se nós nunca fôssemos nos ver novamente. Foi isso que eu finalmente me dei conta. É, vai ser difícil, mas a vida passa rápido nos veremos de novo. Eu sei disso. Posso sentir. Do mesmo modo que posso sentir o quanto você se importa comigo e o quanto eu amo você. Meu coração sabe que isto não acabou e que nós vamos superar isso. Muitos casais superam. Também, muitos casais não superam, mas eles não têm o que nós temos.
Eu queria acreditar nela. Queria mais que tudo, mas me perguntei se era assim tão simples.
Quando o sol desapareceu abaixo do horizonte, caminhamos de volta ao carro e eu a levei à casa da praia. Parei um pouco abaixo na rua para que ninguém na casa pudesse nos ver e quando saímos do carro, pus meus abraços em volta dela. Nos beijamos e eu a segurei perto de mim, sabendo de certeza que o próximo ano seria o mais longo da minha vida. Desejei fervorosamente que nunca tivesse me alistado, que eu fosse uma mulher livre. Mas eu não era.
— Eu provavelmente devo ir agora.