Pensei sobre isso, esperando que fosse verdade. Enquanto considerava, ouvimos um grito alto vindo da casa e eu avistei algumas garotas perto do fogo. Um dos caras tinha os braços ao redor de uma garota e a empurrava pra frente; ela ria e lutava contra ele. Pablo e Nicole estavam agarrados ali perto, mas Luis tinha sumido.
— Você disse que não conhece a maioria das pessoas com as quais vai morar?
Ela balançou a cabeça, seus cabelos varrendo seus ombros. Ajeitou outra mecha. — Não tão bem. Nós encontramos a maioria deles pela primeira vez na inscrição, e depois hoje quando chegamos aqui. Quero dizer, podemos ter nos visto pelo Campus uma vez ou outra e eu acho que muitos deles já se conhecem, mas eu não. A maioria está em fraternidades. Eu ainda vivo em um dormitório. Mas eles são um bom grupo.
Enquanto ela respondia, tive a sensação de que era o tipo de pessoa que nunca diria uma coisa ruim sobre ninguém. Sua consideração com os outros me ocorreu como refrescante e madura, e ainda, estranhamente, eu não estava surpresa. Era parte daquela qualidade indefinida que eu tinha sentido nela desde o começo, um comportamento que a diferenciava.
— Quantos anos você tem? — eu perguntei enquanto nos aproximávamos da casa.
— 19. Fiz aniversário no mês passado. E você?
— 20. Você tem irmãos ou irmãs?
— Não. Sou filha única. Só eu e meus pais. Eles ainda vivem em Lenoir, e ainda estão felizes depois de vinte e cinco anos. Sua vez.
— O mesmo. A não ser por mim, sempre fomos só eu e minha mãe. — Eu sabia que minha resposta levaria a uma pergunta seguinte sobre o status do meu pai, mas para a minha surpresa, ela não veio. Em vez disso, ela perguntou.
— Foi ela que lhe ensinou a surfar?
— Não, isso eu aprendi sozinha quando era criança.
— Você é boa. Estava te observando mais cedo. Faz parecer tão fácil. Me faz querer saber como surfar.
— Ficaria feliz em te ensinar se você quiser aprender, — me ofereci. — Não é tão difícil. Vou estar aqui amanhã.
Ela parou e fixou seu olhar em mim. — Agora, não faça ofertas que você não está certa se pretende manter. — Ela estendeu a mão para o meu braço, me deixando sem fala, então indicou a fogueira. — Está pronta para conhecer algumas pessoas?
Eu engoli, sentindo uma secura repentina na minha garganta, o que foi simplesmente a coisa mais estranha que já aconteceu comigo.
A casa era um daqueles monstros de três andares com uma garagem no térreo e provavelmente seis ou sete quartos. Um deque imenso circulava o andar principal; toalhas estavam estendidas nas grades, e eu podia ouvir o som de múltiplas conversas vindo de todas as direções. Havia uma churrasqueira no deque e eu podia sentir o cheiro de cachorro-quente e frango cozinhando; o menino que estava debruçado em cima da churrasqueira estava sem camisa e vestia uma touca na cabeça, tentando parecer um urbano legal. Não estava funcionando, mas isso me fez rir.
Na areia em frente, a fogueira estava em um fosso, com várias garotas vestindo blusões de moletom maiores que elas sentadas ao redor, todas fingindo não estarem conscientes dos garotos ao redor delas. Enquanto isso, os garotos estavam em pé além delas, parecendo estar tentando posar de um modo que acentuasse o tamanho de seus braços ou esculpisse seus abdomens e agindo como se não notassem as garotas nem um pouco. Eu já tinha visto isso no Leroy's; cultas ou não, crianças ainda eram crianças. Eles estavam no começo dos vinte, e a luxúria estava no ar. Jogados na praia e na cerveja, e eu podia adivinhar o que aconteceria depois; mas eu já teria ido embora há muito tempo até lá.
Quando Giana e eu chegamos mais perto, ela diminuiu o passo antes de apontar. — Que tal ali, ao lado da duna? — ela sugeriu.
— Claro.
Pegamos um lugar de frente para o fogo. Algumas outras garotas olharam, checando a menina nova, antes de se recolherem em suas conversas. Luis finalmente andou em direção ao fogo com uma cerveja, viu Giana e eu e rapidamente nos deu as costas, seguindo o exemplo das garotas.
— Frango ou cachorro-quente? — ela perguntou, parecendo indiferente a tudo isso.
— Frango.
— O que você quer beber?
A luz do fogo fez do seu olhar quase misterioso. — Qualquer coisa que você for beber está bom. Obrigado.
— Volto logo.