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E o que eu tinha feito com os outros? Ela sabia que eu era uma soldada, mas agora que ela tinha visto uma pequena parte do que isso significava, ela ainda iria sentir o mesmo sobre mim?

Quando cheguei em casa, era mais de meia-noite. Entrei na casa escurecida, me esgueirei para a toca da minha mãe, depois para o quarto. Ela não estava acordada, é claro; ela ia para a cama na mesma hora todas as noites. Uma mulher de rotina, como eu sabia e Giana tinha destacado.

Engatinhei para a cama, sabendo que não dormiria e desejando que pudesse começar a noite novamente. Desde a hora que ela tinha me entregado o livro, de qualquer forma. Eu não queria mais pensar sobre nada disso. Eu não queria pensar sobre minha mãe, Giana, ou sobre o que eu tinha feito com nariz de Mariana. Mas durante toda a noite eu encarei o teto, incapaz de escapar dos meus pensamentos.

Me levantei quando ouvi minha mãe na cozinha. Eu estava vestindo as mesmas roupas da noite anterior, mas duvidei que ela tivesse se dado conta disso.

— Bom dia, mãe, — murmurei.

— Oi, Lary, — ela disse. — Quer tomar café da manhã?

— Claro, — eu disse. — O café está pronto?

— No bule.

Me servi de uma xícara. Enquanto minha mãe cozinhava, notei as manchetes no jornal, sabendo que ela iria ler a seção de capa primeiro, depois a metropolitana. Ela ignoraria a seção de esportes e da vida. Uma mulher de rotina.

— Como foi sua noite? — eu perguntei.

— Como sempre, — ela disse. Não me surpreendi quando ela não me perguntou nada de volta. Ao invés disso, ela correu a espátula pelos ovos mexidos. O bacon já estava chiando. Depois de um tempo, ela retornou para mim e eu já sabia o que ela perguntaria.

— Se importa de colocar algum pão na torradeira?

Minha mãe saiu para trabalhar exatamente às 7:35h.

Assim que ela saiu eu escanei o jornal, desinteressada nas notícias, perdida sobre o que fazer depois. Eu não tinha vontade de surfar, ou até mesmo deixar a casa, eu estava me perguntado se deveria voltar pra cama pra tentar descansar um pouco quando ouvi um carro estacionar na entrada da garagem. Imaginei que fosse alguém que viesse deixar um panfleto oferecendo um serviço de limpar calhas ou de lavar o molde do telhado; me surpreendi quando ouvi uma batida.

Abrindo a porta, eu congelei, pega completamente fora de guarda. Mariana mudou seu peso de um pé para o outro. — Oi, Lary, — ela disse. — Eu sei que é cedo, mas posso entrar?

Um grande esparadrapo estava no seu nariz e a pele ao redor dos dois olhos estava machucada e inchada.

— Sim... claro, — eu disse, dando um passo para o lado, ainda tentando processar o fato de que ela estava aqui. Mari passou por mim e entrou na sala.

— Eu quase não achei sua casa, — ela disse. — Quando te deixei antes era tarde e eu não estava prestando muita atenção. Passei direto algumas vezes antes de finalmente registrar.

Ela sorriu de novo e me dei conta de que ela carregava um pequeno saco de papel.

— Quer café? — perguntei, saindo do meu estado de choque. — Acho que o que está no bule ainda dá para uma xícara.

— Não, tudo bem. Estava acordada a maior parte da noite e prefiro não beber cafeína. Quero me deitar quando voltar à casa.

Assenti. — Ei, escuta... sobre o que aconteceu ontem à noite, — eu comecei.— Me desculpe. Eu não queria...

Ela ergueu a mão para me parar. — Tudo bem. Eu sei que você não queria. E eu deveria saber. Eu deveria ter tentado agarrar um dos outros.

A analisei. — Dói?

— Tudo bem, — ela disse. — Só foi uma daquelas noites na sala da emergência. Levou algum tempo pra ver um médico, e ele queria chamar alguém pra ajeitar meu nariz. Mas eles juraram que vai ficar bom como novo. Eu posso ficar com um pequeno inchaço, mas estou esperando que me dê uma aparência mais marcada.

Eu sorri, depois me senti mal por fazê-lo. — Como eu disse, me desculpe.

— Eu aceito suas desculpas, — ela disse. — E agradeço. Mas não foi por isso que eu vim aqui. — Ela gesticulou para o sofá. — Se importa se sentarmos? Me sinto um pouco tonta.

Sentei na ponta da cadeira reclinável, me inclinando pra frente com os cotovelos nos joelhos. Mari sentou no sofá, se contraindo enquanto tentava ficar confortável. Ela deixou a sacola de papel ao lado.

— Quero falar com você sobre a Giana, — ela disse. — E sobre o que aconteceu noite passada.

QUERIDA LARY (gilary)Onde histórias criam vida. Descubra agora