Ouvi caras na minha unidade jurarem que estavam apaixonados depois de voltar da licença e talvez eles estivessem mas nunca durava.
Passar algum tempo com Giana me fez me perguntar se era possível desafiar a norma. Eu queria mais dela e não importava o que acontecesse entre nós, eu já sabia que nunca esqueceria nada sobre ela. Apesar de parecer loucura, ela estava se tornando parte de mim e eu já temia o fato de que nós não poderíamos passar o dia de amanhã juntas. Nem o dia depois, ou o dia depois disso. Talvez, falei para mim mesma, nós pudéssemos derrubar as apostas.
— Olha ali! — A ouvi gritar. Ela apontou o dedo em direção ao oceano. —Na quebra das ondas!
Escanei o oceano cinza mas não vi nada.
Ao meu lado, Giana de repente se levantou e começou a correr em direção a água.
— Vem! — ela gritou por cima do ombro. — Rápido!
Me levantei e corri atrás dela, intrigada. Correndo mais rapidamente, eliminei a distância entre nós. Ela parou na borda da água e eu podia ouvir sua respiração rápida.
— O que foi? — eu disse.
— Bem ali!
Quando olhei, vi ao que ela estava se referindo. Três deles estavam pegando ondas, um após o outro, depois desaparecendo no raso, apenas para reaparecer de novo mais longe na praia.
— Jovens botos, — eu disse. — Eles passam pela ilha quase toda noite.
— Eu sei, — ela disse, — mas parece que eles estão surfando.
— É, acho que sim. Eles estão apenas se divertindo. Agora que todos estão fora d'água, eles se sentem seguros para brincar.
— Quero entrar lá com eles. Sempre quis nadar com golfinhos.
— Eles vão parar de brincar, ou simplesmente nadar mais pro fundo onde você não possa alcançá-los. Eles são divertidos desse jeito. Eu já os vi enquanto surfava. Se ficam curiosos, eles se aproximam alguns metros e te olham de cima a baixo, mas se você tentar segui-los, eles vão te fazer comer poeira.
Continuamos assistindo os botos enquanto eles se afastavam, eventualmente desaparecendo da visão sob um céu que tinha ficado opaco.
— Nós deveríamos ir, — eu disse.
Voltamos ao carro, parando para pegar os restos do nosso jantar.
— Não tenho certeza se a banda já está tocando, mas não deve demorar.
— Não importa, — ela disse. — Tenho certeza que podemos encontrar alguma coisa para fazer. Além disso, eu devo alertá-la, não sou muito de dançar.
— Não temos que ir se você não quiser. Poderíamos ir a outro lugar se você quiser.
— Como aonde?
— Você gosta de barcos?
— Que tipo de barcos?
— Dos grandes, — eu disse. — Sei de um lugar onde você pode ver o USS North Carolina.
Ela fez uma careta engraçada e eu sabia que a resposta era não. Não foi a primeira vez que eu desejei ter minha própria casa. Mas novamente, eu não tinha nenhuma ilusão de que ela me seguiria até lá se eu tivesse. Se eu fosse ela, não iria também. Sou apenas humana.
— Espera, — ela disse, — eu sei de um lugar que podemos ir. Quero lhe mostrar uma coisa.
Intrigada, eu perguntei, — Onde?
Considerando que o grupo de Giana tinha começado seu trabalho apenas ontem, a casa estava surpreendentemente encaminhada. A maior parte da estrutura já estava terminada e o teto também já tinha sido construído. Giana olhou pra fora da janela do carro antes de se virar para mim.
— Você quer caminhar por lá? Ver o que estamos fazendo?
— Eu adoraria, — eu disse.
A segui pra fora do carro, notando o jogo da luz da lua em seus traços.
Quando pisei na terra do lugar da construção, me dei conta de que podia ouvir músicas de um rádio saindo de uma das janelas da cozinha dos vizinhos. A alguns passos da entrada, Giana indicou a estrutura com um óbvio orgulho. Me aproximei o bastante para passar meu braço em volta dela e ela inclinou sua cabeça nos meus ombros enquanto relaxava.