Quando o sol começou sua ascensão do mar no domingo de manhã, me sentei ao lado de Giana. Seu rosto estava iluminado com o brilho do amanhecer e seu cabelo caía no cobertor. Ela tinha um braço sobre a barriga e o outro acima da cabeça e tudo que eu pude pensar foi que eu gostaria de passar todas as manhãs pro resto da minha vida acordando ao lado dela.
Fomos à igreja novamente e Mari estava do seu jeito alegre de sempre, apesar do fato de que nós mal falamos com ela durante toda a semana. Ela me perguntou novamente se eu queria ajudar na casa. Contei à ela que eu estaria partindo na sexta- feira seguinte e portanto, não sabia de quanta ajuda eu poderia ser.
— Acho que você está cansando ela, — Giana disse, sorrindo pra Mari.
Mari levantou as mãos. — Pelo menos você não pode dizer que eu não tentei.
Foi, talvez, a semana mais idílica que eu já passei. Meus sentimentos por Giana tinham apenas ficado mais forte, mas a medida que os dias passavam eu comecei a sentir uma ansiedade atormentadora com o quão cedo tudo isso estaria acabado. Sempre que esses sentimentos surgiam, eu tentava afastá-los, mas na noite de domingo, eu mal podia dormir. Em vez disso, eu me remexi na cama, e pensei em Giana e tentei imaginar como eu poderia ser feliz sabendo que ela estava do outro lado do oceano rodeada de homens, um dos quais parece se sentir exatamente como eu me sinto em relação à ela.
Quando cheguei na casa na manhã de segunda-feira, não consegui encontrar Giana. Pedi pra alguém olhar no quarto dela e enfiei minha cabeça em cada banheiro. Ela não estava no deque traseiro ou na praia com os outros.
Desci até a praia e perguntei, recebendo, na maior parte das vezes, dar de ombros indiferentes. Algumas pessoas não tinham nem se dado conta de que ela havia ido embora, mas finalmente uma das garotas Ana ou Bella, eu não tinha certeza - apontou para a praia e disse que tinha visto a cabeça dela naquela direção mais ou menos uma hora antes.
Eu levei um bom tempo para achá-la. Caminhei pela praia nas duas direções, finalmente vendo o píer perto da praia. Em um palpite, subi as escadas, ouvindo as ondas quebrarem abaixo de mim. Quando vi Giana, achei que ela tinha vindo ao píer para procurar botos ou observar os surfistas. Ela estava sentada com seus joelhos pra cima, encostada em um pedaço de madeira e foi só quando me aproximei que percebi que ela estava chorando.
Eu nunca sabia o que fazer quando vejo alguém chorando.
Minha mãe nunca chorou, ou se chorou, nunca foi na minha presença. E a última vez que eu chorara tinha sido na terceira série, quando caí da casa da árvore e torci meu pulso. Na minha unidade, tinha visto alguns caras chorando e eu geralmente dava tapinhas nas suas costas e depois saia andando, deixando os 'por quês' e 'o que posso fazer' para alguém com mais experiência.
Antes que eu pudesse decidir o que fazer, Giana me viu. Ela rapidamente enxugou seus olhos vermelhos e inchados e eu a ouvi dar algumas fungadas. Sua bolsa, a que eu resgatei do oceano, estava espremida entre suas pernas.
— Você está bem? — eu perguntei.
— Não, — ela respondeu e meu coração se apertou.
— Você quer ficar sozinha?
Ela considerou. — Não sei, — ela disse finalmente.
Não sabendo o que mais fazer, fiquei onde estava. Giana suspirou. — Eu vou ficar bem.
Coloquei minhas mãos nos bolsos e assenti. — Você prefere ficar sozinha?— perguntei novamente.
— Eu realmente tenho que lhe dizer?
Eu hesitei. — Sim.
Ela deu uma risada melancólica. — Você pode ficar, — ela disse. — Na verdade, vai ser legal se você chegar mais perto e sentar ao meu lado.
Sentei-me e então, depois de um breve momento de indecisão, coloquei meu braço ao redor dela. Por um momento, sentamos juntas sem dizer nada. Giana inspirava lentamente e a sua respiração se tornou constante. Ela limpou as lágrimas que continuavam a cair por suas bochechas.
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