Quando se trata de sacrifícios pelos que ela ama, nunca foi um desafio. Moon prometeu a si mesma que aguentaria tudo pela família e pelo seu povo, mas ela sabia que lá no fundo era medo. Apenas medo de perder a única pessoa capaz de lhe dar asas par...
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Minha garganta está mais seca que as terras mais profundas de um deserto, e arde tanto como o sol escaldante de um. Meus ossos quebrados trazem ondas fortes de dor lancinante pelo meu corpo e meu estômago vazio se embrulha quando faço questão de olhar ao redor vendo a comida nojenta jogada de canto, próxima a prova de que aquilo e a dor me fazem perder o apetite. O sangue seco em meu rosto coçava, mas, as unhas quebradas não podiam aliviar a pequena coceira. Minha cabeça lateja como todos os dias desde que vim parar aqui.
Quarenta e nove anos, desessete mil oitocentos e oitenta e cinco dias e quatrocentas e vinte nove mil e duzentas e quarenta horas, desde que minha vida se tornou um inferno.
Desde que, para salvar meu irmão gêmeo, minha família e meu povo, fugi dentro da madrugada fria daquele dia para me sacrificar. Não olhei para trás, não tive medo. Se fosse para salva-los, eu suportaria tudo isso de novo por mais cem anos.
Se fosse para vê-los, pela última vez, eu suportaria tudo de novo.
Foi naquele dia que me orgulhei de estar salvando a todos quando me entreguei de bandeja para Amarantha. Quando ela me deu aquele sorriso de víbora e lançou meu novo futuro em minhas mãos. Quando sugou toda a minha mágia, quando chamou seus guardas para me baterem, quando me jogou na cela fria e escura. Quando me proibiu de interagir com os outros, quando me proibiu de receber ajuda... Quando me proibiu de ver meu irmão.
Mais, de nada adiantaria. Eu carrego no peito o orgulho de salvar meu irmão, minha familía e meu povo, mas todos eles nem sequer se lembram, que um dia eu, Moon a princesa da noite, existiu.
Antes de correr até minha morte, eu não queria causar mais dor e sofrimento para ninguém, não queria ser impedida como Rhys tentou inúmeras vezes fazer.
— Eu não posso permitir que faça isso. Eu não posso te perder, irmã. Eu não posso. — Sua voz era carregada de medo e choro, como se tivessemos na infância ainda, mas permanecia firme e autoritária.
— Rhys saberá o que fazer Moon, fique conosco, segura. — Mor, nossa prima, disse com doçura segurando minha mão na sua.
Olhei para Cassian e Azriel e os dois imploravam apenas com o olhar para que eu obedecesse uma simples ordem.
— Eu ficarei.
E depois de dito isso, eu viajei para terras distantes, para lugares sombrios e até mesmo para as terras humanas afim de encontrar o grande livro de feitiços Acrabam, da antiga rainha–bruxa Acrabam.
Com esse livro fui capaz de enfeitiçar todos que eu quisesse para que se esquecessem de mim. Somente uma pessoa, na qual eu sabia que me ajudaria, ficou ileso. Thesan, grã-senhor da corte Crepuscular.
Mesmo devendo submissão a Amarantha como todos os outros, ele durante poucas vezes pode me visitar na cela, mais são tão raras que mal o vejo já que se Amarantha descubrir que meu feitiço ilesou uma pessoa, ela o mataria.
