Quando se trata de sacrifícios pelos que ela ama, nunca foi um desafio. Moon prometeu a si mesma que aguentaria tudo pela família e pelo seu povo, mas ela sabia que lá no fundo era medo. Apenas medo de perder a única pessoa capaz de lhe dar asas par...
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Pigarreio afastando os pensamentos tristes.
— Você irá descobrir quando eu falar com seu grão-senhor mas... — Apoio minhas mãos no meu quadril o apertando de leve para não ter que apertar as palmas de minhas mãos. — Fui enviada pela corte crepuscular, em paz, como pode ver os dois sentinelas me acompanharam apenas por segurança.
Indico de leve com a cabeça para o lado de fora do palácio, mas ele nem sequer olha para saber que há realmente sentinelas da corte ali. Ele sentiu, eu senti que ele sentiu.
Suas sombras sentiram.
Uma delas se desenrola de seus braços e vem de encontro ao meu rosto. Não me intimido como deveria. Eu apenas a encaro vendo ela chegar bem mais perto.
— Como vai? — Aceno com um sorriso para a sombra numa tentativa de fazer piada e Azriel imediatamente a faz voltar para o lugar.
— Bom — Ele respira fundo me observando mais uma vez. — Rhysand só vai chegar amanhã pela manhã. Nesse caso, vou te apresentar o seu quarto de hospedagem. — Concordo e então ele se vira pronto para me guiar.
Nesse momento reparo em suas asas. Fiquei tão emocionada por vê-lo que nem reparei nelas. No quanto são enormes e poderosas. Eu queria toca-las e senti-las um pouco. Mas se eu fizesse isso, poderia perder a mão antes mesmo da vida. Faz anos que não vejo uma dessas.
Que eu não tenho uma dessas.
— Aqui. — Ele aponta para uma porta e nem percebi que andamos tanto até chegar neste andar. Tomo um choque ao ver de que porta se tratava. A tranca roxa nela e os detalhes de pequenas estrelas pelos umbrais. Minhas mãos começam a suar e meu coração acelera tanto que tenho certeza que posso ser ouvida.
Meu antigo quarto do palácio.
— Esse quarto nunca foi usado antes e os outros estão em algum tipo de reforma que Rhysand inventou...
Sua voz é quase como um vento rodeando meus ouvidos. Não vejo sua feição, não vejo seu olhar. Apenas sinto que está olhando pra mim enquanto abre a porta.
Quarto de hóspede... Meu quarto.
O quarto enorme, com uma cama grande e redonda no meio, coberta por uma tenda de tecido roxo psicodélico. A parede decorada por pinturas que eu mesma fiz da chuva de estrelas brincando ao redor da lua. A varanda envidraçada dando visão das montanhas cobertas por estrelas e escuridão plena. A penteadeira branca mais afastada da entrada, perto do banheiro ainda estava lá como deixei da última vez. Dou mais um passo indo até o enorme guarda-roupas de madeira vendo que todas as minhas roupas estavam ali, guardadas sem nenhum motivo.
