Quando se trata de sacrifícios pelos que ela ama, nunca foi um desafio. Moon prometeu a si mesma que aguentaria tudo pela família e pelo seu povo, mas ela sabia que lá no fundo era medo. Apenas medo de perder a única pessoa capaz de lhe dar asas par...
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— Azriel?
— Foi logo quando passamos pelo Rito de Sangue. Eu ainda estava elétrico e com raiva. Acumulei tanto rancor que planejei a morte perfeita para eles. Moon você sabe o quanto eles me fizeram sofrer, o quanto meu pai fez minha mãe sofrer. Você sabia que além de bastardo fui filho de um estuprador?
Levo a palma da mão até a boca, totalmente chocada.
— Ele viu minha mãe e se aproveitou tanto dela que... — Ele funga respirando fundo. — Você sabe o restante da história. Então fui obrigado a aceitar aquela prisão que minha madrasta me impôs, para depois de anos descobrir que essas cicatrizes em minhas mãos não foram um acidente. Ela que ajudou seus filhos a criarem essa ideia estupida de ver o que me acontecia. Se eu morresse seria um acidente, se eu perdesse as mãos, é claro que seria um acidente.
— Az, por favor pare. — Peço com lágrimas nos olhos segurando uma de suas mãos contra meu peito, a abraçando.
— Então fiz meus meios irmãos pagarem para depois fazer Cassandra e meu pai sofrerem. Eu queria vingar minha mãe. Ela foi tão traumatizada Moon... Tão, sofrida.
Eu me lembrava. Me lembrava que minha mãe cuidava de Az como filho porque sua própria mãe entrou em colapso mental e tinha medo de tocar e ser tocada. Exatamente como eu ficaria se Azriel não tivesse me ajudado antes que fosse tarde demais.
— Eu achei que tinha feito justiça, mas... Moon e se eu fui mais cruel que todos eles? E se eu desse mais uma chance, eu... Moon, me ajude amor, por favor, me ajude.
Eu o puxo para um abraço forte e o deixo chorar em meu ombro. Eu estava chorando porque a dor de Azriel era visível e sólida.
Ninguém sabia tão bem da história de Az como eu e o que ele viveu foi a mais pura crueldade que um pai faria pelo filho. Que qualquer um pudesse fazer para uma criança. Aceitar que maldades como essas e mais fossem feitas a seu próprio filho. Aquele que tem seu sangue.
Azriel pode achar que fez muito. Que é um assassino, mas eu não acho. Na verdade, tenho certeza de que isso é justiça. Fui eu que vi Az se despedaçar e fui eu que o vi se reconstruir. Eu estava lá entregando lhe entregando os caquinhos para ele recomeçar. Para ele ser alguém que merece a vida que agora tem.
— É o que fazemos com quem merece, amor. — Sussurro sua frase e o sinto se acalmar em meus braços. — O que você fez, era para ser feito. Senão por você, mas por qualquer outra pessoa.
— Certo... Você tem razão. — Az respira fundo e sorri fraco com os olhos molhados para mim. — Sempre tem. — Ele então beija delicadamente meus lábios e me entrego a aquele carinho. — E... Moon eu não consigo tirar da minha cabeça a imagem de quando pensou que eu tivesse te traído. Pelos deuses, eu nunca conseguiria causar aquilo em você e mesmo sem ter feito nada eu causei.
Sinto um rubor nas bochechas.
— Não Az, está tudo bem lembra? Está tudo bem entre nós é só que... Misturou tudo sabe? Essa semana foi muito cheia. — Olho em seus olhos e sento em seu colo. — Prometo que depois dessa guerra, vamos recuperar anos perdidos.
