| André Magalhães Lacerda |
— Era a Sarah de novo — Lucas diz, jogando o próprio telefone em cima do sofá.
— Garota chata do caralho, não consegue encher meu saco e fica aí enchendo seu — digo suspirando, não queria ver mais a cara daquela garota nem pintada de ouro.
— Não sei quem falou pra ela que você tava aqui, se essa mina aparecer por aqui juro que coloco ela pra fora, sem noção do caralho —
— Fofoca já rolou solta — suspiro sabendo agora da minha mais nova fama de corno.
Lucas suspirou procurando uma forma de me consolar, sem muito sucesso.
Ele estava sendo um parceirassoo, me deixando ficar aqui nos últimos dias até minha cabeça voltar pro lugar, pra eu não cometer nenhuma besteira.— Quando você acha que ela vai parar de insistir? — ele pergunta nome oferecendo uma latinha de Heineken, a qual eu nego, tinha bebido nos últimos dias o que no nunca bebi na vida, só der ver cerveja na minha frente dava vontade de vomitar de novo.
— Sei lá, mas já li a cartilha pra ela que quando eu voltar pro meu apê não quero ela lá, e o que tiver sobrado de coisa dela vou jogar pela janela — digo e ele ri — Para de rir filha da puta — o repreendo e ele pede desculpas ainda rindo.
— Mas obrigado mesmo por ter me deixado ficar aqui meu mano, de verdade, não sei nem como agradecer — agradeço com um aperto de mão firme à meu amigo.
— Cala boca porra, sabe que você é meu irmão — ele disse me puxando pra um abraço apertado.
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Estacionei no meu prédio, respirando fundo, ia ser foda voltar pra casa.
Não gosto de admitir e nem de lembrar, mas eu gostava da filha da puta da Sarah, voltar pra lá e ver tudo aquilo ia me fazer sentir saudade do que éramos antes, e eu sabia disso.Nunca mais ia confiar em mina nenhuma.
Subi o elevador do meu apartamento lembrando do percurso que eu fiz a quase uma semana atrás, minutos antes de encontrar a mulher que eu amava transando com outro na nossa cama.
Passo a chave e destranco a porta, dando de cara com uma Sarah sentada no sofá da minha casa.
— Ah não porra... — suspirei cansando e vi ela vir até mim.
Estava acabada, maquiagem borrada, cara inchada usava um conjunto de moletom velho e o cabelo desgrenhado.
— André, amor por favor, só me escuta — ela diz já começando a soluçar.
— Não começa Sarah, só vai embora, não to com cabeça pra ouvir você — digo tentando manter a cabeça no lugar.
— André eu te esperei aqui por 6 dias, não sai dessa casa só esperando você passar por essa porta, amor por favor.. — ela diz agarrando meus pulsos.
— Amor o caralho! — digo aumentando meu tom de voz e me soltando dela — Você foi pilantra comigo, eu te dava tudo porra, olha o que a gente tinha, você enfiou tudo no cu — falei e ela soluçou mais ainda, parecia a beira de uma crise de pânico.
— Eu sei, eu to muito errada mas por favor, pensa na gente, eu te amo, andré, eu te amo —
— Sarah, não existe a gente, pega suas coisas e vai embora, dessa vez é sério, vai embora antes que eu faça alguma coisa que eu vou me arrepender depois — digo e ela não se move um centímetro, então passo por ela eu mesmo e vou em direção ao nosso antigo quarto.
Não conseguia entrar ali sem lembrar da cena dos dois, sem lembrar do rosto do desgraçado, da Sarah com outro na minha cama.
Ela não demora muito a aparecer no batente da porta.— André você tava sempre trabalhando, me deixava sozinha aqui, eu me sentia só, carente — diz com cara de cachorro sem dono, a que ela sempre fazia quando queria que eu fizesse algo que ela pedia, mas hoje não.
— Eu trabalhava pra te dar tudo que você queria, enquanto você tava aqui agindo que nem puta na nossa cama — ela pareceu se ofender com minhas palavras, mas quer saber? Foda-se — Sarah você foi sacana comigo, e eu não te quero mais, vai embora agora que é melhor pra você — peço mais uma vez.
— Não me quer mais? André, você sabe que a gente pode superar isso — ela diz e eu sorrio.
— Sim a gente pode, mas eu não quero, não quero mais você, não consigo nem mais olhar pra você, então vai embora agora, saí da minha casa! — grito dessa vez, ela mais uma vez não se mexe, então me viro abro nosso antigo guarda roupa, começando a tirar as roupas dela de lá.
— O que cê tá fazendo? Larga minhas coisas porra — ela diz indo até mim e segurando meus braços, mas eu era 15 centímetros mais alto que ela, não foi difícil pegar uma pilha de roupas dela do armário e ir em direção a varanda do meu apartamento — André, caralho, solta minhas coisas — ela corre tentando arranhar minhas costas, mas sucesso.
— Vou jogar a porra toda pela janela, que nem você fez com o nosso relacionamento — digo e ela parece duvidar, até eu soltar tudo do nosso apê, morávamos no sétimo andar, algumas coisas foram levadas pelo vento, e outras caíram pelo condomínio.
Ela me olhou incrédula e inferiu diversos socos no meu braço.
— Você pirou caralho? Minhas coisas André — ela grita, voltando a chorar, seguro seus pulsos pra impedir que ela continue a me bater.
— Quer que eu jogue o resto ou vai levar suas coisas daqui você mesma? — pergunto decidido, e dessa vez ela parece entender que eu nunca mais vou voltar pra ela.
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ENFEITIÇADO
Romance|16+| André decide ir para fazenda do pai na esperança de esvaziar a cabeça dos problemas da cidade, só não imagina que iria sair enfeitiçado pela beleza de Taína.