| taína gonçalves fernandes |
Não queria acreditar que estávamos indo embora de três marias, mas, tínhamos que voltar pra realidade e principalmente ao trabalho.
— Tô morrendo de saudade do meu pacotinho — Amanda diz, se referindo a Miguel.
— Aniversário dele é quando mesmo? — André, que estava com os braços em volta de mim, pergunta.
— Daqui a duas semanas, mandei mensagem pra produtora de festas e a gente já começou a ver umas coisas — ela responde eu o olho.
— Vai ficar pro aniversário dele? — pergunto baixinho, para que só nós ouvíssemos.
— Vou. Meu pai pediu pra eu resolver umas coisas pra ele começo de ano também — ele explica e eu assinto — E queria aproveitar mais as férias do seu lado — ele diz deixando um beijo no meu ombro.
— Quando vai ter que voltar? — pergunto e ele desvia os olhos, dando de ombros.
— Não sei, tô resolvendo umas coisas online mas não pensa nisso agora não. Aproveita que teu homem tá aqui — ele disse apertando minha cintura de leve e me fazendo gargalhar.
— Meu homem, é? — pergunto.
— E não é não? —
— Não sei, ele não me disse nada — digo e é a vez dele de sorrir, ainda com os braços na minha cintura.
Tenho vinte anos e em toda minha vida jamais tive vontade de assumir relacionamento nenhum com ninguém, mas dessa vez eu sabia que era diferente.
O André despertava o melhor de mim, o suficiente pra eu esquecer que nossa situação era complicada.———
Chegamos no interior no domingo e Júnior deixou eu e Amanda na casa da mãe, enquanto o resto dos Lacerda seguiu para fazenda. André até me convidou pra dormir com ele lá mas eu tava morrendo de saudade da minha cama e do meu quartinho.
Dormi que nem um bebê e acordei com o despertador do meu mais novo celular. Toda vez que olhava pro aparelho sorria, lembrando do quanto André era maluco.
Tomei um banho demorado e aproveitei pra lavar o cabelo do feriado, sequei e depois coloquei um short de alfaiataria e uma blusa ombro a ombro rosa, nos pés uma papete e acessórios de prata.
Quando saí do meu quarto encontrei minha mãe tomando um café na sala. Ela estava amando a vida de aposentada, e eu amando mais ainda poder proporcionar isso pra ela.
— Bom dia, minha filha — ela disse quando deixei um beijo sobre sua cabeça.
— Bom dia meu amor — respondi — Vou tomar um cafezinho — falei e ela assentiu, mas antes que eu pudesse ir para cozinha preparar algo a buzina do carro de André soa do lado de fora. Minha mãe me olha desconfiada e sorrio pra ela.
— Bom dia, princesa — ele diz quando eu apareço na porta de casa, com um sorriso no rosto.
— Bom dia, Lacerda — respondo sorrindo — Já tomou café? — pergunto e ela nega.
— Tá me convidando? —
— Vem, chatinho — digo e ele desce do carro, vindo até mim.
Quando se aproxima me da um selinho antes de entrar em casa.— Bom dia, dona Rute — ele diz para minha mãe, deixando um beijo na testa da mesma, enquanto vou pra cozinha preparar um café pra nós.
— Bom dia, meu filho. Tá de volta aqui pra Minas? — ela pergunta e ele pensa antes de responder.
— Tô por uns dias — ele responde.
— Mas vai voltar pra São Paulo? — minha mãe pergunta.
— Vou — ele responde, pressionando os lábios e a contragosto.
— Vem comer, André — chamo ele da copa, que se levanta indo até onde eu estava.
Comemos um bolinho que minha mãe tinha feito ontem junto com uns ovos mexidos que eu fiz na hora, André me ajudou com a louça e me esperou escovar o dente pra sairmos.
— Cê tava com saudades da sua caminhonete? — pergunto quando entro no carro dele.
— Muita. Prefiro ela, mas em Sampa o Civic é mais prático — ele responde dando partida no carro, uma mão no volante e a outra nas minhas pernas — Mas acho que quem tava com saudade mesmo era você — ele brinca, com um sorriso presunçoso no rosto.
— Se toca, Lacerda — respondo revirando os olhos e sorrindo pra ele.
André me deixou no trabalho e logo depois seguiu pro fórum, segundo ele, ele preferia trabalhar no escritório do irmão do que em casa.
Aproveitei meu celular novo pra gravar uns conteúdos pro tiktok, na intenção de promover a loja.
O dia voou comigo me dividindo em três pra atender clientes e embalar os pedidos pra enviar pra fora. Agora a ideia de contratar uma funcionária não parecia tão ruim.
Quando vi já era a hora do almoço, pensei em pedir um uber e voltar pra casa pra comer mas ao meio dia André estava parado na porta da minha loja, encostado no carro e me esperando com um sorriso no rosto.
— Bora almoçar, morena — ele disse quando me aproximei, afastando uma mecha do meu cabelo do rosto.
— Quer ir comer lá em casa? — pergunto e ele da de ombros.
— Vamos naquela churrascaria aqui perto, pra você não precisar cozinhar — ele diz e eu sorrio assentindo.
O loiro me ajuda a fechar a loja e aproveita pra observar a organização. Ele parecia gostar de estar a par de tudo do meu empreendimento, talvez por ser advogado corporativo e ser viciado tomar conta da empresa dos outros.— Sabe o que você podia fazer? — ele diz quando entro no carro — Alugar um ponto maior, mais centralizado — continua e eu nego com a cabeça.
Realmente, com as novas peças chegando o nosso ponto havia ficado pequeno, mas eu guardava com tanto carinho as memórias e tudo que conquistei naquele lugar que ficava com receio.
— Sei lá, demorei tanto pra deixar esse do meu jeitinho. Alugar um novo, reformar, decorar...Dor de cabeça! — digo e é a vez dele de negar com a cabeça.
— Sua empresa ta crescendo amor, essa é a hora certa pra investir. Tem vários imóveis bons pra caralho pra alugar no centro. Cê tem que sempre pensar em expandir, abrir uma loja maior, depois uma filial, depois uma na capital... — ele começa e eu o olho sorrindo, fazendo carinho na nuca do loiro.
— Você é demais — digo e agora quem sorri é ele, deixando um beijo demorado nas minhas mãos.
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ENFEITIÇADO
Romance|16+| André decide ir para fazenda do pai na esperança de esvaziar a cabeça dos problemas da cidade, só não imagina que iria sair enfeitiçado pela beleza de Taína.