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| Tainá Gonçalves Fernandes Lacerda |

Calma, Tainá! Lembra de como eu surtei quando descobri a gravidez do Júnior e no final deu tudo certo? — Mayara diz, estava em chamada de vídeo com ela e Amanda no carro.

Mas era diferente.
Eu estava pirando por que parecia um dejavu de quando a Amanda descobriu que estava grávida. E como os anos e meses seguintes foram difíceis pra nós.

— Taína. Para de chorar e olha aqui — Amanda diz, firme, me fazendo olhar para a tela do celular — Eu te conheço, sei o que você tá pensando. Então me escuta. — Ela começa.

— Eu não quero que você compare isso com a gravidez do Miguel. Eu engravidei do Miguel e não tive apoio nenhum além de você e da Tia. Não tínhamos rede de apoio. Não tínhamos dinheiro e não tínhamos um pai. Por isso foi tão difícil — continua — Mas você meu amor, tem tudo isso. Não deixa o trauma que foi te fazer ter medo de viver o seu sonho. Porra, você tá construindo uma família, a que você sempre sonhou. Eu conheço o teu coração, sei o quanto você queria isso. — ela diz e agora meus olhos se enchem de lágrimas de novo.

— Não vai ser fácil, Taí. Filhos nunca são. Mas eles são a coisa mais maravilhosa que podem acontecer com você. — Mayara completa — Você tá feliz? — ela pergunta.

— Meninas, claro que sim...É uma semente do André em mim. Eu amo aquele homem. Não existe ninguém com quem eu faria isso se não ele — digo — Mas eu tô apavorada — continuo.

— Me surpreenderia se não estivesse — Mayara diz — Você não tomava anticoncepcional? Como que isso aconteceu? —

— A médica disse que pode ter sido o antibiótico que eu tomei mês passado — digo e as meninas assentem.

— É, então o baby tinha que vir mesmo — Amanda diz e pela primeira vez sorrio. Talvez tivesse mesmo que vir.

———

Foi uma semana terrível tendo que esconder do André a descoberta da minha gravidez. Mas eu queria contar de uma forma especial.

Hoje era aniversário dele e mais tarde íamos de jato pra fazenda, mas antes, eu queria entregar o meu apresente.

Acordei bem cedinho, ainda sem roupa por causa da noite de ontem.

Vesti a camisa de André jogada no chão e desci pra cozinha, com cuidado pro André não acordar.

Peguei uma bandeja grande no armário e comecei a montar as coisinhas.
Tinha pedido e comprado algumas coisas pra fazer um café especial pro André.

Fiz o whey que ele tomava todo dia, café preto, tapioca, ovo mexido, cortei umas frutas, coloquei uns frios, um croassint de nutella pra mim, óbvio, e o mais importante: o presente dele.

Depois de tanto tempo procurando um presente especial pra ele, acho que tinha achado um que ele fosse gostar.

Coloquei a primeira ultrassom do bebê numa caixinha junto com teste. Atrás da ultrassom escrevi com caneta permanente um "Parabéns, papai!" e embrulhei tudo.

Depois de me certificar de que tudo estava perfeito peguei a bandeja e subi as escadas com cuidado.

André já começou a se mexer quando eu abri a porta do quarto, e se sentou me vendo com o café.

Ele sorriu de orelha a orelha.

— Ô meu amor. Não acredito — sorriu, pegando a bandeja da minha mão e colocando na cama, me puxando pra um abraço apertado.

— Feliz aniversário, meu bem. Eu te amo muito, muito mesmo — sussurrei enquanto ele me apertava, me puxando pro seu colo na cama.

— Nunca tinha ganho café na cama antes — ele diz e percebo sua voz embargada e as lágrimas em seus olhos.

— Aí príncipe, chora não — digo, agora a emocionada era eu, mas respeitem a grávida, ok?

— Sou sortudo demais de ter você na minha vida, Taí. Você é a melhor coisa que já aconteceu comigo — ele sussurra, com a cabeça enterrada no meu pescoço — Te amo, linda — diz e respira fundo, limpando o rosto e voltando a atenção pro café.

— Vai, abre seu presente primeiro — digo ansiosa.

— O que cê comprou? Falei que não ligava pra essas coisas. Isso aqui já foi mais especial que qualquer coisa — ele diz e eu dou de ombros.

— Eu não teria tanta certeza — digo e ele me olha desconfiando, pegando a caixa.

Ele desfaz o laço e abre a caixa, demorando alguns segundos pra entender.

Quando ele volta a me olhar, os olhos azuis já estavam marejadas.

— Porra, Taí. Você tá grávida? — ele pergunta, a voz muito enrolada, cheia de emoção. Assinto com um sorriso no rosto e ele me puxa pra si, me encaixando sem seu colo — Você vai ter um filho meu? É sério, amor? — pergunta mais uma vez e eu assinto novamente.

— Sim, meu amor. Vamos ter um bebê — sussurro com a boca em seu ouvido e ele me abraça mais apertado.

— Porra! Porra, eu tô tão feliz — ele diz, olhando pra mim e sorrindo de orelha a orelha — Caralho, hoje é melhor dia da minha vida. Porra, amor. Obrigado. Obrigado mesmo — continua, sem conseguir parar de falar ou de chorar. A essa altura eu também já tinha lágrima nos olhos. Nada ia me fazer segurar a emoção naquele momento.
Era o começo da nossa pequena família.

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⏰ Última atualização: Aug 04 ⏰

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