ENFEITIÇADO

9

| André Magalhães Lacerda |

Acordo devagar, abrindo lentamente meus olhos, olho pela janela do meu quarto vendo que o sol já estava forte lá fora.
Fico por mais alguns segundos na cama, criando coragem pra levantar.
Durante esse momento deixei minha mente devagar até a lembrança de ontem a noite, com a morena do bar.

Nem sabia ao certo o por que daquela obsessão naquela mulher, ela só era diferente, era doce, mas perigosa, dissimulada.
Tinha os tipos de olhos que mateariam se eu deixasse.
Queria saber tudo que ela tinha a oferecer, achei que seria mais fácil, mais eu ia te-lâ pra mim, não conseguiria voltar pro Rio sem conhecer direito aquela garota.

Balancei a cabeça negativamente e sorri, essa cidade talvez tivesse mais a me oferecer do que eu achava.

Levanto da cama de supetão e vou em direção ao banheiro da minha suite.
Tomo um banho demorado e visto uma bermuda moletom com uma camisa preta da Nike.
Coloco minha Kenner nos pés e passo desodorante e perfume.

Desço as escadas morrendo de fome, vejo Mayara conversando no sofá com uma menina que não consigo ver o rosto.

— Bom dia, bom dia — digo quase chegando no andar de baixo.

— Falando nele... — Mayara diz me deixando confuso.

A garota que estava na frente dela se vira e eu arregalo os olhos.
A garota de ontem a noite estava ali, na minha sala.
Ela também parecia supresa, por que o rosto dela ganhou uma coloração vermelha, o que me fez sorrir, não parecia mais tão corajosa como ontem.

— André, essa é a Tainá, ela é filha da dona Rute e uma amiga minha muito querida — Mayara nos apresenta, te amo cunhada, te amo.

— Muito prazer, Tainá — o nome saiu doce na minha boca, a morena sorriu sem graça pra mim.

— Igualmente — disse sem me olhar nos olhos — Vou indo May, obrigada pelo papo, até a próxima! — se levantou rápido indo em direção a cozinha.

Mayara me olha desconfiada ao ver que eu a vejo sair com um sorriso nos lábios.

— O que mais sabe sobre ela? — pergunto pra Mayara e ela arqueia uma das sobrancelhas.

— Conheço ela desde de guria, uma menina trabalhadora André, tem uma loja com a prima pra ajudar a sustentar o afilhado, ela é uma das poucas daqui que eu coloco na minha casa, nem vem querendo arrastar a menina que duvido você conseguir, aquela ali tem postura — May diz e eu levanto as sobrancelhas desafiado.

— Dúvida é? — digo e ela joga um travesseiro em mim — Ela tem Instagram? — pergunto.

— Tem, mas é privado, vamos ver se ela te aceita né — ela dá de ombros.

— E ela vem pra vaquejada hoje? —

— Eu que sei André? Mas acho que não, ela nunca vem pra essas coisas — responde e eu nego indo em direção a cozinha pegar algo pra comer.

Pego meu celular e entro nas pessoas que Mayara segue, não demorando muito pra achar o instagram de Taína, ela tem 3 mil seguidores mas é privado, solicito pra seguir e também sigo a loja dela.

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| Taína Gonçalves Fernandes |

— Porra, você tá brincando? — Amanda diz assim que termino de contar tudo pra ela.

— Eu juro que não Amanda, caralho pra que que eu fui inventar? — digo, estávamos em casa fazendo as unhas, Miguel estava com o pai então iríamos ficar o dia inteiro fofocando sem fazer nada.

— E ele é gostoso? — ela pergunta passando o esmalte vermelho nos pés.

— Muito, você sabe que eu não sou de admitir, mas ele é viu, enfiou minha marra no cu, pareci uma menina quando vi ele hoje na sala dos Lacerda — admiti e ela sorriu boba.

Meu celular toca e atendo, era uma das fornecedoras da loja avisando que semana que vem iria chegar novidades, já pedi pra ela pra separar as melhores peças pra gente que iríamos fazer os pedidos com antecedência, ela concordou e desligamos a ligação.

Aproveitei e entrei no meu Instagram, curti algumas coisas e fui nas minhas solicitações vendo que tinha uma nova.

— Caralho Amanda! — grito e a cacheada se assusta, mostro pra ela a tela do meu celular que grita após ver a solicitação nova no meu Instagram.

— Puta que pariu Tainá, ele consegue ser mais gato que o Júnior — ela diz e eu rio — Você tem que ir nesse churrasco hoje —

— Eu não! Sozinho lá eu tenho certeza que ele não fica, pela quantidade de menina daqui que vai, e outra, não tenho tempo pra isso, pode ser quem for, filho do Lacerda, ou filho do peão — dou de ombros.

— Que não tem tempo Taína! Você é jovem, nova, e merece se divertir, pelo menos aceita a solicitação do cara —

— Não, Amanda. Conheço esse tipo, cresci no meio dos amigos do Júnior, se acham os donos do mundo só por que tem dinheiro, que podem ter qualquer uma, mas eu não sou qualquer uma, eu me conheço, sei do meu valor, pra estar comigo tem que penar, independente de quem for — digo e ela parece desistir de insistir comigo, voltando atenção pra sua unha.

— Pode ir comigo buscar o Miguel na casa do Marcello? Preciso de alguém pra me segurar se ele vier me desaforar de novo — ela pede

— Claro que vou amiga, pode contar comigo —