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um mês depois

| Tainá Gonçalves Fernandes Lacerda |

A vida estava uma loucura comigo organizando o niver do Dé, e ainda por cima tudo a distância, já que seria em Minas, na fazenda.

Pra agilizar as coisas de noite, pedimos um sushi.

Ele estava concentrado no MacBook, trabalhando em coisas da empresa dele e eu via fornecedores de festa, decorações e essas coisas.

Em um instante, senti um súbito enjoo, o salmão voltou inteiro na minha garganta.

Tirei meu iPad do colo e corri pro banheiro mais próximo da sala, me agachando no vaso e vomitando tudo.

Dé apareceu logo atrás de mim, segurando meu cabelo.

Quando termino de vomitar, lavo a boca na pia e fecho o vaso, sentando encima do mesmo.

— Você não devia ver essas coisas — brinco, me encostando e André sorri.

— Na saúde e na doença — ele diz, dando um beijo na minha testa — Foi o sushi? — pergunta e eu assinto.

— Acho que sim, fazia tempo que não comia nada assim — digo, mas André me olha desconfiado.

— Vou pegar um dramim pra você — ele diz, me deixando sozinha no banheiro e depois voltando com um comprimido e um copo de água.

Agradeço e tomo o comprimido e depois levanto pra escovar os dentes.

Depois de tomar o Dramim não demorei muito pegar no sono. Só sinto André me levando do sofá pro quarto e se deitando do meu lado.

———

Na manhã seguinte acordo mais tarde que o habitual, e Dé já estava acordado.
Isso era novidade, eu não costumava acordar depois dele.

O loiro sai do banheiro só de calça social e me vê levantar da cama.

— Ô meu amor. Não quis acordar você. Cê ta melhor? — pergunta me dando um selinho e um abraço apertado de bom dia.

— Tô. Acho que foi o salmão mesmo. Não vamos mais pedir lá — digo e ele assente, dando mais um selinho em mim — Tô morrendo de fome. Quer whey de chocolate ou de morango? — pergunto.

— Chocolate. E aquele ovo delícia que você faz — ele diz e eu sorrio assentindo.

Desço as escadas de casa, nunca ia me acostumar com o tamanho daquela casa.

Pego as coisas pra fazer o café e antes que eu terminasse André desce pra comer comigo.

Dou um gole no meu whey, o qual eu tomava todos os dias, e já sinto ele descer diferente.
Ignoro o enjoo e volto a beber, dessa vez sem conseguir impedir que o líquido volte.

Novamente refaço o caminho de noite passada até o banheiro e dessa vez só gorfo o pouco whey que eu tinha tomado.

— Se veste lá, vou te levar no hospital agora — André diz, fazendo carinha na minha cabeça.

— Não, Dé. Relaxa. Hoje você tem reunião da empresa, não pode perder — digo lavando a boca escovando os dentes.

— Eu falto quando eu quiser. Eu sou o dono — ele diz e eu sorrio, revirando os olhos.

— Acho que é por causa do anticoncepcional. A médica disse que poderia acontecer — explico me sentando no vaso.

— Mas depois desse tempo todo? Você já toma a quase um ano e nunca sentiu nada — ele diz.

— Pode ser por isso. Tomar o mesmo por muito tempo pode dar uns efeitos colaterais — continuo e ele desconfia.

— Não quero saber, Taí. Vou te levar no médico — ele diz e eu levanto, sentindo o loiro colocar uma das mãos na minha cintura.

— Relaxa. Vai trabalhar. Marco uma consulta com a ginecologista hoje e já pergunto sobre, vejo se dá pra mudar o método... — digo pra tranquiliza-lo.

— Quer que eu vá com você? — ele pergunta.

— Não né, Dé — digo e ele sorri.

— Promete que vai mesmo? — ele diz e eu assinto — Tainá... —

— Eu prometo! — digo — Agora, vai. Cê já tá atrasado — continuo, arrumando sua gravata.

Quando ele sai marco realmente a consulta com minha médica no centro.

Tinha certeza de que era só um colateral do anticoncepcional, não é? Não podia. Não tinha como ser outra coisa.

———

Saio do meu Audi e entro na clínica rose gode da minha gineco. Como tinha horário marcado espero menos de 10 minutos e já entro no escritório.

— Bom dia, Taí! Tá tudo bem? — ela pergunta e eu sorrio, sentando na cadeira.

— Bom dia, Cami. Então, acho que o anticoncepcional a começou a dar aqueles efeitos colaterais que você me falou da última vez. Ontem e hoje vomitei, tô meio sonolenta, sabe? Coisa que não sou. Fome sem limite... — digo e ela me olha desconfiado.

— É meio estranho você apresentar tudo isso agora, já faz quase um ano. Nunca tinha sentido nada antes? — ela pergunta e eu nego — E você tomou ele direitinho? —

— Sim, doutora! Todos os dias — respondo e era verdade, era muito responsável com o anticoncepcional.

— Tá. Posso te indicar outro método. Mas pra trocar a gente precisava que você faça um teste de gravidez, por que aí pode ser um risco, tudo bem? — ela pergunta e eu meu olho da uma arregalada — Calma, Taí. Você falou que tomou direitinho então fica tranquila, é só procedimento. Vou fazer o beta HCG, vai com a Karina que ela vai recolher seu sangue. Daqui a uns 40 minutinhos já deve sair — ela diz e eu assinto.

De repente a ideia me assusta muito.
Vou com a enfermeira mesmo assim e fico calada demais enquanto ela recolhe meu sangue.

Penso em ligar pro André e avisar que eu estava fazendo um teste, mas penso, porque ligar? Era só um procedimento.

Sento na recepção novamente pra esperar o resultado e menos de quarenta minutos depois a doutora Camilla me chama de novo pra sala dela.

— Tainá. Tô com seu exame aqui — ela diz e eu a olho, sua expressão impassível — Você tá grávida —

ENFEITIÇADO Onde histórias criam vida. Descubra agora