104

8.6K 746 91
                                    


| Tainá Gonçalves Fernandes |

Saía da casa da minha sogra e entrava no meu carro para ir para a primeira reunião com a arquiteta da casa nova.

A mãe do André era tão perfeccionista quanto eu, então organizar a festa de casamento com ela estava sendo perfeito!
Ela e eu tínhamos um gosto muito parecido e ela conhecia os melhores cerimonialistas de São Paulo.

André só pediu pra cuidar da lua de mel, isso ele fez questão de organizar e eu não questionei.

Ele tinha marcado um horário com uma arquiteta conhecida de São Paulo, queríamos terminar a obra da casa antes da cerimônia, não planejávamos fazer muitas mudanças então esperávamos que tudo ficasse pronto.

Entrava no meu Audi, o qual eu fiz questão de comprar várias coisinhas pra decorar na shein. André me zoou por dias mas meu carro estava lindo!

Poucos minutos depois cheguei até a casa nova e o carro do André já estava estacionado lá.

Ele sorriu ao me ver, se desencostando de seu carro e vindo até mim.

— Eaí, princesa. Dirigiu direitinho? — perguntou preocupado e eu assenti.

— Tô me acostumando com o trânsito louco de São Paulo — respondo.

— E aquela história de eu te contratar uma motorista? Pensou sobre? — ele pergunta me guiando para dentro da casa.

— Nahh, eu até que gosto de dirigir — respondo abraçando meu loirinho.

Somos distraídos por um mini cooper marrom estacionado na porta da nossa casa, imaginei ser da arquiteta.

De dentro do carro saiu uma loira alta. Ela usava um vestido lápis apertado e um salto.

Arqueei as sobrancelhas para André mas decidi não julgar ninguém pela aparência.
— Ela fez o projeto do apartamento do Lucas. Ele disse que ela é melhor — explicou e eu só assenti, sem dizer nada.

A loira deu boa tarde olhando diretamente pra André e depois entrou.

— Meu nome é Paula. Lucas me falou coisas maravilhosas sobre você — ela diz, olhando só para o meu noivo novamente e estendendo o projeto da casa sobre a mesa.

Já de bater o olho na planta vi que estava completamente diferente da atual.

— Então, como podem ver, tomei a liberdade de fazer alguns mudanças....Demoli uns quartos para aumentar a garagem de carros do Dé, já que é de conhecimento de todos que ele adora... — ela diz, levando suas mãos até próxima a do meu noivo.

Olho para cara da vagabunda bem séria, ela no entanto, não tira os olhos dele.

— Vamos precisar dos quartos. Vamos ter filhos e temos afilhados — Ele responde, se esquivando do toque dela e se colocando atrás de mim. Esperto.

— A questão é que você tomou liberdade de fazer todas essas mudanças baseadas em que? — perguntei tentando fazer meu tom de voz soar o mais simpático possível e pela primeira vez no dia a tal loira olhou pra mim.

— Bom, Taí, o André é conhecido por aqui. Pelo que sabemos dele ele ia gostar de ter uma casa com o que está em alta, o que tem de melhor. Mas você que sabe, André.
— ela diz, olhando pra ele quando pergunta.

André semicerra os olhos e me encara.
O telefone do loiro toca bem na hora e ele olha pro celular.
Olho pro visor da tela dele e vejo ser um dos sócios da empresa o ligando.

— Na verdade, quem sabe é a minha mulher. A Tainá é a dona da casa. O que ela decidir tá ótimo pra mim, faz o que ela mandar. — ele diz, antes de colocar o celular na orelha e sair.

— É...acho que se derrubarmos só um dos quartos... — ela começa a falar de novo mas eu rio sem humor, chegando mais perto dela.

— É Paula, não é? — pergunto, em voz baixa — Olha, Paula. O André chamou você então você deve ser boa, mas se quer mesmo esse projeto é melhor parar de agir que nem piranha com meu noivo e começar a se recompor. Você pode já ter feitos vários projetos famosos mas essa é casa da minha família, e vai ser do jeito que nós queremos. Se não, você pode entrar na porra do seu mini cooper e voltar pro seu escritório pra agir que nem puta por lá. Tudo bem? — quando termino, Paula não tem mais nada a dizer, apenas assente, de cabeça baixa.

— Tudo bem, Tainá. Não vai se repetir — ela diz, recolhendo sua planta da mesa — Faz uma lista das suas exigências da casa e eu te mando umas referências e a planta nova — assim que ela termina, André volta a sala.

— Tudo bem por aqui? — o loiro pergunta, colocando a mão na minha cintura.

— Tudo sim, eu e Paula finalmente estamos no entendendo — respondo sorrindo cinicamente. Paula concorda, dessa vez sem olhar para André, apenas para o seu trabalho. Era nítida a mudança na postura dela.

— Bom, eu entro em contato com você, Tainá. Me dá o seu número — ela diz.

— Claro — respondo educada, a estendendo meu cartão de visita.

Após isso, a loira sai da sala e em seguida de casa, me deixando sozinha com André.

— Você lidou bem com isso, marrentinha — ele diz.

— Também acho que lidei bem, por pouco não fiz ela engolir o projeto — respondo e ele gargalha, apertando minha cintura.

— Terminei minha parte da lista de convidados — ele diz e eu suspiro.

— Porra, finalmente, Dé — digo e ele sorri, puxando meu cabelo como punição.

— Já tá no seu e-mail — sussurra, beijando minha boca.

— Não vai me contar mesmo nenhum detalhe da lua de mel? — pergunto curiosa e ele nega com a cabeça.

— Nenhum, morena. Já falei que é surpresa — ele diz e eu reviro os olhos, aceitando.

ENFEITIÇADO Onde histórias criam vida. Descubra agora