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| André Magalhães Lacerda |

Hoje era segunda, eu ainda estava com dor de cabeça do final de semana, foram dois dias que eu passei me arrependendo por não ter vindo aqui antes.

Eu sou um cara atraente, sei disso, mas aqui era diferente, elas literalmente se jogavam pra cima de mim, todas elas.
Todas elas menos uma, e a que eu mais queria.

A morena da noite no bar não tinha aceitado minha solicitação pra seguir, isso não costumava acontecer, mas preferi pensar que talvez ela só não tivesse visto.

Esperei que ela aparecesse lá no dia da minha festa de boas vindas, mas eu saberia se tivesse visto ela lá.

— Tá pensando em que, moleque? — Júnior pergunta dando um leve tapa na minha cabeça, estávamos na Hilux 2022 dele indo em direção a prefeitura, além do meu pai ter um grande lote territorial na cidade ele também era senador, tomava algumas decisões importantes por aqui.

E meu irmão era secretário de economia e negócio da cidade, hoje ele tinha me chamado pra ajudar ele com as coisas do escritório, e como eu também tinha que fazer algumas coisas para Agência, decidi ir com ele.

— Você conhece uma tal de Tainá Fernandes? — pergunto, ainda sem o olhar.

— A Taínazinha? Filha da dona Rute? — ele pergunta e eu concordo — Porra, vi ela crescer, quando vim morar aqui ela ainda era guria — responde e eu permaneço atento.

— Ela é firmeza, não cresce o olho pra cima das coisas dos outros, trabalha demais, a Mayara adora ela — continua — Por que o interesse? — pergunta com um sorriso na boca.

— Nada, pô — respondo calmo e volto a olhar para janela, já decidido do que ia fazer com o resto do meu dia.

Algumas horas mais tarde, já depois do almoço desço do carro no que é a loja que Taína trabalha.
Sou um cara que age, se eu quero eu faço acontecer.

Folgo a gravata no pescoço e entro na loja, Tainá que estava de costas pegando algo na bancada se vira pra mim e o sorriso que estava em seu lábio pareceu se desfazer.

— Você — ela diz.

— Tainá — digo.

— O que você tá fazendo aqui? — pergunta com a sobrancelha arqueada.

— Olha a marra aí de novo — digo sorrindo, ela não parece se abalar — Quero que saia comigo, pra onde você quiser, só tem que me dizer — ela ri, quase debochada.

— Não Lacerda, conheço seu tipo — diz, cheia de si.

— E qual é? — desafio.

— Você é um riquinho mimado que acha que pode ter tudo que quer, provavelmente estava de saco cheio do lugar de onde veio e achou que aqui encontraria diversão fácil, o rei da cidade, mas aqui não Lacerda. Respeito muito sua família, e quero que me respeite também — quando terminou de falar eu não formulei uma resposta, por saber que em partes, ela estava certa — Se não for comprar nada, já pode ir embora — diz decidida, a brisa que vinha da porta balançando seus cabelos longos, ela tinha acabado de me dar o maior fora da minha vida e eu só pensava em como ia ser bom segurar o cabelo daquela filha da puta.

Olho pro lado e pego uma peça de roupa que não identifiquei muito bem o que era mas coloquei em cima do balcão com um sorriso no rosto.

— Vou levar isso —

— São 35,99 — diz pegando a peça e embalando em uma sacola personalizada, depois de espirrar o que parece ser um spray com cheiro — Qual forma de pagamento? — perguntando me olhando nos olhos.

— Cartão de crédito — digo puxando meu cartão black da carteira e a observando pegar a máquina de cartão do balcão.

— Pode inserir — diz e assim o faço, nossas mãos se cruzam durante o ato e ela mantém postura, mas vejo seu rosto ganhar uma cor avermelhada, sorrio.

Coloco a senha e a notinha é impressa.

— Quer a sua via? — pergunta.

— Não precisa — respondo olhando diretamente nos olhos cor de mel que ela tem, espero alguns segundos e sorrio novamente  — Tchau Tainá — digo pegando a sacola rosa personalizada e virando as costas para a morena.

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