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| andré magalhães lacerda |

Encarei Tainá saindo do banheiro enquanto estava deitado na cama.

Ela terminava de enxugar o cabelo longo, vestindo um shortinho minúsculo de seda e uma blusa rendada, da mesma cor. Linda pra caralho.
Puxei ela pra nossa cama pela cintura, sentindo o cheiro gostoso dela, que ainda estava gelada por conta do banho.

A morena se acomodou em mim, deixando que eu a abraçasse apertado.

Encarei ela por alguns instantes, e tive mais algumas certezas.
Depois de hoje, tomei muitas decisões. Uma delas era que eu queria a Tainá comigo, independente de como, queria fazer dar certo com ela
E a outra era que eu com certeza amava aquela maluca.

Me segurei pra não dizer isso pra ela muitas vezes durante o dia de hoje, de ontem, e todos os que antecederam. Mas eu sabia o que eu sentia, e acho que ela sabia também.
Foda-se que foi rápido demais, foda-se que éramos jovens, foda-se que não morávamos no mesmo estado.
Negar o sentimento era muito pior.
Só de imaginar voltar pra São Paulo sem ela do meu lado, acordar sem ela, dormir sem ela ficava nervoso pra caralho.
Era tarde demais agora.
E eu estava disposto a correr qualquer risco.

— Tá pensando em que, hein? — ela perguntou, subindo no meu colo, e passando as pernas por mim. Levei minhas mãos até sua coxa, apertando de leve.

— Queria te dar uma coisa — minha voz sai rouca. Tainá me encara curiosa, sorrindo de leve.

— Ai meu Deus, o que você já aprontou? — ela diz, nervosa.

— É uma supresa. Fecha os olhos, Taí — digo e ela me encara desconfiada, mas fecha os olhos.

Abro a gaveta da cabeceira dela, tirando minha mochila de trabalho de dentro, da qual tiro uma caixa pequena verde água.

Tinha comprado aquele anel a alguns dias, tentava pensar num jeito melhor de fazer isso, mas teria algum dia melhor que esse? No qual eu tive a certeza que amava pra caralho aquela mulher

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Tinha comprado aquele anel a alguns dias, tentava pensar num jeito melhor de fazer isso, mas teria algum dia melhor que esse? No qual eu tive a certeza que amava pra caralho aquela mulher.

Eu sabia que já estávamos juntos, mas queria que fazer as coisas do jeito certo com ela.

— Abre os olhos, Taí — mando e ela obedece, com receio antes de ver o que eu segurava.
Instantaneamente observo seus olhos marejarem.
— André... — ela começa.

— Deixa eu falar, Taí. Isso aqui é só um símbolo do que eu sinto, por que a verdade é que eu te amo. Eu te amo e cada segundo que eu passo do teu lado só me faz ter mais certeza disso. Não quero mais ficar longe de você, quero que você seja minha namorada, quero que cê entre pra minha família, quero que você vá pra São Paulo comigo, conhecer minha vida, minha casa, quero correr riscos por você, fazer sacrifícios, eu tô disposto, Taína, prometo pra você — quando termino de falar uma lágrima escorre de seu rosto perfeito, eu me apresso em limpar — Não chora, princesa —

— Dé... — ela começa, encarando o anel dentro da caixa.

— Vou pra Sampa semana que vem, Taí. Não é por que eu quero, mas cê sabe que eu tenho uma empresa lá, não posso deixar tudo assim, já fiquei muito tempo aqui e foi por causa de você. Comprei tuas passagens, você vai se quiser, mas queria muito que fosse — termino de falar e outras lágrimas escorrem do rosto de Taína.

Sabia da resposta dela quando a vi fechar a caixa do anel.
Olhei pra ela confuso.

— Eu te amo também, André. — ela diz, e mais uma lágrima escorre de seu rosto — É por isso que não posso ser tua namorada, isso tem que parar — acho que se ela chegasse perto o suficiente, ia ouvir o barulho do meu coração quebrando.

— Mas... —

— André, você é de lá. Eu sou daqui. Uma hora isso vai pesar. Por mais que no começa seja incrível, que eu sei que seria, uma hora vamos ter que tomar uma decisão, uma que vai prejudicar ou eu, ou você — ela continua — Eu amo você, você é o único cara por quem eu já me apaixonei. Mas não dá pra continuar, André. Isso nunca vai dar certo —

Demoro alguns segundos para formular uma resposta, sem saber o que dizer.

Ela estava certa.
Uma hora outra, ou eu teria que me mudar pra Minas, ou ela pra São Paulo.
Mas não era um problema atual.
Pra mim, não era mais importante que o que eu sentia naquele momento.

— Tainá, você não quer nem tentar? — perguntei e ela hesitou, sem me responder.

Concordei com a cabeça, me levantando da nossa cama e vestindo uma camisa.

— Pra onde você vai? — ela me perguntou confusa, com a voz muito rouca, os olhos muito chorosos.

— Vou pra minha casa, Tainá. Amanhã eu vou cedo pra Alfenas. Fica aqui e pensa na sua vida — digo pegando minhas coisas — Esse anel é teu, as passagens são tuas, tá tudo no teu nome. Amanhã quando eu voltar, você me diz se eu devo te esquecer ou não — digo e os olhos dela marejaram ainda mais.

— Amor... — ela começa, mas não a deixo terminar.

— Volto amanhã, fica bem. Eu te amo — deixo um beijo na testa dela, antes de sair pela porta.

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