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| taína gonçalves fernandes |

Encarava sem acreditar a tela do meu celular com a foto que André havia postado.
As dúvidas sumiram por um instante, e só conseguia sorrir.
Acho que nunca me senti tão valorizada, tão respeitada. Ele me provava tudo que dizia com atitudes.

— Falei que você tava linda na foto, morena — ele disse abraçando minha cintura.

— Pronto, agora as rapariga vão tudo saber que você tem dona — brinco dando um beijo demorado na boca rosada do loiro, que me olha afastando uma mecha de cabelo do meu rosto.

— Que saibam. Graças a Deus eu tenho! — ele responde ainda me olhando. Naquele momento, encarando os olhos azuis de André reprimi uma vontade gigantesca de dizer a frase com três letras.
Era muito rápido, ia fazer quatro meses que nos conhecíamos mas não conseguia me impedir de sentir.
E não queria admitir, mas era gostoso demais sentir isso.

— No que você tá pensando, princesa? — ele me perguntou em voz baixa, e eu neguei com a cabeça, indicando não ser nada antes de me esconder na curva de seu pescoço.

— Olha eles aí, assumidos! — Júnior brincou, vindo até nós e dando tapinhas nas costas do irmão — Já tava na hora, né porra —

— Bom demais assumir uma mulher bonita dessas! — o loiro exclamou acariciando minha cintura, me fazendo sorrir.

— Vamos cantar o parabéns, gente!!! Miguel já ta todo suado — Amanda avisou e eu me levantei, pegando meu afilhado no colo pra deixar que ela organizasse os detalhes do parabéns.

— Tá gostando da tua festa, carinha? — André perguntou pra Miguel, que abraçava meu pescoço.

— Muito, tio! Meus amigos ficaram morrendo de inveja do meu carro novo — ele respondeu com sua voz infantil, freneticamente animado.

— Aí sim! — o loiro respondeu, fazendo um toque de aperto de mãos com meu afilhado, que bocejou já cansado.

— Tá com sono, pai? — perguntei em voz baixa, enxugando o suor da cabeça dele, que deitou no meu ombro.

— Não dinda, quero brincar mais — ele respondeu, e eu soube que tínhamos mesmo que cantar o parabéns logo.

André olhou pra nos dois sorrindo, me encarando quase sem piscar.

— Que foi? — perguntei e ele negou, sem dizer nada.

Minutos depois a galera começou a se aglomerar em volta do bolo e eu levei o aniversariante pra lá, entregando-o pra Marcelo.

— Eaí Taína — era a primeira vez que nos falávamos naquela noite. Me limitei a sorrir educada e entregar meu afilhado para ele.

Eu e André nos acomodamos em frente ao painel, junto com os outros convidados.
Ele me colocou a sua frente, passando os braços ao meu redor.

O parabéns começou e todos cantamos em coro pro Miguelzinho, que sorria, entendendo tudo.

Ele assoprou as velinhas e com a ajuda de Amanda, cortou o primeiro pedaço de bolo.

— Meu primeiro pedaço de bolo vai pra...mamãe e dinda! — Miguel falou, e meus olhos se encheram de lágrimas no mesmo instante.

Olhei pra André, que sorria, e me surpreendi ao perceber que os olhos deles também estavam marejados.

— Vai lá, princesa — ele disse, enquanto eu ia até a frente do painel receber meu pedaço de bolo.

Amanda me abraçou com força, enquanto comemos ao mesmo tempo a fatia.

— Te amo, prima. Sem você eu não teria conseguido — ela sussurra, no momento nos abraçávamos.

— Amo você, obrigada por ter me dado o Miguel — respondo emocionada.

Tiramos mais algumas fotos e depois cada um foi pro seu lugar esperar seu pedaço de bolo.
Eu e André dividamos o nosso, já que ele insistia em querer comer tudo que era meu.

— O seu é mais gostoso, gata — respondeu quando o encarei para que parasse de roubar meu bolo.

A festa seguiu mas alguns convidados já estavam indo embora, em maioria crianças, que já estavam cansadas.

Teve dinâmica com os palhaços, torta na cara, danças das cadeiras e quando a noite chegou, estava todo mundo exausto, inclusive a gente.

O pai do Miguel foi útil em ajudar a levar os presentes dele pra nossa casa na moto, enquanto eu, André, Amanda, Júnior, May e minha mãe organizávamos os detalhes na casa de eventos pra entregar pra locadora no dia seguinte.

Miguel já tinha capotado no colo da minha mãe e Mayara ainda comia, sentada em uma das mesas.

Foram necessárias duas viagens pra levar todos os brinquedos do Miguelzinho pra nossa casa, graças a Deus ficava bem pertinho!

Assim que chegamos me joguei exausta no sofá, enquanto minha mãe foi deixar o Miguel no quarto dele.

André se sentou ao meu lado, passando os braços ao meu redor.

— Vamo lá tomar um banho, porquinha — ele disse cheirando meu pescoço e mordiscando de leve. Sorri pro loiro que me puxou em direção ao meu quarto.

ENFEITIÇADO Onde histórias criam vida. Descubra agora