| taína gonçalves fernandes |
Acordei com o rosto inchado. Olhei para a cabeceira da minha cama e voltei a chorar.
André tinha ido dormir na casa do pai, me deixou aqui para que eu "pensasse na minha vida".
Mas não consegui fazer nada além de chorar.
Chorar de arrependimento, de incerteza, de dúvida.Me distrai com a batida da porta, era minha mãe. Ao vê-la preocupada comigo, minha vontade de chorar aumenta novamente.
— Oi, meu amor. Trouxe um chazinho pra você — ela diz, me entregando uma xícara quente — Amanda já saiu, foi recepcionar a nova funcionária de vocês — ela diz e eu assinto.
— Obrigada mamãe —
— E essa sua carinha tem a ver com o André ter saído daqui ontem a noite? — minha mãe pergunta em voz baixa, enquanto limpava uma lágrima que escorria do meu rosto — O que aconteceu, minha filha? —
Peguei a caixa da aliança em cima da cabeceira e mostrei pra minha mãe.
— Isso, isso aconteceu — abro a caixa e minha mãe fica chocada — Ele me pediu em namoro. Disse que quer que eu vá pra São Paulo com ele, que quer que eu conheça a vida dele, as coisas dele... — começo e o rosto da minha mãe se confunde.
— Mas minha filha, isso não é bom? — ela pergunta e eu dou de ombros negando com a cabeça — Eu achei que você gostasse do rapaz —
— Eu gosto mãe, gosto demais até — respondo — Mas não posso correr esse risco. Imagina isso, vou pra São Paulo com o cara, não tenho ninguém lá além dele, ele faz uma merda, como os homens geralmente fazem, e eu volto como? Eu fico como? —
— Você acha realmente que o André te deixaria desamparada caso vocês brigassem, ou terminassem, ou qualquer coisa assim em São Paulo? — minha mãe pergunta — Minha filha, é o André —
— Eu sei que é ele. Mas ele no fundo, é um homem. Assim como meu pai era, como pai do Miguel. Não quero sofrer do mesmo jeito que vocês sofreram, prometi pra mim mesma que não passaria por isso —
— Você ama esse rapaz, Tainá? — minha mãe me perguntou, parecendo ignorar tudo que eu havia dito. Eu assenti em resposta e então ela falou — Pois bem, amar é correr riscos. Não me arrependo de ter corrido esse risco com seu pai. Eu sofri, mas eu amei. Nenhum amor é em vão. E do que adianta minha filha, viver com o coração blindado, e não viver nada? — quando minha mãe termina de falar eu já estava aos prantos.
— Só não quero que ele me machuque, mamãe — agora eu parecia uma menininha, nos braços da minha mãe, ela academia meus cabelos, tal qual fazia quando eu era criança — Que horas são? — pergunto desesperada, de repente.
— Deve ser quase nove agora. Eu e Amanda deixamos você dormir até mais tarde — minha mãe responde eu levanto num sobressalto.
— Merda. O André já deve ter ido pra Alfenas. Essa viagem dele tá me deixando tão angustiada mãe. Você sabe como eu sou pra essas coisas. — digo pegando meu celular, indo até minha conversa com ele.
Mando algumas mensagens mas ele não recebe nenhuma, então pego umas roupas e começo a me trocar.— Aonde você vai, minha filha? —
— Pra casa dos Lacerda. Não vou conseguir ficar aqui, mãe — digo pegando minha bolsa de ombro e começando a pedir um uber no meu celular.
———
|| WhatsApp On ||
Taína
Precisamos te dizer
Não queríamos te preocupar nem nada
Mas
É importante que você saiba
Perdemos o rastreamento do helicóptero do André
Já era pra ele ter pousado em Alfenas mas nem sinal
Não temos certeza se é um acidente ou só um atraso de pouso
O pai dos meninos já acionou todas as equipes de busca possíveis
Não se desespera
Os meninos já tão desesperados aqui
Não sei oq rolou entre vcs ontem
Mas tem calma
Quer q eu mande um uber ai te buscar pra você vir aqui?Mayara EU SABIA QUE IA ACONTECER ALGUMA MERDA
tava sentindo
to dentro do uber já
indo pra aíIsso
Vem mesmo
Melhor pra conversamos caso aconteça algo|| WhatsApp Off ||
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ENFEITIÇADO
Romance|16+| André decide ir para fazenda do pai na esperança de esvaziar a cabeça dos problemas da cidade, só não imagina que iria sair enfeitiçado pela beleza de Taína.