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| taína gonçalves fernandes |

Olha que linda que ficou essa! — Larissa diz apontando pra tela do notebook, onde uma das minhas fotos usando uma pesa de sua coleção de roupas estava.

— Amei todas, Lari — respondi com brilho nos olhos, amava aquilo. Amava moda, amava esse mundo. — Você tem confecção própria? — pergunto e ela assente.

— Sim! A parte mais complicada é achar canais de venda. Antes eu acho importante saber se a loja tem a ver com o perfil da marca, se combina com o público — ela diz e uma lâmpada de acende na minha cabeça.

— Eu acho que as clientes da closet iam ficar alucinadas com essa coleção — jogo um verde, e os olhos de Larissa brilham.

— Fala sério, Taí! Amo a sua loja — ela diz e eu sorrio — Ia ser incrível ter minhas peças vendidas lá — continua.

— Vamos conversar direitinho. Minha sócia com certeza vai adorar a ideia — digo, me referindo a Amanda, que com certeza ia ficar em empolgada quanto eu com a nova fornecedora em potencial.

É exatamente o que procurávamos, algo brasileiro mas ainda sim sofisticado.

— As meninas já estão no barzinho. Vamos? — Larissa disse se levantando da cadeira de escritório e sendo seguida por mim.

Entramos no carro dela e não muito tempo depois já estávamos no pub. Era um espaço bem aconchegante que tocava um pagode no fundo.

Quando nos aproximamos da mesa fui capaz de ver Marcele e outra menina que eu não conhecia.

— Oi, Taí! — ela diz ao me ver — Essa é a Carolzinha, amiga nossa também — me apresenta a morena, que que tinha um longo cabelo cacheado muito lindo.

— Oi meninas — sorri cumprimentando as duas.

Fiquei aliviada da tal da Victoria não estar lá, e sem aquele clima de festa e bebida consegui conhecer mais as meninas.

Precisava exatamente daquilo, sair um pouco de casa.
Sempre fui livre, sempre estive no total controle da minha vida. Na última semana, infurnada naquele apê eu esqueci um pouco disso.

Enquanto eu as meninas dançávamos e virávamos alguns shots de tequila, não percebemos a presença de outras pessoas chegando na nossa mesa.

— Marcele, Larissa. Esqueceram de chamar a gente? — aquela voz eu conhecia.

Me virei dando de cara com a Sarah e a Victoria.
Tinha que admitir, a bixa era bonita.

Os cabelos ruivos caindo até a cintura, exatamente como no dia que ela causou uma das minhas maiores brigas com o André.

— Ah. Oi meninas. Na verdade foi mega de última hora, mas podem sentar aí se quiserem — Larissa respondeu, sem graça, olhando pra mim quase como quem pede desculpas.

Não baixei a cabeça enquanto ela se sentou na nossa mesa, ao meu lado.
Sorri sem humor, virando mais um gole do meu gin tropical, na esperança de que ele me ajudasse a encarar aquela situação.

———
Horas mais tarde, já depois de alguns copos de gin eu estava morrendo de vontade fazer xixi.

Levantei de mesa e segui as placas até chegar no banheiro do bar, adentrando em uma das cabines.

Enquanto fazia meu xixi, ouvi a porta da frente se abrir.
Duas vozes conhecidas falavam.

— Até que ela é bonitinha mesmo — era tal da Victoria.

— Isso é — Sarah respondeu e eu atentei meus ouvidos. Era só o que me faltava mesmo, virar assunto de piranha em banheiro de bar — Mas o André não engana ninguém. Todo mundo sabe que ele só ta usando a menininha do interior como vingança, uma hora ele vai voltar comigo. Somos do mesmo mundo — ela diz, e meu corpo inteiro gela.

— Não acha que ele já foi longe demais trazendo a garota até aqui? — a outra pergunta.

— Isso não importa. Uma hora ou outra ele vai cansar desse joguinho, e quando isso acontecer eu vou sentir pena da garotinha tendo que voltar pro interiorzinho dela — a ruiva responde debochadamente.

Sempre achei feio demais essa coisa de bater em mulher, mas puta que pariu, minha vontade era arrancar o aplique da vagabunda com a mão.

No entanto, quando se tratava de sentimento, eu virava uma menina, sentindo as lágrimas virem.

Nunca me envolvia, nunca me deixava levar por que eu sabia o quanto isso me deixava vulnerável.
E agora olha pra mim, sem conseguir nem sair da cabine do banheiro pra me defender, lutando contra as lágrimas insistentes.

Eu amava o André, mas era impossível não ouvir aquelas palavras e não ficar insegura.
A Sarah estava certa, eles eram do mesmo mundo. Ela o conhecia muito antes de mim, sabia coisas dele que eu provavelmente não sabia, e eu não queria admitir o quanto isso me deixava mal.

Enxuguei uma lágrima que instituiu em cair enquanto ouvi as duas deixando o banheiro, me deixando sozinha lá com meus pensamentos.

Tudo que eu queria naquele momento era um abraço apertado de Amanda, um cheiro da Mayara ou um chá da minha mãe. Mas eu ia ter que lidar com isso sozinha.

Levantei do vaso sanitário e sai da cabine, indo até o espelho.
Arrumei minha maquiagem como pude e caminhei em direção ao bar.

———-

Meu amorC ta onde???

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Meu amor
C ta onde???

Oie
Saí agora daq de onde foi a sessão de fotos
Estamos indo p um barzinho
Lounge 6

Ok linda
Vai chegar q horas em casa?

Taí?

Amor?

C ta bebendo, Taína?

Pô vida, responde

Mano

To indo aí buscar vc

To indo aí buscar vc

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