ENFEITIÇADO

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| taína gonçalves fernandes |

Ainda estava sem acreditar no que André tinha feito.
Ele me ajudou a organizar e configurar o aparelho, e até comprou uma capinha.

Nunca fui acostumada a ser cuidada, nunca deixei que ninguém se aproximasse o bastante pra isso. E agora um cara que eu nem sabia o que tinha comigo tinha ido lá e comprado um celular pra mim?
Sei que pra ele não parece grande coisa, mas pra mim é muita!

Aceitei o "presente" porque sabia que ele ia ficar mal se eu recusasse, e não queria estragar o clima de love que estávamos na viagem, mas quando voltasse pro interior queria achar um jeito de pagar ele, nem que fosse parcelado.

Estava sentada no colo do loiro na área externa.
Júnior cuidava da churrasqueira e fazíamos uma baguncinha pra aproveitar a hospedagem na pousada.

— Achei um microfone — Lucas disse e todos comemorando.

Já queríamos organizar um karaokê a um tempinho, pela resenha.
Ele deu um gole na long neck e conectou o microfone na caixa de som, colocando o vídeo playback de "Evidências".

Rimos muito e cantamos juntos com ele, já meio ligados da cerveja.
O sol começou a se por e fazíamos revezamento com o microfone.

— Vou cantar, vai — André diz se levantando do meu lado e pegando o microfone de Mayara. Todo mundo comemorou, ele e o irmão eram os únicos que não haviam cantado.
Esperamos ansiosos enquanto ele escolhia a música e eu comecei a sorrir quando a melodia de "Pra Sempre Com Você" do Jorge e Mateus começou a tocar.

— Olha ai a serenata, Tainázinha — Lucas brincou animado enquanto André começava a cantar.

—"A gente se conheceu, a pouco tempo. Mas a gente já está falando em casamento, tô correndo um risco sério de viver pra sempre, com você" — o loiro cantava com um microfone em uma mão e uma garrafa de cerveja na outra. Fazíamos um coro juntos por que a música era uma boa. — "Entre um e um milhão nasce um Adão e Eva, um Romeu em julieta meio a tantas guerras. Mas quando se vale o amor supera" — continuo, os olhos azuis me encarando.

Gargalhei alto quando ele deixou a garrafa de cerveja sobre a mesinha de centro e me puxou pelo braço pra cantar com ele.

— Vem, Tainázinha — ele sussurrou me abraçando de lado de modo que pudéssemos compartilhar o microfone.

— "Se você me pedir, pra ficar, pra sempre com você. Nem vou pensar duas vezes pra te responder, cê sabe que eu vou! Vou. Vou. Pego minhas coisas e vouuu! Ficar pra sempre sempre com você" — cantamos em uníssono, olhando um para o outro.
Eu prestava atenção em Mayara nos gravando com um sorriso no rosto, feliz por nós.

Na pausa do refrão o loiro me abraçou apertado e sussurrou no meu ouvido de modo que só nós dois pudéssemos ouvir.
— Cê vem, Tainá? —
Até me arrepiei. Passando as mãos em volta do ombro dele e assentindo, em resposta.
— Vou, playboyzinho —

Nem sabia em que estava concordando, mas pela primeira vez na vida não quis planejar, só viver aquilo.

Como resolveríamos a nossa situação era um problema pro André e pra Tainá do futuro.

Quando a música acabou eu e o loiro voltamos a nos sentar e a galera continuou lá cantando.

Me levantei enquanto André fumava um paiero e fui montar um pratinho pra mim e pra ele.
Coloquei um pouquinho de carne, toscana e queijo. Adicionei também o arroz e a farofa que eu e Amanda tínhamos improvisado mais cedo.